Estrangeiros universais: a “viragem ontológica” considerada de uma perspetiva fenomenológica
Palavras-chave:
viragem ontológica, fenomenologia, hermenêutica filosóficaResumo
Este artigo questiona a consistência, razoabilidade e fecundidade das propostas metodológicas e conceção de conhecimento antropológico da “viragem ontológica” em antropologia. Tomando como ponto de partida o livro-manifesto produzido por Martin Holbraad e Morten Pedersen, procuro mostrar que a viragem ontológica permanece vinculada a pressupostos problemáticos que a disciplina frequentemente opta por não contemplar criticamente e que não resistem à máxima pragmática. Argumento que a viragem ontológica como dispositivo metodológico não traz a transformação efetiva e consequente dos modos de investigação antropológica que geneticamente procura, e que, se essa transformação for tomada como objetivo, há que percorrer caminhos abertos pela fenomenologia e hermenêutica de Martin Heidegger e Hans-Georg Gadamer, que os seus autores evitam.