Morte e vida na colônia: o problema do suicídio entre os colonos alemães do sul do Brasil
Resumo
Este artigo analisa o problema do suicídio nas colônias alemãs do Sul do Brasil. Trata da relação entre a casa, enquanto um compósito moral e relacional, e o fenômeno do suicídio. Para tanto, a etnografia trata das colônias do Sul do Brasil, região de serras e encostas que há século e meio é habitada por moradores de origem alemã e que apresenta, ano após ano, um número considerado de casos de suicídio. Tratando-se de um problema que vem se tornando central na agenda das políticas de saúde em âmbito nacional e internacional, transitaremos enquadramentos discursivos distintos. Em primeiro lugar, o da casa, enquanto expressão do cotidiano de moradores, propriamente de sua vida moral. Em segundo lugar, o do discurso médico e psicossocial, que entende o suicídio como expressão por excelência de uma desorganização psicossocial. Aposta-se que, entendido em sua perspectiva relacional, o suicídio compõe a lógica da casa, especialmente relacionado a uma vida moral calcada na dor (em sua narrativa, memória partilhada e superação), ainda que seja seu limite categorial, seu esgotamento, mas não sua “desorganização”.