RCO-5 Relação entre as condições dos estágios clínicos e o desempenho académico dos estudantes de medicina

Resumo

Introdução e Objectivos:

Embora se considere que a aprendizagem em meio clínico é crucial para a aquisição de competências enquanto futuros médicos, o nosso conhecimento sobre o processo de aprendizagem é limitado (1,2). Efetivamente, para além de uma incompleta compreensão sobre as variáveis que influenciam o processo educativo, existe uma enorme variação entre os estudantes e a sua experiência (3), pelo que a investigação sobre o ambiente em que se realiza essa aprendizagem é crucial para a contínua melhoria da experiência educativa. Com este estudo, pretende-se explorar a influência do género, do local e do momento de realização do estágio clínico com o desempenho académico dos estudantes de medicina. 

Materiais e Métodos:

Este estudo analisou dados de três anos consecutivos do 4º Ano do Mestrado Integrado em Medicina (MIM) e os Blocos Clínicos de Gastroenterologia, Cardiologia, Pneumologia, Endocrinologia e Urologia (n=448). De forma a avaliar o desempenho académico do estudante foram recolhidos os resultados dos testes de escolha múltipla realizados no final de cada estágio clínico. Foi analisado o desempenho dos estudantes e a sua relação com o género, o local e o momento de realização de estágio. A amostra foi caracterizada recorrendo a estatística descritiva (média e frequências) e para estabelecer a relação entre o desempenho académico e as variáveis foram usados testes paramétricos (t-test e ANOVA) e não paramétricos (Mann Whitney e Kruskal-Wallis). Considerou-se um nível de significância de 5% (p < 0,05). 

Resultados e discussão:

Os resultados deste estudo sugerem que o local e o género não influenciam o desempenho académico, no entanto, verifica-se uma tendência de melhores resultados em estudantes do género feminino. Relativamente ao momento da realização do estágio, verificou-se uma diferença estatisticamente significativa no desempenho académico em 4 dos 5 Blocos Clínicos e uma tendência para melhores resultados quando o estágio decorre no 3º trimestre. Isto poderá dever-se à aquisição e integração de conhecimentos ao longo do ano ou devido à forma como os exames são desenvolvidos. 

Conclusão:

Neste estudo, conclui-se que das três variáveis apenas a Rotação Clínica parece influenciar o desempenho académico. De forma a melhorar a experiência educativa, deveremos realizar uma análise compreensiva sobre a qualidade dos estágios clínicos. Desta forma, as Escolas Médicas poderão implementar medidas que melhorem a qualidade dos estágios e que aumentem a equidade entre as experiências dos estudantes. Em estudos futuros seria relevante explorar a influência de outras variáveis, nomeadamente o rácio estudante-tutor e o impacto dos estágios clínicos noutras formas de avaliação.