RP-7 MUDANÇA DE PARADIGMA: TRABALHO DE EQUIPA PARA ALÉM DA EXCELÊNCIA INDIVIDUAL
DOI:
https://doi.org/10.25751/rspa.27435Palavras-chave:
.Resumo
Introdução e objetivos
Nos últimos anos, a simulação como meio de ensino tem ganho destaque em Medicina. Contudo, o ensino médico tem privilegiado a aquisição de conhecimentos e competências individuais, desvalorizando o desenvolvimento de competências de trabalho em equipa. Sendo a maioria dos erros cometidos em Medicina devido ao fator humano, ou seja, às competências não técnicas, pretendemos estudar o impacto que o treino em ambiente de simulação dessas competências tem no trabalho de equipa em contexto pré-graduado. Concretamente, pretendeu-se avaliar se alunos de Medicina conseguem adquirir e reter competências de trabalho de equipa na avaliação e reanimação inicial em ambiente simulado de vítimas de trauma grave.
Metodologia
População de estudo composta por 23 participantes, alunos pré-graduados do 5º ano de Medicina que ingressaram na cadeira opcional “Trauma, Emergência e Catástrofe”, divididos em equipas de quatro elementos (Figura 1). Foram simulados e registados em vídeo vinte momentos de trabalho de equipa de avaliação e reanimação inicial de doentes traumatizados graves, em três momentos distintos: antes de treino prático, no final do semestre e 6 meses após o último treino prático. Foi realizada uma avaliação com ocultação do momento da gravação, por dois observadores independentes, aplicando-se a Trauma Team Performance Observation Tool (TPOT).
Adicionalmente, os participantes responderam ao questionário Team STEPPS (Teamwork Attitudes Questionnaire - T-TAQ), que permite avaliar as atitudes individuais relativamente às competências não técnicas, e perceber se o treino dessas competências resultou numa mudança de atitudes.
Análise estatística com um valor de significância definido de 0,05.
Resultados
Os dois observadores independentes avaliaram as vinte gravações com um nível de concordância moderado (Kappa = 0.52, p < 0.001).
Foi verificada uma melhoria estatisticamente significativa na abordagem global da equipa, comprovada pelos scores do TPOT (p < 0.005), que logo de início mostrou um score elevado (score de 4,25 numa escala de 0 a 5). Confirmou-se a retenção das competências de trabalho de equipa 6 meses após o último treino (score de 4,5 numa escala de 0 a 5) (Figura 2). No questionário T-TAQ, os participantes demonstraram um aumento significativo da auto-perceção no grupo de competências não técnicas “Mutual Support” (p <0.05).
Conclusões
Neste estudo a incorporação a educação e treino de competências não técnicas no ensino pré-graduado médico produziu uma melhoria mantida da performance da equipa, na abordagem ao doente de trauma em ambiente simulado. A importância do trabalho de equipa deve ser valorizada em contexto pré-graduado, devendo ser promovido o treino de competências não técnicas em contexto de emergência nos planos curriculares tronculares.
Figura 1 – Demonstração do método utilizado para os momentos de simulação.
Figura 2 – Resultados obtidos após avaliação dos Scores da Escala TPOT, nos 3 momentos de avaliação diferentes.
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