O Papel do Stress Oxidativo no Envelhecimento e na Demência

Autores

  • Joana Teixeira Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa
  • Marcelo Feio Serviço de Psiquiatria, Hospital de Santa Maria, CHLN
  • Maria Luísa Figueira Serviço de Psiquiatria, Hospital de Santa Maria, CHLN e Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

DOI:

https://doi.org/10.25752/psi.6313

Palavras-chave:

Stress Oxidativo, Envelhecimento, Demência, Patogénese

Resumo

Introdução: O envelhecimento biológico é um processo fisiológico normal, não patológico, sendo a teoria do envelhecimento pelo stress oxidativo, uma das mais aceites para explicar o envelhecimento postulando que o stress oxidativo conduz a mutações no DNA mitocondrial responsáveis pelas alterações na senescência. As demências são doenças neurodegenerativas cujo principal factor de risco para o seu aparecimento é o envelhecimento. Apesar de ainda não se conhecerem os mecanismos exactos de lesão neuronal subjacentes às doenças neurodegenerativas em geral e às demências em particular, os dados mais recentes sugerem o envolvimento do stress oxidativo e da dinâmica mitocondrial no processo.

Objectivos: Fazer uma revisão da literatura sobre o papel do stress oxidativo na patogénese do envelhecimento e da demência.

Métodos: Revisão não sistemática da literatura através da pesquisa em referências bibliográficas consideradas relevantes pelos autores suplementada por artigos obtidos através de pesquisa na base de dados Medline/Pubmed utilizando combinações das seguintes palavras-chave:  “oxidative  stress”,  “dementia”, “aging”  e “pathogenesis”, publicados entre 1950 e 2013. Foram também consultadas referências bibliográficas dos artigos obtidos e livros consultados.

Resultados: Nos últimos 5 anos têm sido conduzidas novas investigações sobre a relação entre stress oxidativo e envelhecimento. Uma das hipóteses consideradas actualmente é que, durante o envelhecimento, a regulação homeostática da biogénese, dinâmica e turnover por autofagia deixa de conseguir manter eficazmente o funcionamento das mitocôndrias, resultando na senescência celular. Consequentemente, a lesão oxidativa pode ultrapassar um limiar crucial acima do qual a apoptose é desencadeada, levando a alterações substanciais na morfologia mitocondrial e à morte celular  irreversível.  Relativamente  às demências, os dados mais recentes têm vindo a demonstrar de forma consistente a presença de níveis aumentados de stress oxidativo nas regiões cerebrais afectadas pela doença bem como a existência de disfunção na dinâmica e na morfologia das mitocôndrias, tal como ocorre no envelhecimento.

Conclusões: Os dados mais recentes sugerem o envolvimento do stress oxidativo e da dinâmica mitocondrial no processo do envelhecimento e na demência, de forma directa ou indirecta, o que poderá vir a influenciar o modelo actual da fisiopatologia das demências bem como alargar as possibilidades de intervenção terapêutica no futuro.

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Publicado

2014-06-01

Edição

Secção

Artigos de Revisão