RP-8 APTIDÕES COGNITIVAS COMO FATOR PREDITOR NO PERCURSO ACADÉMICO EM MEDICINA: O CASO DA FMCB DA UAlg
DOI:
https://doi.org/10.25751/rspa.27436Palavras-chave:
.Resumo
Introdução: Os processos de seleção utilizados no acesso ao curso de medicina são um assunto em constante debate, pelo número crescente de candidatos e pela necessidade identificada de valorizar atributos cognitivos e pessoais considerados essenciais para o desempenho excecional da profissão médica.1,2 Uma das formas para o conseguir, passa pela aplicação de provas de aptidão cognitiva que pretendem avaliar os raciocínios abstrato, numérico e verbal. Contudo, o seu uso ainda é controverso, uma vez que não mostraram validade preditiva convincente sobre o desempenho académico.3 Assim sendo, torna-se importante perceber qual a magnitude que esta prova tem como preditor do desempenho dos estudantes de medicina da Universidade do Algarve, e se existem perfis cognitivos que levem a resultados académicos de sucesso.
Objetivos: Caraterizar as coortes de estudantes e identificar perfis com base no resultado das provas de aptidões cognitivas.
Metodologia: A amostra tem 234 estudantes, que ingressaram no curso de medicina entre os anos de 2009 e 2015. Inicialmente, todas as coortes foram caraterizadas pelas variáveis sociodemográficas, de seleção e académicas, e comparadas entre si. Depois, foram criados clusters homogéneos com base nos resultados dos raciocínios da prova de aptidões cognitivas, com o interesse de identificar perfis que pudessem ser preditores de maior sucesso académico. Estatisticamente, utilizaram-se testes de associação bivariada (teste de Qui-quadrado e de comparação de médias) e multivariada (K-Means Cluster), para efeitos de caraterização e comparação das coortes, assim como para definir perfis cognitivos de estudantes.
Resultados: As coortes de 2010 e 2012 tiveram melhores resultados na prova de aptidões cognitivas (p<0,001), encontrando-se nas mesmas os estudantes com as médias de idade mais elevada (28,4±4,7 e 29,6±4,0; p=0,008) e com maior percentagem de experiência profissional prévia (96,7% a 100%; p<0,001). Também nestas coortes se inclui aquela que tem maior percentagem de repetentes nas GMA (62,1%; p<0,001). As coortes a partir de 2012, foram as que apresentaram melhores prestações nas unidades curriculares em estudo (0,009≤p<0,001) e, consequentemente, melhor média de final de curso e também o melhor resultado no exame de acesso à especialidade (p=0,036). A análise por clusters comprova estes mesmos resultados.
Conclusão: Ao longo dos anos, não só se tem verificado uma mudança no perfil cognitivo dos estudantes, como também no seu desempenho académico, mas em sentido contrário.
Downloads
Referências
Referências:
Adam J, Bore M, Childs R, Dunn J, Mckendree J, Munro D, Powis D. (2015). Predictor of professional behaviour and academic outcomes in a UK medical school: A longitudinal cohort study. Medical Teacher, 37: 868-880.
Tiffin P, Mwandigha L, Paton L, Hesselgreaves H, McLachlan J, Finn G, Kasim A. (2016). Predictive validity of the UKCAT for medical school undergraduate performance: a national prospective cohort study. BMC Medicine, 14: 140.
Koczwara A, Patterson F, Zibarras LD., Kerrin M, Irish B, Wilkinson M. (2012). Evaluating cognitive ability, knowledge tests and situational judgement tests for postgraduate selection. Medical Education, 46(4): 399-408.
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2022 Mariana Ferreira, Ana Marreiros

Este trabalho encontra-se publicado com a Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0.
Os artigos estão livremente disponíveis para serem lidos, descarregados e partilhados a partir do momento da sua publicação.
A RSPA reserva-se o direito de comercialização do artigo enquanto parte integrante da revista (na elaboração de separatas, por exemplo). O autor deverá acompanhar a carta de submissão com a declaração de cedência de direitos de autor para fins comerciais.
Relativamente à utilização por terceiros a Revista da SPA rege-se pelos termos da licença Creative Commons “Atribuição – uso Não-Comercial (CC BY-NC).
Após publicação na RSPA, os autores ficam autorizados a disponibilizar os seus artigos em repositórios das suas instituições de origem, desde que mencionem sempre onde foram publicados.