Arte e cultura, hegemonia e resistência: uma leitura comparada de diferentes territórios de Lisboa

Autores

  • Ana Estevens Centro de Estudos Geográficos e Laboratório Associado Terra, IGOT-UL, Portugal, anaestevens@campus.ul.pt https://orcid.org/0000-0001-8594-3873
  • André Carmo Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais (CICS.NOVA)

Resumo

Neste artigo, colocamos em destaque a importância da arte e da cultura enquanto elementos de transformação da cidade contemporânea. Adotando uma perspetiva urbana crítica, desenvolvemos trabalho de campo etnográfico entre 2018 e 2019, tendo como ponto de partida as ambivalências da arte e da cultura na transformação dos territórios. Olhamos para três territórios de Lisboa onde a relação entre a cidade e as artes se destaca: o Intendente, enquanto caso de referência de políticas públicas que transformaram um espaço decadente num espaço da moda; Marvila, enquanto antigo espaço industrial que tem passado por importantes mudanças; e a Colina de Santana, enquanto espaço projetado para o futuro, onde o património edificado, estruturas e eventos culturais e artísticos alavancam o processo de transformação. As evidências sugerem que Lisboa tem replicado o modelo urbano neoliberal predominante. Para além disso, a dinâmica social de resistência, apesar de ténue e, muitas vezes, impotente para alterar as dinâmicas hegemónicas, é uma importante força nos territórios. Os três casos apresentados permitem compreender o sentido da mudança socioterritorial, ficando clara a importância da presença de património edificado classificado, estruturas e eventos artísticos e culturais na valorização dos espaços, fomentando a sua mercantilização e contribuindo para a competitividade urbana.

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Publicado

2023-07-13

Edição

Secção

Dossier