Acumulação, Risco e Sobrevivência na Economia Informal: os candongueiros de Luanda

Autores

  • Carlos M. Lopes Centro de Estudos Africanos, ISCTE, Lisboa

Palavras-chave:

Economia informal, Transporte urbano, Mobilidade social, Luanda, Angola

Resumo

Nos últimos 25 anos ocorreram mudanças significativas na paisagem urbana de Luanda, em resultado do conflito militar prolongado e das transformações políticas e económicas. A oferta formal de transporte urbano declinou e permitiu a emergência e o crescimento acelerado do transporte não oficial por meio de minibuses. Este processo de mudança deu origem ao aparecimento de novos actores, de novas formas de exploração e organização da actividade, de novas formas de contratos de emprego, de novas formas de organização social. Este artigo explora a natureza emergente da indústria de táxis‑minibus em Luanda.

É intenção deste texto suscitar algumas reflexões sobre o contributo desta actividade para a satisfação das necessidades de mobilidade da população de Luanda, para gerar ocupação e rendimentos para as famílias e para possibilitar a integração profissional e social de um elevado número de cidadãos luandenses. Um outro objectivo é a identificação dos actores envolvidos, das relações existentes, bem como dos padrões das actividades laborais. Este texto descreve e caracteriza os processos de transformação acima mencionados, baseando‑se numa recensão bibliográfica, na observação directa e na informação recolhida no terreno entre Setembro de 2003 e Agosto de 2004. A observação directa sistemática, realizada com recurso a mais de cinco dezenas de viagens em percursos (rotas) longos e curtos, constituiu uma outra importante fonte de informação. Os resultados baseiam‑se também na análise documental e numa série de entrevistas aprofundadas realizadas com actores institucionais e com os operadores envolvidos directamente na actividade (condutores, proprietários, cobradores, angariadores e passageiros).

Referências

Barrev, R. (1993), The Role of the World Bank in the Development of Urban Transport in Sub‑Saharan Africa, SSATP Working Paper, 01, Washington.

Barrev, J. (2003), Organizing in the Informal Economy: A Case Study of the Minibus Taxi Industry in South Africa, Genebra, ILO.

Capecchi, V. (1989), «The informal economy and the development of flexible specialization in Emília‑Romagna», A., Portes, M. Castells e L. Benton (eds.), The Informal Economy: Studies in Advanced and Less Developed Countries, Londres, The Johns Hopkins University Press.

Diaz, L., e Plat, D. (2002), «M comme mobilité ou les déplacements urbains au quotidian», X. Godard (ed.), Les transports et la ville en Afrique au sud du Sahara, Paris, Karthala.

Dowling, G., e Staelin, R. (1994), «A model of perceived risk and intended risk‑handling activity», Journal of Consumer Research, 21, pp. 119‑134.

Fauré, Y., e Labazée, P. (dir.) (2002), Socio‑économie des villes africaines: Bobo et Korhogo dans les défis de la décentralisation, Paris, Karthala.

Godard, X. (dir.) (2002), Les Transports et la ville en Afrique au sud du Sahara, Paris, Karthala.

Godard, X. (1994), Les transports dans les villes du Sud, Paris, Karthala.

Grieco, M., Apt, N., e Turner, J. (1996), At Christmas and on Rainy Days: Transport, Travel and the Female Traders of Accra, Avebury, Aldershot.

Jalloh, A. (1999), African Entrepreneurship: Muslim Fula Merchants in Sierra Leone, Center for International Studies, Ohio, Ohio University.

KPMG/Ministério do Plano (2003), Perfil Sócio‑económico da Província de Luanda, Luanda, Ministério do Plano.

Leonard, M. (2000), «Coping strategies in developed and developing societies: the workings of the informal economy», Journal of International Development, 12, pp. 1069‑1085.

DOI : 10.1002/jid.696

Lopes, C. M. (2005), «From maximbombos (buses) to candongueiros (minibuses) and kupapatas (táxi‑bikes): the evolution of the passenger road transport in Luanda and in Huambo (1975‑2000)», Comunicação apresentada na conferência AEGIS, 29 Junho‑2 Julho, Londres.

Ribas, Óscar (1997), Dicionário de Regionalismos Angolanos, Contemporânea Editora, Matosinhos.

Roberts, B. (1994), «Informal economy and family strategies», International Journal of Urban and Regional Research, 18 (1), pp. 7‑23.

Solomon, M., et al. (1999), Consumer Behaviour: a European Perspective, Londres, Prentice Hall.

Wallace, C. (2002), «Household strategies: their conceptual relevance and analytical scope in social research», Sociology, 36 (2), pp. 275‑292.

DOI : 10.1177/0038038502036002003

Wilhelm, L. (1997), «Transport and inter‑market supplies in African cities», comunicação apresentada no seminário FAO‑ISRA, «Food supply and distribution in francophone African cities», 14‑17 de Abril, Dakar.

World Bank (2000a), Étude régionale sur l’organisation, le financement et la rentabilité des micro‑entreprises de transport collectif en Afrique sub‑saharienne. Série 1: le cas des gabkas à Abidjan, Washington, SITRASS.

World Bank (2000b), Étude régionale sur l’organisation, le financement et la rentabilité des micro‑entreprises de transport collectif en Afrique sub‑saharienne. Tome II: le cas de Bamako, Washington, SITRASS.

World Bank (2000c), Étude régionale sur l’organisation, le financement et la rentabilité des micro‑entreprises de transport collectif en Afrique sub‑saharienne. Tome III: le cas de Nairobi, Washington, SITRASS.

World Bank (2001), Rentabilité et financement des micro‑entreprises de transport collectif en Afrique sub‑saharienne. Synthèse de l´étude regionale sur Abidjan, Bamako, Harare et Nairobi, Washington, SITRASS.

World Bank (2002), Scoping Study – Urban Mobility in Three Cities: Adis Abbaba, Dar es Sallam, Nairobi, SSATP Working Paper, 70, Washington, World Bank/ECA.

Downloads

Publicado

2016-02-19