Finisterra , L XI ( 129 ), 202 5 , e35377 ISSN: 0430 - 5027 doi: 10.18055/Finis35377 Artigo Published under the terms and conditions of an Attribution - NonCommercial - NoDerivatives 4.0 International license. HABITAÇÃO SOCIAL ENQUANTO ESPAÇO DE EMPODERAMENTO COMUNITÁRIO: UMA ABORDAGEM A DOIS BAIRROS SOCIAIS NO NORTE DE PORTUGAL C ÁTIA S AMPAIO 1 M ARISA R. F ERREIRA 2 A NA B ORGES 2 RESUMO A intervenção comunitária é um pilar fundamental da integração social da população vulnerável , permitindo a capacitação e o empoderamento , facultando as ferramentas para a promoção da melhoria da qualidade de vida . Neste sentido, a literatura destaca que os maiores índices de integração social se referem às pessoas participantes nas dinâmicas do bairro. O artigo apresentado , com uma metodologia mista, analisa dados de 90 inquéritos por questionário e oito entrevista s a participantes e não participantes em atividades sócio ocupacionais em bairros sociais de Guimarães e Fafe, que permitem compreender a perceção dos moradores em relação intervenção s o ciocupacional , a influência do espaço bairro e as interações sociai s para que esta intervenção apresente resultados de sucesso. Os o bjetivos deste artigo são : conhecer e avaliar a perce o dos moradores em rela o ao espa o bairro, a sua identidade social e cultural; compreender a influ ncia do processo de integra o e o n vel de participa o nas din micas do bairro e conhecer as vantagens, o impacto, os benef cios e barreiras de uma interven o comunit ria s cio ocupacional para a coes o social do pr prio bairro . Pretende - se compreender e aprim orar a melhoria da interven o comunit ria s cio - ocupacional. A prática de atividades de participação comunitária e a criação de relações significativas com os vizinhos são estratégias eficazes para combater o isolamento, enquanto parcerias estratégic as entre governos, organizações não - governamentais e o setor privado fornecem os recursos necessários ( 51,2% dos participantes das atividades sociocupacionais refere que os conhecimentos adquiridos no contexto das atividades é importante para o seu dia - a - d ia e para a sua capacitação). Palavras - chave: Bairro social; vulnerabilidade social; intervenção comunitária; participação social. ABSTRACT SOCIAL HOUSING AS A SPACE FOR COMMUNITY EMPOWERMENT: AN APPROACH TO TWO SOCIAL NEIGHBORHOODS IN THE NORTH OF PORTUGAL. Community intervention is a fundamental pillar of the social integration of vulnerable populations, enabling capacity - building and empowe rment by providing tools to promote an improved quality of life. In this regard, the literature highlights that the highest levels of social integration are observe d among individuals who participate in neighbourhood dynamics. The article presented, using a mixed - methods approach, analyses data from 90 questionnaire surveys and eight interviews with both participants and non - participants in socio - occupational activities in social housing neighbourhoods in Guimarães and Fafe. These data allow for an understa nding of residents’ perceptions regarding socio - occupational intervention, the influence of the neighbourhood space, and social interactions in contributing to the success of such interventions. The objectives of this article are: to understand and assess residents’ perceptions of the neighbourhood space, including its social and cultural identity; to explore the influence of the integration process and the level of participation in neighbourhood dynamics; and to identify the advantages, impact, benefits, a nd barriers of a socio - occupational community intervention in fostering the social cohesion of the neighbourhood itself. The aim is to gain insights and contribute to the improvement of socio - occupational community intervention. Practicing community partic ipation activities and creating meaningful relationships with neighbors are effective strategies to combat isolation, while strategic partnerships between governments, non - governmental organizations and the private sector provide the necessary resources (5 1.2% of participants in socio - occupational activities report that the knowledge acquired in the context of the activities is important for their daily live s and for their training). Keywords: Social neighborhood; social vulnerability; community intervention; social participation. Recebido: 04/04 /202 4 . Aceite: 10 / 01 /202 5 . Publicado: 21/07 /2025. 1 Escola Superior de Tecn ologia e Gestão, Instituto Politécnico do Porto, Rua do Curral, Casa do Curral, Margaride, 4610 - 156, Felgueiras, Portugal . E - mail: catia - sa mpaio@hotmail.com 2 Centro de Inovação e Investigação em Ciências Empresariais e Sistemas de Informação, Escola Superior de Tecnologia e Gestão, Instituto Politécnico do Porto, Felgueiras, Portugal. E - mail: mferreira@estg.ipp.pt , aib@estg.ipp.pt
Sampaio, C., Ferreira, M. R., Borges, A. Finisterra, LX (12 9 ), 202 5 , e 35377 2 HIGHLIGHTS Intervenção Comunitária como fundamental para a integração social ; Estruturação Urbana dependente da identidade de bairro; Estudo de caso como potenciador de comparação entre dois bairros sociais; Bairro social como um lugar de não pertença; Participação em ações comunitárias consideradas positivas. 1. INTRODUÇÃO As sociedades capitalistas, pela sua vasta dimensão, são frequentemente descritas como espaços heterog é neos , com diversos desafios específicos . Estes desafios intensificam - se com a escassez de soluções no mercado imobiliário, as desigualdades ao seu acesso, a falha do Estado Social e as disparidades socioeconómicas, fatores que, ao longo dos anos, contribuíram para a criação de espaços de discri minação e isolamento social (Santos et al ., 2023). Neste contexto, selecionamos para estudos de caso um Gabinete de Intervenção e uma Empresa Municipal com atuação em bairros sociais, com o objetivo de compreender e avaliar as vantagens de uma intervenção sciocupacional como promotora da qualidade de vida dos habitantes. A avaliação concentra - se nos benefícios e barreiras encontrados para a implementação da intervenção comunitária sciocupacional, envolvendo grupos distintos, com foco naqueles que participa m nas atividades. O estudo procura compreender os benefícios percebidos, considerando uma abordagem centrada no indivíduo e identificar, por parte da comunidade, as suas necessidades e problemáticas. A promoção de espaços voltados para a participação, conv ivência e lazer também é analisada. A dimensão da avaliação das intervenções sob a ótica dos residentes torna - se fundamental para compreender os benefícios que essas ações podem gerar, promovendo práticas mais eficazes, conscientes e organizadas. Neste estudo, a avaliação será realizada por meio de dois instrumentos de recolha de dados: o questionário e a entrevista semiestruturada. Partimos do princípio de que o conhecimento aprofundado sobre os efeitos da intervenção é alcançado por meio da avali ação e da consideração de diferentes grupos que foram expostos a ela, assim como pela percepção daqueles que não participaram das atividades. Essa abordagem possibilita a observação e o desenvolvimento de estratégias de atuação, permitindo compreender os m otivos pelos quais uma parte significativa da po pulação residente participa nu m número reduzido de atividades e que estratégias poderiam ser adotadas para aumentar a motivação e a participação, identificando os prós e contras de forma a potencializar melho rias. A organização deste artigo inclui o enquadramento teórico, que explora as principais dimensões dos benefícios e barreiras da intervenção s o ciocupacional , seguido da descrição da metodologia adotada. S ão apresentados e discutidos os resultados da inve stigação , seguindo - se uma conclusão . 2. BENEFÍCIOS E BARREIRAS DA INTERVENÇÃO S O CIOCUPACIONAL DIMENSÕES A literatura indica que os habitantes de bairros sociais enfrentam discriminação e marginalização, sustentadas por ideias negativas de que o bairro de termina escolhas sociais e impõe barreiras estruturais. Essas dinâmicas dificultam a interação com a população em geral e perpetuam representações negativas do lugar como um espaço a evitar (Santos et al ., 2023). Fatores como recursos económicos limitados, redes de emprego precárias e ciclos de pobreza perpetuam a exclusão, afetando migrantes, refugiados e minorias étnicas, enquanto o mercado habitacional e o planeamento urbano agravam essa vulnerabilidade ( Malheiros et al . , 2016) . A vulnerabilidade social refere - se à suscetibilidade dos indivíduos a danos sociais, económicos ou ambientais, neste caso referimo - nos à pobreza, à carência de oportunidades e acesso a direitos, acesso a serviços essenciais (saúde ou educação), ambientes v iolentos e discriminatórios, exposição e dificuldade em gerir eventos adversos e à inexistência de redes de apoio social (Lopes & Mendes, 2023). Ao nível dos fatores consideram - se os de ordem social, económica, cultural e habitacional. Essa vulnerabilidade manifesta - se em sentimentos de baixa autoestima e incapacidade, que, a médio e longo
Sampaio, C., Ferreira, M. R., Borges, A. Finisterra, LX (12 9 ), 202 5 , e 35377 3 prazo, levam à exclusão social, segregação e isolamento (Wacquant, 2001). Em contraposição, a integração social é uma pluralidade dinâmica de estilos de vida, dentro do c onceito de cidadania, onde os indivíduos preservam e exercem suas capacidades de escolha. Isso envolve não só a posse, mas a aplicação efetiva de competências sociais (Almeida, 1993). Paralelamente, Malheiros et al. (2016) menciona m a existência de quatro fatores de exclusão a considerar para justificar a situação de vulnerabilidade que se manifesta em torno dos bairros sociais, nomeadamente: 1) a estigmatização do bairro; 2) a acessibilidade a recursos e a sua qualidade; 3) os processos de socialização; e 4) o papel das redes sociais e do capital social, pelo que nos apresenta m as linhas orientadoras sobre as quais deve incidir a intervenção. Face ao exposto, entende - se que os fatores de vulnerabilidade dizem respeito a condições de fragilidade e suscetibi lidade que expõem o indivíduo ao risco, enquanto os fatores de exclusão social se referem à negação ou limitação de direitos, oportunidades e participação plena na sociedade. Os benefícios da intervenção sociocupacional entendida como um conjunto de ativ idades que visam promover o bem - estar, o desenvolvimento pessoal, a autonomia, as competências, bem como a participação social e cívica podem ser avaliados em várias dimensões, como a inclusão social, a qualidade de vida, a capacitação e o empoderamento, o desenvolvimento pessoal, a avaliação participativa e a coesão comunitária. A inclusão social, por meio da intervenção comunitária sociocupacional, é fundamental para reduzir o estigma e o autoestigma, uma vez que as atividades ocupacionais favorecem sen timentos de pertença, integração e identidade (Grabbe et al ., 2013). A dimensão da inclusão social é evidenciada pelas sensações dos participantes das atividades sociocupacionais , que, ao interagir com outros, enfrentam desafios e soluções juntos, promoven do a participação comunitária. As ligações sociais, a partilha e o apoio são essenciais para o bem - estar individual. A qualidade de vida é o principal objetivo da intervenção comunitária sociocupacional, procurando melhorar o bem - estar físico e mental dos participantes das atividades sociocupacionais , sendo um pilar psicossocial e emocional (Suto et al ., 2021). Para isso, é crucial uma participação significativa, ou seja, atividades que atendam às necessidades e interesses individuais (Connell et al., 2012) . Permitir ao participante um papel ativo no planeamento e controlo da atividade pode ser uma estratégia eficaz para promover a participação comunitária e o bem - estar pessoal (Connell et al ., 2012). O desenvolvimento pessoal é central na intervenção sócioc upacional, proporcionando oportunidades de aprendizagem, descoberta de talentos, maior interação social, confiança, autoestima e redução do autoestigma. Neste âmbito, o conceito de desenvolvimento pessoal refere - se ao processo contínuo de aquisição de comp etências e aprendizagens, que permite ao indivíduo experienciar um crescimento pessoal e emocional. Este desenvolvimento está associado ao fortalecimento da autoconfiança, à descoberta da sua identidade, desejos, limites e capacidades, bem como à criação o u ao reforço de redes de suporte e ao empoderamento, traduzido no sentimento de utilidade e na orientação para a tomada de decisões. A avaliação do desenvolvimento pessoal pode ser realizada através de métodos como a observação participante, entrevistas se miestruturadas, grupos focais, mapas de rede pessoal, participação comunitária ou, ainda, por meio do questionário WHOQOL - BREF, conforme indicado por Suto et al. (2021). Já a avaliação participativa permite medir benefícios com maior precisão, envolvendo o s participantes das atividades sociocupacionais no sucesso e desenho das intervenções, promovendo atitudes dinâmicas e contribuições diretas (Suto et al. , 2021). A coesão comunitária também é crucial, incentivando a participação ativa da população em ativi dades coletivas nos bairros sociais. A literatura sobre projetos de intervenção comunitária sociocupacional não apenas destaca benefícios, mas também identifica barreiras que dificultam a sua implementação, como a alfabetização, a falta de parcerias com a comunidade, fatores estruturais e o estigma. Os baixos n veis de alfabetiza o apresentam - se como uma das principais barreiras participa o comunit ria, dado que, por vezes dificultam a participa o em determinadas atividades que possam ser de realiza o mais complexa ou, essencialmente, no que concerne s avalia es e validade dos resultados, visto que as pessoas inquirid a s em alguns dos projetos relatam dificuldade para conseguirem realizar e interpretar as quest es colocadas pelos inves tigadores (Spadola et al ., 2020 ). Uma barreira identificada nas parcerias comunitárias é a falta de alinhamento entre os objetivos, interesses e motivações de todos os envolvidos (Suto et al ., 2021). Além disso, fatores pessoais dos participantes das ativ idades comunitárias , como problemas físicos ou mentais, doenças ou responsabilidades familiares, dificultam a participação comunitária. Assim, os projetos devem incluir
Sampaio, C., Ferreira, M. R., Borges, A. Finisterra, LX (12 9 ), 202 5 , e 35377 4 alternativas para flexibilizar e facilitar a participação. Outra barreira é a duração o u o horário das atividades, que pode interferir na participação, especialmente se coincidirem com horários de refeição ou se forem atividades excessivamente longas. Essas barreiras podem ser relacionadas com questões estruturais, relacionada s ao ambiente d o bairro, como violência, crime, mudanças habitacionais ou questões psicossociais, como desemprego e dificuldades econó micas (Srivarathan et al ., 2020). A dimensão do estigma social retratada nos diferentes projetos em an lise podendo tratar - se de um e stigma relacionado ao bairro social ou s pr prias atividades ocupacionais, pelo que poder afetar a participa o ou o compromisso do participante para com a atividade ou interven o s cio - ocupacional. Denota - se que o estigma social conduz os morad ores exclus o social e a adotar uma postura de resistência para com os projetos ou atividades sociais (Jensen & Christensen, 2012). As principais barreiras referem - se à baixa participação e retenção de homens, devido à maior presença feminina nas comun idades e à percepção de que certas atividades são tipicamente femininas (por exemplo atividades de relaxamento, desenvolvimento pessoal, entre outras). A diversidade cultural e linguística é outra barreira i dentificada como estigma social , tendo como consequ ncia a exclus o social de quem tem uma cultura ou l ngua diferente dos demais, bem como a associa o a determinadas etnias ou culturas de comportamentos mais violentos e menos dispon veis para se integrarem na comunidade (Cheshire et al ., 201 8). De acordo com os projetos estudados, constatou - se que as popula es com carater sticas semelhantes entre si apresentam maior propens o para a realiza o de atividades (Srivarathan et al ., 2020 ). O estigma territorial refere - se ao estigma associa do ao espaço habitacional, frequentemente relacionado a comportamentos desviantes e marginalizados (Kim, 2010), além de ser reforçado pela própria intervenção comunitária, que pode transmitir a imagem de que o local é de maior carência e necessita de atenç ão especial. Spadola et al. (2020), num estudo sobre comunidades desfavorecidas com problemas psiquiátricos, identificaram três condições essenciais para a mudança de comportamento na intervenção comunitária: capacidade (conhecimento sobre a atividade), op ortunidade (acesso e ferramentas necessárias) e motivação (vontade de realizar a atividade, resultante das duas condições anteriores). Os autores utilizaram a Roda de Mudança do Comportamento (BCM) para mapear a intervenção, identificando falhas, barreiras e áreas de investimento para alcançar os objetivos da intervenção (Spadola et al ., 2020). Além da vertente sóci o cupacional, outras estratégias de empoderamento têm sido identificadas na literatura. O " mix social", por exemplo, promove a dispersão de empreendimentos sociais urbanos, oferecendo residências a diferentes custos e tipologias, com apoio de entidades privadas para disponibilizar habitação a preços controlados para a população carenciada (Alves & Azevedo, 2017). As políticas públicas de habitação e planeamento urbano visam garantir diversidade cultural e de usos, incluindo habitações de tipologia partilhada (Alves, 2024). Programas de apoio à infância, intervenção escolar, e ações de capacitação e sensibilização, como o apoio ao estudo, a mediação escolar e a promoção de competências profissionais contribuem para o empoderamento e integração social, particularmente através de atividades que facilitam a entrada no mercado de trabalho (Chan et al., 2 014; Eckstein et al., 2015). 3. METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO A investigação utilizou o estudo de caso, comparando dois bairros sociais com intervenção s o ciocupacional, para analisar semelhanças e diferenças nas práticas institucionais e no comportamento de participantes (pessoa que vive no bairro, está envolvida diretamente em atividades sociocupacionais e que integram este estudo) e não participantes (pessoa que vive no bairro, não frequenta atividades sociocupacionais e que integram este estudo) (Suto et. a l, 2021) . Questionários e entrevistas foram usados na recolha de dados (ver q uadro I). Foram selecionados dois bairros sociais em Fafe e Guimar es. O artigo apresentado incide sobre a intervenção desenvolvida pelo Gabinete de Apoio ao Bairro ([GAB], 2022), do Município de Fafe, com atuação no Conjunto Habitacional da Cumieira da cidade de Fafe. O GAB surge da necessidade de intervenção biopsicossocial num bairro habitacional que remonta ao ano de 1978 e que durante três décadas se encontrou sob a gestão do I nstituto de G estao e A lienação do Patrimónico H abitacional do E stado (IGAPHE) , herdando o Município um património degradado e com vários desequilíbrios ao nível
Sampaio, C., Ferreira, M. R., Borges, A. Finisterra, LX (12 9 ), 202 5 , e 35377 5 litigioso, sem a presença de intervenções concretas e duradoras ao nível comunitário. Residem, atualmente, neste bairro social 195 agregados familiares. Quadro I Metodologia e objetivos ( geral e específicos). Table I Methodology and objectives ( g eneral and specific). No concelho de Guimarães, o estudo foi realizado em colaboração com a Coordenação de Âmbito Social e Financeiro das Habitações do Município de Guimarães ( [ CASFIG ], 2024) , que consiste numa empresa de natureza municipal. Realiza a gestão de 493 habitações sociais, bem como, cinco salas de condomínio e um edifício sede. As habitações referidas distribuem - se por nove empreendimentos sociais, além de dois bairros sociais anti gos e um composto de habitações dispersas. O estudo em questão alcançou diferentes empreendimentos de habitação sob a gestão desta entidade ( Empreendimento de Mesão Frio, Atouguia; Bairro do Sardoal, Empreendimento de Creixomil, e/ou outros ), pelo que não é viável identificar, de forma regular, no decorrer do desenvolvimento do estudo os nomes dos diferentes bairros sociais envolvidos no estudo, sendo mais simples a sua diferenciação como bairros de Guimarães. Ambos os casos de estudo apresentam uma populaç ão predominantemente idosa, pessoas em situação de desemprego ou com empregos precários, jovens fora do mercado de trabalho e minorias étnicas, especialmente a comunidade cigana. O bairro em Fafe localiza - se na periferia das cidade e distinguem - se pela sua construç ão, enquanto que em Guimarães alguns dos empreendimentos localizam - se próximo do centro urbano . O Conjunto Habitacional da Cumieira passou por obras de reabilitação recente, devido ao seu estado avançado de degradação . Já em Guimarães, algumas est ruturas são antigas e mostram sinais de desgaste, enquanto outros complexos possuem uma estrutura mais moderna, afastando - se das características típicas de habitação social. Na análise quantitativa, foram inquiridos 43 pessoas participantes e 47 pessoas o participantes das atividades sócio - ocupacionais, totalizando 90 inquiridos , dos quais 51 pessoas inquiridas do Conjunto Habitacional da Cumieira (Fafe) e 39 pessoas inquiridas dos bairros sociais sob o domínio da CASFIG (Guimarães) , aplicados p or uma das investigadoras , entre agosto e setembro de 2023. O contacto com as entidades responsáveis pelas atividades dos bairros permitiu a identificação e o contacto com as pessoas disponíveis para participar no estudo. A seleção das pessoas inquiridas e entrevist adas , tanto os que participavam formal e ativamente quanto os que não participavam das atividades promovidas pelas equipas técnicas nos bairros , foi realizada com o apoio dos técnicos responsáveis pelos projetos, utilizando uma amostra por conveniência. O i nquérito e a entrevista foram validados pelo responsável pela proteção de dados do Instituto Politécnico do Porto, que aprovou a aplicação, as questões e o procedimento de recolha de dados. Antes da realização das entrevistas, as pessoas entrevistadas fora m previamente informadas sobre os objetivos do estudo, a natureza voluntária da sua participação e o modo como os dados seriam utilizados. Foi - lhes perguntado se estariam disponíveis para colaborar de forma livre e esclarecida, tendo sido obtido o respetiv o consentimento verbal. Nenhuma informação recolhida permite a identificação direta das pessoas entrevistadas, assegurando - se assim o respeito pelos seus direitos, dignidade e privacidade ao longo de todo o processo de investigação. A an lise quantitativ a foi realizada com recurso ao programa estat stico IBM SPSS Statistics , na qual se analisaram duas bases de dados. Foram realizados dois questionários, um para residentes que participam nas atividades sociocupacionais e outro para residentes não particip antes nas atividades sociocupacionais, sendo que as algumas das quest es foram respondidas numa escala de Likert de cinco ponto s , resposta aberta curta e múltipla. No anexo IV encontram - se os inquéritos por questionário aplicados aos participantes e não participantes das atividades sociocupacionais. As entrevistas foram realizadas individual mente , com duração máxima de 1 hora (guiões das entrevistas em anex o). As en trevistas realizadas consideram - se semiestruturadas e foram aplicadas a oito pessoas participantes no total: duas a participantes das atividades sociocupacionais e duas a não participantes Questionário Entrevista A aliar a perceção dos moradores em relação ao espaço bairro, a sua identidade social e cultural (objetivo específico) ; C ompreender a influência do processo de integração e o nível de participação nas dinâmicas do bairro (objetivo específico). Conhecer as vantagens, o impacto, os benefícios e barreiras de uma intervenção comunitária s o cio cupacional para a coesão social do próprio bairro através da perspetiva dos moradores e para a melhoria da intervenção comunitária s o ciocupacional na prática (o bjetivo geral)
Sampaio, C., Ferreira, M. R., Borges, A. Finisterra, LX (12 9 ), 202 5 , e 35377 6 das atividades socicupacionais d e cada um dos bairro s . Os entrevist ados foram codificados como EP (entrevistado participante) e ENP (entrevistado não participante). Os guiões das entrevistas apresentam diferenças, sendo que algumas questões são especificamente direcionadas aos participantes das atividades promovidas pelas equipas técnicas, enquanto outras se destinam aos não participantes, com o objetivo de compreender os motivos da sua não adesão e ausência de integração nas dinâmicas sociocupacionais do espaço habitacional. Para complementar a análise qualitativa, realiz ou - se uma análise integral às respostas de ambos os grupos participantes e não participantes usando a ferramenta Voyant Tools. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO O envolvimento comunitário estimula a interação e a motivação para participar das atividades, eventos e iniciativas promovidas no espaço habitacional, proporcionando experiências positivas e favorecendo o desenvolvimento pessoal , coesão social e comunitária ; atividades significativas reforçam competências e reduzem a vulnerabilidad e (Rothes, 2009). Segundo Almeida (1993), a integração social resulta de estilos de vida diversos, unidos pela cidadania e pelo uso efetivo de competências sociais. Queirós e Oliveira (2023) destacam que a intervenção comunitária exige a produção e mobiliz ação de conhecimento sobre pessoas e contextos, construído a partir da análise do quotidiano e validado por métodos científicos. Para motivar a participação comunitária, destaca - se a mobilização de figuras influentes na comunidade e a valorização do papel ativo dos indivíduos no planeamento e decisão das atividades. O envolvimento em todas as etapas, desde a criação até à avaliação, promove sentido de controlo e escolha, impulsionando a participação ativa e o bem - estar do participante , assim como a sua cap acitação e o sentido de parceria com a própria comunidade (Connell et al ., 2012). Nesta linha de pensamento, Eriksson e Sørensen (2021) alertam para a importância de planear intervenções com base nas reais necessidades dos moradores, evitando suposições qu e possam comprometer o sucesso. Argumentam ainda que as ações devem ser conduzidas por voluntários locais, já que projetos temporários e externos, com alta rotatividade, podem gerar descontentamento, cansaço e relutância à participação. Os resultados reco lhidos em relação aos motivos e sensações inerentes à participação nas ações e atividades desenvolvidas nos bairros sociais e ncontram - se explanados no quadro II e III. Quadro II Avaliação na ótica dos participantes: motivos para a participação das atividades sociocupacionais . Table II Assessment from the participants’ perspective: reasons for participation . Motivos para a participação Percentagem Atividades com maior participação Percentagem Convívio 72,1% Oficinas/ Workshops Informativos 58,1% Ocupação 62,8% Relaxamento/Meditação 37,2% Desenvolver novas competêncais/conhecimentos 69,2% Visitas a exposições 44,2% Ateliers de trabalhos manuais 37,2% Quadro III Avaliação na ótica dos participantes das atividades sociocupacionais : sentimento de pertença à comunidade. Table III Assessment from the participants’ perspective: feeling of belonging to the community. Sentimento associado ao sentimento de pertença à comunidade Percentagem Sentimento associado/advém da participação Percentagem Sensação de bem - estar 79,1% Sensação de bem - estar 88,4% Associação do bairro a um espaço seguro e onde gostam de estar 58,1% Melhoria da saúde física e mental 76,7% O perfil dos inquiridos revela uma predominância feminina, com 71 pessoas participantes do sexo feminino e 19 do sexo masculino. Esse desequilíbrio é consistente com a literatura, que aponta o género como uma barreira na participação comunitária, com as at ividades muitas vezes voltadas para os interesses das mulheres e associadas a fatores culturais e relacionais (Srivarathan et al ., 2020). A maioria d as pessoas participantes tem idades entre 40 e 60 anos (42,2%) e 36,7% estão na faixa etária de 60 a 80 anos, com 51,1% tendo o 1º ciclo de escolaridade.
Sampaio, C., Ferreira, M. R., Borges, A. Finisterra, LX (12 9 ), 202 5 , e 35377 7 A situação profissional dos inquiridos reflete a alta taxa de desemprego, com 47,8% de reformados e 35,6% de de sempregados, o que está em linha com os altos índices de desigualdade e exclusão social observados em Portugal, com 22,4% da população em situação de pobreza e exclusão social em 2021 (Rodrigues, 2024). Relativamente à localização, 56,7% dos inquiridos são do bairro de Fafe, e 43,3% dos bairros sociais de Guimarães. Os participa ntes nas atividades sociocupacionais que não escolheram nenhuma das opções destacaram como motivos a identifica o com as atividades, o prop sito da atividade e a cria o de ma teriais novos ou a pr pria identifica o com pessoas que participam. No caso concreto dos sentimentos que advêm da participação , a pr pria literatura comprova tal quest o ao afirmar que o bem - estar de cada indiv duo e a sua sa de mental apenas se en contra m plenamente saud veis quando em equil brio com a identidade de bairro, possibilitando o aumento da autoestima, seja ela coletiva ou individual, bem como, a intera o e entreajuda social (Smyth et al., 2011). Além disso, a maioria dos participant es das atividades sociocupacionais concorda com a importância dos conhecimentos adquiridos nas atividades para o seu dia - a - dia , identificando - se o cumprimento de um dos principais objetivos da intervenção s o cio cupacional no que à capacitação da sociedade d iz respeito (51,2% dos participantes das atividades sociocupacionais refere que os conhecimentos adquiridos no contexto das atividades é importante para o seu dia - a - dia e para a sua capacitação ). Os benefícios e sensações relatados pelos participantes das dinâmicas comunitárias encontram - se, igualmente, em conso n ância com a literatura , destacando sentimentos de bem - estar, segurança e acolhimento associados ao espaço do bairro e à participação comunitária. Participantes ativos nas atividades sentem - se m ais protegidos e desenvolvem uma identidade coletiva que promove ações em prol da comunidade, incorporando normas e valores do grupo (Chang et al ., 2016). Relativamente à perceção de bem - estar, 76,7% dos participantes das atividades sociocupacionais associ aram a sua integração nas atividades a uma melhoria da saúde física e mental, bem como à redução de sentimentos de solidão e ansiedade. Esta melhoria parece estar relacionada com a estruturação do quotidiano, a criação de rotinas significativas e o reconhe cimento no seio da comunidade. Uma das participantes das atividades promovidas no bairro social declarou: “Desde que comecei a vir ao centro, durmo melhor e ando menos nervosa”. Já os não participantes das atividades apresentaram níveis mais baixos de sati sfação geral, reportando com maior frequência problemas de saúde e menor envolvimento relacional. As entrevistas, alinhadas ao inquérito por questionário, abordaram dimensões de benefícios e barreiras, utilizando questões pré - estruturadas selecionadas pela sua relevância e potencial para enriquecer o estudo com dados complementares. Destacam - se as práticas de inclusão social na intervenção comunitária, bem como o bem - estar e a estrutura urbana, influenciados pela identidade do bairro, que favorece a autoes tima, a inclusão e a busca por apoio em situações de carência (Heath et al., 2017). Por sua vez, o baixo nível educacional é considerado um fator importante que pode influenciar a participação em atividades mais complexas ou na avaliação dos resultados, evidenciando as dificuldades de alfabetização entre os públicos vulneráveis, como observado em contextos de bairro social (Spadola et al., 2020). Em termos de integração comunitária, a maioria (54,4%) sente - se integrada ou totalmente integrada, enquanto 5, 6% se consideram não integrados. Os principais problemas apontados foram a relação com vizinhos, o ambiente desestabilizador, o barulho e a violência, bem como materiais danificados nas residências. A perceção de integração relaciona - se com experiências de vida, frequentemente traumáticas, que influenciam a interação na comunidade; experiências desajustadas geram sentimentos negativos e afastamento do local de residência. De modo geral, as relações de vizinhança surgem como fundamentais para a participação comunitária, especialmente em contextos de vulnerabilidade social, onde ligações sociais saudáveis são mais difíceis. Fatores estruturais, como ambiente perigoso, violência, erros de construção e questões psicossociais (e.g., carência económica, desemprego ), desempenham um papel central (Srivarathan et al ., 2020). Barreiras pessoais, incluindo limitações físicas, mentais, obrigações familiares ou doenças, também condicionam a participação. A ausência de estabilidade e seguran a habitacional impulsionada pe las mudan as de ordem estrutural ou relacional comprometem as rela es sociais entre moradores, assim como, a sua disponibilidade e aptidão para a participa o em atividades de cariz c vico ou atividades de trato ocupacional (Kearns & Parkinson, 2001 ). A estabilidade e seguran a habitacional crucial para o indivíduo , pelo que a sua ausência compromete quer o desenvolvimento de rela es sociais saud veis ,
Sampaio, C., Ferreira, M. R., Borges, A. Finisterra, LX (12 9 ), 202 5 , e 35377 8 quer a disposição e a propens o para a integra o em atividades de cariz social ou ocupacional, sendo considerado uma barreira a instabilidade e segurança do espaço habitacional . No decorrer da aplica o dos inqu ritos por question rio foi percet vel que a perce o de integra o ou de n o integ ra o est relacionada com as experi ncias e epis dios vivenciados, de forma mais ou menos traum ticos, o que, por sua vez, determina a forma de se relacionar no seio da sua comunidade e pares semelhantes. Experi ncias desajustadas e negativas impli cam sentimentos menos positivos, fuga e nega o do local onde vivem, como ser poss vel avaliar na an lise que se segue. Para analisar se a percepção dos inquiridos está relacionada com a participação em atividades, utilizou - se o teste Qui - quadrado d e independência. Não foi identificada associação entre a participação e fatores como habilitações literárias, bairro social, relações conflituosas, identificação grupal reduzida, associação de violência ao bairro, rotatividade de técnicos, sentimento de in capacidade de participação, ausência de mediadores comunitários e mudanças frequentes nos projetos de intervenção. A análise estatística confirmou estas associações, com resultados significativos entre a perceção de integração e a participação (p < 0,05), bem como entre o sentimento de pertença e fatores como o ambiente físico e os horários das atividades (p < 0,001). Os participantes nas atividades comunitárias descreveram uma vivência mais positiva do espaço habitacional, associando - o a sensações de segur ança, familiaridade e pertença. Os dados quantitativos revelam que 88,4% destes participantes das atividades consideram que o envolvimento nas atividades contribuiu para o aumento do seu bem - estar e reforço do sentimento de pertença. Esta perceção parece a ncorar - se na criação de vínculos sociais, na partilha de experiências e no sentimento de utilidade pessoal. Como afirmou uma das entrevistadas: “Aqui sinto - me em casa. Conheço as pessoas, ajudamos umas às outras”. Em contrapartida, os não participantes das atividades revelaram uma perceção mais distante ou mesmo crítica do território onde residem, expressando sentimentos de isolamento, desconfiança e desinteresse. Alguns manifestaram, inclusivamente, ausência de identificação com o bairro, apesar de nele vi verem há vários anos: “É só casa e cama. Não falo com quase ninguém”. Em relação às questões não comuns que pretendem aferir os motivos para participarem das atividades, os sentimentos experienciados, atividades ou ações comunitárias em que participa e mais gosta ou habilidades desenvolvidas e, no caso de quem não participa nas atividades promovidas pelas e quipas, as motivações e opinião sobre estas práticas , constata - se que para os não participantes, das dinâmicas comunitárias, o principal sentimento que se encontra associado à falta de integração são as relações de vizinhança conflituosas, dado que, é a op ção que apresenta percentagem mais elevada, face às restantes opções (34,0% dos inquiridos responderam “sim”, face a 66,0% dos inquiridos que responderam “não”) . Nas questões de resposta aberta e para a questão elencada sobre os sentimentos associados à fa lta de integração os inquiridos referem ainda o preconceito; desconfiança e conflitos com vizinhos, sobretudo de etnia cigana; sentirem que não h á́ respeito e que não têm direito privacidade entre vizinhos ou estes demonstrarem - se muitos conflituosos o u a existência de desacatos (mau ambiente). Malheiros et al. (2013) destaca m o efeito inverso do desejado , no que concerne às relações sociais, mencionando que este tem sido um foco dos estudos científicos precisamente em bairros intervencionados, ao nível da sua estrutura física, nos qu ai s se verifica o surgimento de interações segregadas quando se verifica o afluxo de população de classe média e pobre, nomeadamente ao nível económico e étnico. Davidson (2010) referiu que as populações fora de bairros sociais possuem estruturas familiares e percepções distintas sobre comunidades e convivência. O mesmo autor refere que em Londres, relações entre antigos e novos residentes eram raras, limitadas por barreiras de cl asse, raça e normas de conduta, gerando conflitos. A intervenção comunitária é destacada como essencial para promover vínculos equilibrados, fundamentando - se no desenvolvimento comunitário e na animação sociocultural, com foco na participação coletiva, bem - estar e qualidade de vida. À semelhança da análise anterior realiza - se, também, uma análise em relação às razões que potenciam a não participação que podem ser consultadas no quadro IV. Na ótica dos não participantes das atividades surge uma perspetiva di ferente, apontando o bairro como um lugar onde n o gostam de estar e no qual n o se sentem bem, manifestando - se a inexist ncia de um sentimento de integra o e de perten a. Predomina o sentimento de "obriga o", alegando residirem nestes locais por n o possu rem condi es econ micas que lhes permitem viver num outro lugar. Em termos quantitativos, 45,1% mencionaram a incompatibilidade de horários e 49,3% referiram que o ambiente do bairro não encorajava à participação. O estigma territorial sur giu ainda como obstáculo simbólico à mobilização: “Muita gente acha que isto é só gente má, não se mistura”.
Sampaio, C., Ferreira, M. R., Borges, A. Finisterra, LX (12 9 ), 202 5 , e 35377 9 Quadro I V Razões associadas à não participação nas atividades sociocupacionais . Table I V Reasons associated with non - participation. Motivos para a não participação Não gostarem das atividades ; Falta de tempo; Obrigações familiares; Problemas de saúde; Desinteresse pelas atividades comunitárias; Relações instáveis com os vizinhos ou desconfianças e inseguranças em relação aos vizinhos. Motivos para a baixa participação do género masculino Desinteresse pelas atividades realizadas, identificando outras atividades de maior interesse para o género masculino, tais como o futebol ou as idas ao café; Não gostarem das atividades comunitárias; Associare m as atividades em questão como sendo uma responsabilidade do género feminino, identificando as mulheres como mais ativas na sociedade ou associarem as atividades como sendo destinadas ao género feminino (preconceito de género); Não se sentirem à vontade c om este conceito de participação ou terem vergonha; Participaçã o, nas atividades sociocupacionais, em maior número d e participantes nas atividades do género feminino. . Ao analisarmos os trechos das respostas referentes s quest es que se debru am sobr e a inclus o social, compreendemos que de uma forma geral as pessoas reportam os seus conflitos ou diverg ncias culturais para com a popula o de etnia cigana, demonstrando o seu descontentamento com atitudes ou comportamentos desajustados e, para com a restante popula o, no que ao incumprimento das regras diz respeito. O ambiente do bairro sentido como um ambiente negativo, destacando - se como principais pontos o barulho, o lixo/higieniza o dos espa os comuns e viol ncia. Contudo, a barreira associada ao estigma ou autoestigma encontra - se aqui evidentemente presente, bem como, fatores de car ter estrutural relacionados com o ambiente sentido no pr prio bairro, associado a situa es de desorganiza o e que provocam desconforto nestes resi dentes, percecionando este espa o como um local violento, perigoso e onde evidente o crime e ainda situa es contr rias ao saber estar em comunidade (Srivarathan et al., 2020). Embora muitos não percebam impacto direto no dia a dia, a maioria já enf rentou comentários depreciativos sobre o local de residência, sendo o estigma territorial, ligado à associação do espaço a comportamentos desviantes e episódios negativos. O autoestigma, embora menos expressivo em dados, é apontado como um fator que dificu lta mudanças e ações interventivas, reforçando uma visão desmotivadora sobre a capacidade de superação da população local (Grabbe et al ., 2013). Por fim, em rela o quest o sobre se situa es em que o bairro "olhado de lado" e sobre a possibilid ade de comprometerem o dia - a - dia das pessoas que habitam estes espa os, percet vel que a maioria dos inquiridos concorda que o bairro visto pela comunidade geral como diferente, contudo n o sentem que esse facto seja comprometedor para o seu dia - a - dia . Em relação aos participantes das atividades sobre a perspetiva da participação num grupo culturalmente diverso destacam - se as opiniões dos residentes do bairro de Fafe que consideram que as popula es de culturas diferentes n o se encontram integradas, autoexcluindo - se, denotando - se a dificuldade em realizar atividades em grupo ou "misturarem - se" com outras pessoas de outras culturas. Tal afirma o evidenciada com a literatura, na medida em que, se verifica a exist ncia de maior probabilidade de pessoas com carater sticas individuais semelhantes se relacionarem essencialmente entre si em oposi o a pessoas com carater sticas opostas, pelo que, frequente predominarem certos estere tipos tnicos (Liljas et al. , 2017 ) . Os principais fatores que dificultam a participação comunitária incluem relações de vizinhança conflituosas, violência e insatisfação com as condições de habitação. Conforme a literatura, relações sociais estáveis promovem a participação e a disponibili dade para ações comunitárias. No entanto, questões psicossociais como desemprego e carências limitam o envolvimento, refletindo exclusão e pobreza social (Rodrigues, 2024 ). Na perspetiva dos participantes das atividades , s o identificados tr s principai s motivos para a desist ncia ou a ado o de uma postura de resist ncia quanto interven o comunit ria, dos quais podemos referir a falta de interesse, o entendimento sobre o prop sito da interven o e as intera es sociais em si, manifestame nte negativas. Na perspetiva dos n o participantes das atividades relaciona - se com intera es sociais, tamb m elas negativas; associa o de determinadas pessoas/etnias a
Sampaio, C., Ferreira, M. R., Borges, A. Finisterra, LX (12 9 ), 202 5 , e 35377 10 comportamentos desviantes; situa es profissionais condicionantes (pessoas que trabalham) ou pessoas de idade avan ada e o descontentamento face ao espa o bairro e habitacional. Na tica da maioria dos entrevistados , observamos que a participa o em a es comunit rias contribui para o sentimento de bem - estar, nomeadamente, para o al vio do stress, fortalecimento da sa de mental promovido atrav s do conv vio e do fortalecimento de rela es interpares estreitando os la os de vizinhan a, bem como a promo o do desenvolvimento de novos conhecimentos e conhecer novas pe ssoas. Cruwys et al. (2022 ) apresenta m a interven o como um meio importante e estrat gico para o desenvolvimento no indiv duo de sentimentos associados identidade de bairro, permitindo - lhes sentirem - se protegidos e seguros dos efeitos negativos dec orrentes da exposição a imagens estigmatizantes que a comunidade geral associa aos bairros sociais. A informação apresentada é comprovada pelas respos tas d as pessoas participantes, dado que refere m que a participação nas atividades é significati va p ara aliviar o stress da cabe a e conviver com as outras pessoas e vamos ganhando amizade. Havia tantas coisas que n o conhecia por l e passei a conhecer com estas atividades” (EP3); "Conhecer os outros e aprender" (EP2) ou "Estava super bem. Conversar , conviver com as pessoas, tudo, psicologicamente principalmente para aliviar o stress." (EP4) Por fim, no que concerne à forma como podem ser motivadas as pessoas para participar referem a importância de mobilizar pessoas influentes na comunidade para at rair e motivar à participação, bem como, destacar o papel do indivíduo no envolvimento na decisão e planeamento das atividades, acompanhando e intervindo em todas as fases, desde a criação à avaliação. a pessoa assume uma posi o de controle, orienta o e escolha sobre as atividades, impulsionando a participa o comunit ria ativa e bem - estar experienciado pelo participante (Connell et al., 2012). Eriksson & Sørensen, 2021 alertam, precisamente, para a forma como a interven o planeada e para os riscos inerentes que podem comprometer uma a o bem - sucedida, na medida em que necess rio avaliar as necessidades e interesses dos moradores, n o caindo no erro de supor a necessidade de determinada interven o, pois poder n o corresponder realidade. N o obstante, alegam que a interven o dever ser realizada por volunt rios locais evitando a exposi o dos moradores a determinados projetos tempor rios e a es exteriores que pelo seu elevado n vel de rotatividade podem provocar sen timentos de descontentamento, cansa o e relut ncia interven o. 5. CONCLUSÃO A análise dos impactos da habitação social revela uma realidade complexa, em que a segregação espacial e a perpetuação da pobreza limitam as oportunidades dos residentes . As políticas habitacionais atuais não têm sido eficazes em romper esses ciclos, muitas vezes fixando as pessoas em contextos adversos que afetam sua qualidade de vida e coesão comunitária, dificultando a construção de relações sociais estáveis. A promoçã o do empoderamento comunitário surge como uma solução potencial, com iniciativas que incentivam a participação ativa dos moradores e programas de capacitação profissional, fortalecendo a coesão social e a autossuficiência. A prática de atividades de partic ipação comunitária e a criação de relações significativas com os vizinhos são estratégias eficazes para combater o isolamento, enquanto parcerias estratégicas entre governos, organizações não - governamentais e o setor privado fornecem os recursos necessário s. Além disso, o envolvimento de líderes comunitários e a auscultação dos residentes no planeamento de ações são fundamentais para o sucesso dessas iniciativas. A valorização da cultura e identidade local também desempenha um papel crucial, promovendo um sentimento de pertença e autoestima entre os moradores. Portanto, políticas públicas que integrem a inclusão social, capacitação e fortalecimento das redes de apoio comunitário são essenciais para transformar a habitação social em um instrumento de mobilid ade social e empoderamento, promovendo uma sociedade mais justa e equitativa. Este trabalho não está ausente de limitações na sua elaboração e procedimento. Assim, gostaríamos de referir que uma das limitações foi o curto espaço de tempo para a realização da recolha de dados e os seus potenciais constrangimentos com a demora na sua recolha, visto tratar - se de um público - alvo não tão disponível e com um nível de dificuldade acrescida em relação à perceção sobre as questões, bem como a dimensão da amostra.
Sampaio, C., Ferreira, M. R., Borges, A. Finisterra, LX (12 9 ), 202 5 , e 35377 11 Em termos de investigação futura seria interessante uma monitorização mais próxima e detalhada , que permita mapear a intervenção, identificando mudanças de comportamento /atuação , limitações , áreas de intervenção no futuro, objetivos e barreiras. Considera - se, também, interessante alargar a investigação a outros bairros sociais e projetos , potenciando possíveis comparações e identificação de boas práticas . Outra possibilidade de investigação futura seria analisar a perspetiva dos decisores político s e técnicos municipais , eventualmente compara n do as perceções dos diferentes intervenientes de um mesmo programa. ORCID ID Cátia Sampaio https://orcid.org/0009 - 0005 - 7962 - 7926 Marisa R. Ferreira https://orcid.org/0000 - 0003 - 4194 - 9127 Ana Borges https://orcid.org/0000 - 0003 - 4244 - 5393 CONTRIBUTOS DAS AUTOR AS Cátia Sampaio : Conceptualização, Metodologia, Software, Validação, Análise formal, Investigação, Recursos, Escrita preparação do esboço original, Redação revisão e edição . Marisa R. Ferreira : Conceptualização, Validação, Análise formal, Redação revisão e edição, Supervisão. Ana Borges: Metodologia, Software, Validação, Análise Formal, Supervisão. REFERÊ NCIAS BIBLIOGRÁFICAS Almeida, J. F. (1993). Integração s ocial e e xlusão s ocial: algumas questões. [Social i ntegration and s ocial e xclusion: some questions]. Análise Social, XXVIII (123 - 124), 829 - 834. https://www.jstor.org/st able/41011001 Alves, S. (2024). Repensar as p olíticas de h abitação e de p laneamento a partir do Bairro Novo de Évora [ Rethinking h ousing and p lanning p olicies through the Bairro Novo de É vora ]. Scripta Nova Revista Eletrónica de Geografía e Ciencias Sociales, 28 ( 2 ), 227 - 258. https://doi.org/10.1344/sn2024.28.42718 Alves, S. , & Azevedo, A. (2017). Estratégias de mix social no âmbito das políticas de habitação em Portuga l: debate sobre as estraté gias de mix social [ Social Mix Strategies in Housing Policies in Portugal: a debate on social mix strategies ]. In T. S . Marques, J. A. R. Fernandes, J. Teixeira, P. Abrantes, F. L. Matos & L. Soares (Eds.), XI Congresso da Geografia Portuguesa: a s dimensões e a r esponsabilidade so cial da g eografia [ XI Portuguese Geography Congress: the dimensions and social responsibility of geography] (pp. 537 - 541) . APG. https://hdl.handle.net/10216/126912 Cha n, W. Y., Ou, S. - R., & Reynolds, A. J. (2014). Adolescent Civic Engagement and Adult Outcomes: an examination among urban racial minorities. Journal of Youth and Adolescence, 43 (11), 1829 - 1843. https://doi.org/10.1007/s10964 - 014 - 0136 - 5 Chang, M. X. - L., Jetten, J., Cruwys, T., & Haslam, C. (2016). Cultural Identity and the Expression of Depression: a social identity perspective. Journal of Community & Applied Social Psychology, 27 (1),16 - 34. https://doi.org/10.1002/casp.2291 Cheshire, L., Fitzgerald, R., & Liu, Y. (2018). Neighbourhood change and neighbour complaints: how gentrification and densification influence the prevalence of problems between neighbours. Urban Study, 56 (6), 1093 - 1112. https://doi.org/10.1177/0042098018771453 Connell, J., Brazier, J., O ́ Cathain, A., Lloyd - Jones, M. & Paisley S. (2012). Quality of life of people with ment al health problems: a synthesis of qualitative research. Health and Quality of Life Outcomes, 10 , 138. https://doi.org/10.1186/1477 - 7525 - 10 - 138 Coordenação de Âmbito Social e Financeiro das Habitaçõe s do Município de Guimarães. (2024). Quem Somos. [Who we are]. CASFIG. https://www.casfig.pt/quem - somos/ Cruwys, T., Fong, P., Evans, O., Batterham, P., & Calear, A. L. (2022). Boosting neighbourhood identi fication
Sampaio, C., Ferreira, M. R., Borges, A. Finisterra, LX (12 9 ), 202 5 , e 35377 12 to benefit wellbeing: evidence from diverse community samples. Journal of Environmental Psycology, 81 , 101816. https://doi.org/10.1016/j.jenvp.2022.101816 Davidson, M. (2010). Love thy ne ighbour? Social mixing in London´s gentrification frontiers. Environment and Planning A: economy and space, 42 (3), 524 - 544. https://doi.org/10.1068/a41379 Eckstein, K. , Jugert, P., Noack, P., Born, M., & Sener , T. ( 2015 ). Comparing correlates of civic engagement between immigrant and majority youth in Belgium, Germany, and Turkey . Research in Human Development , 12 (1 - 2) , 44 - 62. https://doi.org/10.1080 /15427609.2015.1010346 Eriksson, B. , & Sørensen, A. S. (2021). Public art projects in exposed social housing areas in Denmark: dilemmas and potentials. Journal of Aesthetics & Culture, 13 (1), 1972527 . https://doi.org/10.1080/20004214.2021.1972527 Gabinete de Apoio ao Bairro. (2022). Gabinete de Apoio ao Bairro : f unções [Neighborhood Support Office : f unctions]. Município de Fafe. https://cm - fafe.pt/ Grabbe , L., Ball J. , & Goldstein A. (2013). Gardening for the Mental Well - Being of Homeless Women. Journal of Holistic Nursing, 31 ( 4 ) , 258 - 266. https://doi.org/10.1177/0898010113488244 Heath, S., Rabinovich, A. , & Barreto, M. (2017). Putting identity into the community: exploring the social dynamics of urban regeneration. European Journal of Social Psychology, 47 (7) , 855 - 866. https://doi.org/10.1002/ejsp.2296 Jensen, S. Q. , & Christensen, A. - D. (2012). Territorial stigmatization and local belonging: a study of the d anish neighbourhood Aalborg East. City Analysis of Urban Change, Theory, Action, 16 (1 - 2) , 74 - 92. https://doi.org/10.1080/13604813.2012.663556 Kearns, A. , & Parkinson, M. (2001). The Significance of Neighbourhood. Urban Studies, 38 ( 12 ) , 2103 - 2110. https://doi.org/10.1080/00420980120087063 Kim, J. (2010). Neighborhood disadvantage and mental health: the role of neighborhood disorder and social relationships. Social Science Research, 39 , 260 - 271. https://doi.org/10.1016/j.ssresearch.2009.08.007 Liljas, A. E. M. , Walters, K., Jovicic, A., Iliffe, S., Manthorpe, J., Goodman, C. , & Kharicha, K. (2017). Strategies to improve engagement of ‘hard to reach’ older people in research on health promotion: a systematic review. BMC Public Health, 17 ( 349 ) . https://doi.org/10.1186/s12 889 - 017 - 4241 - 8 Lopes, S. S. , & Mendes, M. - T. (2023). Acesso à habita çã o social na zona metropolitana de Lisboa : programas de habita çã o, pol í ticas e leis b á sicas . [Access to social housing in the Lisbon metropolitan area : housing programs, policies and basic laws ]. Finisterra Revista Portuguesa de Geografia , LVIII (124), 109 - 135. https://doi.org/10.18055/Finis33324 Malheiros, J., Carvalho, R., & Mendes, L. (2013). Gentrification, residential ethnicizat ion and the social production of fragmented space in two multi - ethnic neighbourhoods of Lisbon and Bilbao. Finisterra Revista Portuguesa de Geografia, XLVIII (96), 109 - 135. https://doi.org/10.18055/Finis3 619 Malheiros, J., Ferreira, B., Carreiras, M., Amilcar, A. , & Raposo, R. (2016). Vulnerabilidade e integração urbana em bairros de habitação social da grande L isboa: uma aproximação conceptual e empírica [Vulnerability and Urban Integration in Social Housing Neighborhoods of Greater Lisbon: A Conceptual and Empirical Approach] . Espaço & Geografia , 19 (1), 1 85 - 237 . https://doi.org/10.26512/2236 - 56562016e40083 Queirós, J. , & Oliveira, M. J. (20 23). Intervenção comunitária e desenvolvimento metropolitano: propostas renovadas, princípios de sempre - um dossiê [Community intervention and metropolitan development: renewed proposals, old principles - a dossier]. Cadernos do Instituto de Sociologia, 4 , 8 - 11. https://doi.org/10.21747/2975 - 8033/cad4a1 Rodrigues, C. F. (202 4 ). A pobreza e a desigualdade estão a aumentar? [Is poverty and inequality increasing?] . Fundação Francisco Manuel dos Santos. https://ffms.pt/pt - pt/estudos/pobreza - e - desigualdade - estao - aumentar Rothes, L. (2009). Recomposi o Induzida do Campo d a Educa o B sica de Adultos [Induced Recomposition of the Field of Adult Basic Education]. F CG , F CT . Santos, O., Silva, K. , & Malheiros, J. (2023). Geografia Urbana: revisitando conceitos e temas [Urban
Sampaio, C., Ferreira, M. R., Borges, A. Finisterra, LX (12 9 ), 202 5 , e 35377 13 Geography: revisiting concepts and themes]. CEG, UFRPE. Smyth, G., Harries, P. Z . , & Dorer, G. (2011). Exploring mental health service users’ experiences of social inclusion in their community occupations. British Journal of Occupational Therapy, 74 (7) , 323 - 331. https://doi.org/10.4276/030802211X13099513661072 Spadola, C. E., Rottapel, R. E. , Zhou, E. S. , Chen, J. T. , Guo, N., Khalsa . , ... Bertisch, S. M. (2020). A sleep hygiene and yoga intervention conducted in affordable housing communities: pil ot study results and lessons for a future trial. Complement T her apies in Clin ical Pract ice , 39 , 101121 . https://doi.org/10.1016/j.ctcp.2020.101121 Srivarathan, A., Lund, R., Christensen, U. , & Kristiansen, M. (2020). Social Relations, Community Engagement and Potentials: a qualitative study exploring resident engagement in a community - based health promotion intervention in a deprived social housing area . Internacional Journal of Environmental Research and Public Health, 17 (7) , 2341. Https://doi.org/10.3390/ijerph17072341 Suto, M. J. , Smith, S ., Damiano, N. , & Channe, S. (2021). Participation in Community Gardening : sowing the seeds of wel l - being. Canadian Journal of Occupational Therapy, 88 (2), 142 - 152 . https://doi.org/10.1177/0008417421994385 Wacquant , L. (2001). Os condenados da cidade : estudo sobre marginalidade avançada [The condemned of the city : study on advanced marginality]. Revan. ANEXOS Anexo I Perfil dos entrevistados Quadro I Perfil das pessoas entrevistadas. Table I profile of people interviewed. Participantes em atividades sociocupacionais Género Idade Habilitação literária Situação Profissional Bairro Social Feminino 48 anos Ensino Secundário Desempregada BF Feminino 62 anos 3º ciclo Desempregada BF Feminino 55 anos 1º ciclo Desempregada BG Feminino 51 anos 1º ciclo Desempregada BG Não Participantes em atividades sociocupacionais Feminino 68 anos 3º ciclo Desempregada BF Masculino 66 anos 3º ciclo Reformado BF Feminino 58 anos 1º ciclo Desempregada BG Feminino 59 anos 1º ciclo Desempregada BG Anexo II Guião da e ntrevista a p articipantes das atividades sociocupacionais 1. Como se sente no espaço bairro? 2. Relativamente à comunidade onde vive, como se sente? 3. Quais são as atividades ou ações em que costuma participar? 4. As ações decorrem em grupo ou individualmente? 5. Existe neste gru po pessoas de diferentes nacionalidades, etnias ou raças? Se sim, quais são as principais diferenças da participação num grupo culturalmente diverso? 6. Como podemos motivar à participação? 7. De que forma é que participar em atividades ou programas comunitário s contribu i para o sentimento de bem - estar? 8. Estas ações ou atividades influenciam a sua identidade individual e do grupo?
Sampaio, C., Ferreira, M. R., Borges, A. Finisterra, LX (12 9 ), 202 5 , e 35377 14 9. Quais são os principais motivos que implicam uma postura de resistência e de desistência de um programa? 10. Que atividades ou ações já deixou de realizar por não se sentir integrado? Anexo III Guião da e ntrevista a não - p articipantes das atividades sociocupacionais 1. Como se sente no espaço bairro e na comunidade em que vive? 2. Já participou de alguma atividade ou ação promovida no bairro? 3. Se respondeu “sim”, que obstáculos impediram que continuasse a participar? 4. Se respondeu “não”, que obstáculos impedem a sua participação? 5. Quais são os principais motivos que implicam uma postura de resistência e de desistênci a de um programa? Anexo IV Inquérito por questionário Participante O inquérito por questionário a aplicar pretende avaliar e analisar o impacto da intervenção sócio ocupacional no processo de (re)estruturação da população em situação de vulnerabilidade social que reside em contexto de habitação social. Os objetivos deste estudo compreendem: conhecer e avaliar a perceção dos moradores em relação ao espaço bairro, a sua identidade social e cultural; conhecer e compreender a influência do p rocesso de integração e o nível de participação nas dinâmicas do bairro e conhecer as vantagens, o impacto, os benefícios e barreiras de uma intervenção comunitária sócio ocupacional para a coesão social do próprio bairro através da perspetiva dos moradore s e para a melhoria da intervenção comunitária sócio ocupacional na prática. Neste sentido, o seguinte inquérito por questionário é aplicado a um universo de moradores residentes em dois bairros sociais de Fafe e de Guimarães tratando - se, portanto, de um e studo de caso e contando com a resposta de um público - alvo de participantes e de não participantes. Assim sendo, com este trabalho pretende - se unicamente obter e acrescentar conhecimento académico ao já existente, pelo que possibilitará beneficiar o circu lo da comunidade científica. Poderá, inclusive, a partir deste conhecimento gerar contributos para os participantes ou terceiros num futuro próximo. As respostas serão recolhidas até à data de 29 - 09 - 2023. O questionário em apreço destina - se ao público - alvo participante. 1. Faixa etária Dos 20 anos aos 40 anos de idade Dos 40 anos aos 60 anos de idade Dos 60 anos aos 80 anos de idade Dos 80 anos aos 100 anos de idade 2. Género Feminino Masculino Prefiro não responder 3. Habilitações Literárias 1º ciclo 2º ciclo 3º ciclo Secundário/Profissional Ensino Superior S/Escolaridade 4. 1. Dimensões Benefícios: Inclusão Social, conjunto de ações com vista a melhorar as condições de participação na sociedade das pessoas mais vulneráveis. 1.1. Considero - me integr ado/a na comunidade onde vivo? Concordo totalmente | Concordo | Não concordo nem discordo | Discordo | Discordo totalmente
Sampaio, C., Ferreira, M. R., Borges, A. Finisterra, LX (12 9 ), 202 5 , e 35377 15 Em caso de discordância, indique um fator/motivo. 1.2. Indique nas opções em baixo três motivos pelos quais decidiu participar nas ações. Fortalecer as relações interpessoais Convívio Ocupação Desenvolver novas competências/conhecimentos Sentir - me incluído Outro, qual? 1.3. Em que atividades costuma participar? Relaxamento/meditação Caminhadas Cinema Visitas a exposições Ateliers de trabalhos manuais Yoga e Yoga do riso Atividades desportivas Grupos de jogos tradicionais Oficinas/Worshops informativos Atividades de culinária Outros, quais? 1.4. A presença de pessoas de diferentes culturas/etnias e/ou línguas é um entrave à participa ção? Concordo totalmente | Concordo | Não concordo nem discordo | Discordo | Discordo totalmente 1.5. Que sentimentos experimentou ao sentir - se parte da comunidade? Bem - estar Sentimento de pertença Vontade de participar e se envolver na vida e decisões do bairro Associar o bairro a um espaço seguro e onde gosta de estar Outro, qual? 2. Qualidade de vida, que se carateriza pelo conjunto de condições que contribuem para o bem - estar físico e mental da pessoa. 2.1. Ao participar nas atividades ou ações com unitárias que sentimentos experimentou? Sensação de bem - estar Sensação de segurança Sentimento de utilidade Encontro de um propósito Vontade de participar ativamente na comunidade Melhoria da sua saúde física e mental Realização pessoal e identitária Outro, qual 3. Desenvolvimento de conhecimentos e participação, que consiste na criação da oportunidades, adquirir, aplicar e difundir conteúdo. 3.1. Os conhecimentos que desenvolveu com sua participação têm impacto no seu dia - a - dia? Concordo totalmente | Concordo | Não concordo nem discordo | Discordo | Discordo totalmente 3.2. Se sim, indique por breves palavras de que forma. 3.3. Indique pelo menos uma habilidade ou talento que desenvolveu no decorrer da sua participação. 4. Coesão Comunitária, isto é, partilha de valores, objetivos, atitudes e hábitos dentro da mesma comunidade.
Sampaio, C., Ferreira, M. R., Borges, A. Finisterra, LX (12 9 ), 202 5 , e 35377 16 4.1. A realização de atividades ou ações que permitem a participação e a integração de toda a população atribuí ao bairro sensações positivas, de acolhimento e seguranç a? Concordo totalmente | Concordo | Não concordo nem discordo | Discordo | Discordo totalmente 4.2. Considera que a informação divulgada sobre as atividades ou ações é ajustada ou tem acesso à mesma? Concordo totalmente | Concordo | Não concordo nem discordo | Discordo | Discordo totalmente 5. Dimensões Barreiras: Financiamento e rotatividade dos projetos de intervenção comunitária, ou seja, constante término dos projetos e alteração por outros diferentes. 5.1. Selecione três obstáculos que influenciam a participação comunitária: Mudança dos projetos de intervenção com frequência Alteração frequente dos técnicos que se encontram nos projetos Inexistência de uma pessoa da comunidade do bairro que facilite a comunicação entre a p opulação e os técnicos Sentir que não é capaz de participar (poucos estudos) Relações conflituosas com outras pessoas Falta de interesse pelas atividades/ações realizadas Ver o espaço bairro como um espaço perigoso e violento Reduzida identificação com o g rupo Outro, qual? 5.3. Dos obstáculos identificados anteriormente, indique uma possível medida para facilitar a participação 6. Estigma Social, é a colocar "de parte" de pessoas que têm características ou crenças diferentes das restantes pessoas da comunidade. 6.1. Verifica a presença de um “olhar diferente” por parte da comunidade para com o bairro? Concordo totalmente | Concordo | Não concordo nem discordo | Discordo | Discordo totalmente 6.2. Considera que compromete o seu dia - a - dia? Se sim, de que forma? 6.3. O ambiente do local onde vive compromete o seu envolvimento comunitário? Concordo totalmente | Concordo | Não concordo nem discordo | Discordo | Discordo totalmente 6.4. Indique uma atividade/ação que deixou de realizar por não se sen tir integrado. 6.5. A tividades consideradas mais femininas ou com maior presença feminina coloca os homens que participam numa posição frágil na comunidade? Concordo totalmente | Concordo | Não concordo nem discordo | Discordo | Discordo totalmente 6.6 . Do seu conhecimento, indique um motivo/fator que justifica a baixa participação dos homens na comunidade. 6.7. Sente que já foi excluído (dentro do próprio bairro) por ter uma caraterística que o diferencia das outras pessoas? Concordo totalmente | Conc ordo | Não concordo nem discordo | Discordo | Discordo totalmente 7. Caráter Estrutural, a forma como algo é construído e forma de funcionamento. 7.1. O próprio bairro e o seu ambiente influenciam a sua motivação e a oportunidade de participar? Concordo totalmente | Concordo | Não concordo nem discordo | Discordo | Discordo totalmente 7.2. O comprometimento com as ações, ou seja, a duração ou o seu horário pode ser um fator que condiciona a sua participação? Concordo totalmente | Concordo | Não concordo nem discordo | Discordo | Discordo totalmente 7.3. Sente que a existência de uma situação que possa não se encontrar como pretendido na sua área habitacional influencia a sua motivação e capacidade para integrar a comunidade?
Sampaio, C., Ferreira, M. R., Borges, A. Finisterra, LX (12 9 ), 202 5 , e 35377 17 Concordo totalmente | Concordo | Não concordo nem discordo | Discordo | Discordo totalmente Nível de entendimento das questões 5 Entendeu perfeitamente , 4 Entendeu , 3 Não sabe se entendeu , 2 Não entendeu , 1 Não entendeu de todo Questões 1.1. a 1. 5. | Questão 2.1. | Questões 3.1 a 3.3. | Questões 4.1 a 4.2 | Questões 5.1. a 5.3. Questões 6.1. a 6.7. | Questões 7.1. a 7.3. | Questões 1.1. a 1.5. | Questão 2.1. | Questões 3.1 a 3.3. Questões 4.1 a 4.2 | Questões 5.1. a 5.3. | Questões 6.1. a 6.7. | Questões 7.1. a 7.3. Anexo V Inquérito por questionário - Não participantes O inquérito por questionário a aplicar pretende avaliar e analisar o impacto da intervenção sócio ocupacional no processo de (re)estruturação da população em situação de vulnerab ilidade social que reside em contexto de habitação social. Os objetivos deste estudo compreendem: conhecer e avaliar a perceção dos moradores em relação ao espaço bairro, a sua identidade social e cultural; conhecer e compreender a influência do processo de integração e o nível de participação nas dinâmicas do bairro e conhecer as vantagens, o impacto, os benefícios e barreiras de uma intervenção comunitária sócio ocupacional para a coesão social do próprio bairro através da perspetiva dos moradores e para a melhoria da intervenção comunitária sócio ocupacional na prática. Neste sentido, o seguinte inquérito por questionário é aplicado a um universo de moradores residentes em dois bairros sociais de Fafe e de Guimarães tratando - se, portanto, de um estudo de caso e contando com a resposta de um público - alvo de participantes e de não participantes. Assim sendo, com este trabalho pretende - se unicamente obter e acrescentar conhecimento académico ao já existente, pelo que possibilitará beneficiar o círculo da comunidade científica. Poderá, inclusive, a partir deste conhecimento g erar contributos para os participantes ou terceiros num futuro próximo. As respostas serão recolhidas até à data de 29 - 09 - 2023. O questionário em apreço destina - se ao público - alvo não participante. 1. Faixa etária Dos 20 anos aos 40 anos de idade Dos 40 anos aos 60 anos de idade Dos 60 anos aos 80 anos de idade Dos 80 anos aos 100 anos de idade 2. Género Feminino Masculino Prefiro não responder 3. Habilitações Literárias 1º ciclo 2º ciclo 3º ciclo Secundário/Profissional Ensino Superior S/Escolaridade Indique a razão pela qual não participa nas atividades 1. Dimensões Benefícios: Inclusão Social, conjunto de ações com vista a melhorar as condições de participação na sociedade das pessoas mais vulneráveis. 1.1. Considero - me integrado/a na comunidade onde vivo? Concordo totalmente | Concordo | Não concordo nem discordo | Discordo | Discordo totalmente
Sampaio, C., Ferreira, M. R., Borges, A. Finisterra, LX (12 9 ), 202 5 , e 35377 18 Em caso de discordância, indique um fator/motivo. 1.2. Que sentimentos se encontram associados à falta de integração? Relações de vizinhança conflituos as Baixa participação na comunidade Desinteresse pela vida no bairro ou por manter um espaço agradável Desinteresse pela participação em atividades ou ações desenvolvidas Isolamento Outro, qual 1.3. Quando pensa no bairro que sentimentos lhe surgem? Indique pelo menos 2 sentimentos. 1.4. A presença de pessoas de diferentes culturas/etnias e/ou língua é um entrave à participação? Concordo totalmente | Concordo | Não concordo nem discordo | Discordo | Discordo totalmente 2. Coesão Comunitária, isto é, partilha de valores, objetivos, atitudes e hábitos dentro da mesma comunidade. 2.1. Mesmo não participando, considera que a realização de atividades ou ações que promovem a integração da população e atribuí ao bairro sensações positivas, de acolhimento e segurança? Concordo totalmente | Concordo | Não concordo nem discordo | Discordo | Discordo totalmente 2.2. Considera que a informação divulgada sobre as atividades ou ações é ajustada ou tem acesso à mesma? Concordo totalmente | Concordo | Não conc ordo nem discordo | Discordo | Discordo totalmente 3. Dimensões Barreiras: Financiamento e rotatividade dos projetos de intervenção comunitária, ou seja, constante término dos projetos e alteração por outros diferentes. 3.1. Selecione três obstáculos qu e influenciam a participação comunitária: Mudança dos projetos de intervenção com frequência Alteração frequente dos técnicos que se encontram nos projetos Inexistência de uma pessoa da comunidade do bairro que facilite a comunicação entre a população e os técnicos Sentir que não é capaz de participar (poucos estudos) Relações conflituosas com outras pessoas Falta de interesse pelas atividades/ações realizadas Ver o espaço bairro como um espaço perigoso e violento Reduzida identificação com o grupo Outro, qual? 3.2 . Dos obstáculos identificados anteriormente, indique uma possível medida para facilitar a participação 4. Estigma Social, é a colocar "de parte" de pessoas que têm características ou crenças diferentes das restantes pessoas da comunidade. 4.1. Verifica a presença de um “olhar diferente” por parte da comunidade para com o bairro? Concordo totalmente | Concordo | Não concordo nem discordo | Discordo | Discordo totalmente 4.2. Considera que compromete o seu dia - a - dia? Se sim, de que forma? 4 .3. O ambiente do local onde vive compromete o seu envolvimento comunitário? Concordo totalmente | Concordo | Não concordo nem discordo | Discordo | Discordo totalmente 4.4. Indique uma atividade/ação que deixou de realizar por não se sentir integrado. 4.5. Atividades consideradas mais femininas ou com maior presença feminina coloca os homens que participam numa posição frágil na comunidade?
Sampaio, C., Ferreira, M. R., Borges, A. Finisterra, LX (12 9 ), 202 5 , e 35377 19 Concordo totalmente | Concordo | Não concordo nem discordo | Discordo | Discordo totalmente 4.6. Do seu conhecim ento, indique um motivo/fator que justifica a baixa participação dos homens na comunidade. 4.7. Sente que já foi excluído (dentro do próprio bairro) por ter uma caraterística que o diferencia das outras pessoas? Concordo totalmente | Concordo | Não concordo nem discordo | Discordo | Discordo totalmente 5. Caráter Estrutural, a forma como algo é construído e forma de funcionamento. 5.1. O próprio bairro e o seu ambiente influenciam a sua motivação e a oportunidade de participar? Concordo tot almente | Concordo | Não concordo nem discordo | Discordo | Discordo totalmente 5.2. O comprometimento com as ações, ou seja, a duração ou o seu horário pode ser um fator que condiciona a sua participação? Concordo totalmente | Concordo | Não concordo ne m discordo | Discordo | Discordo totalmente 5.3. Sente que a existência de uma situação que possa não se encontrar como pretendido na sua área habitacional influencia a sua motivação e capacidade para integrar a comunidade? Concordo totalmente | Concordo | Não concordo nem discordo | Discordo | Discordo totalmente Nível de entendimento das questões 5 Entendeu perfeitamente, 4 Entendeu, 3 Não sabe se entendeu, 2 Não entendeu, 1 Não entendeu de todo Questões 1.1. a 1.4. | Questões 2.1. a 2.2. | Questões 3.1. a 3.3. | Questões 4.1. a 4.7. | Questões 5.1. a 5.3.