Periorbitopatia associada às Prostagladinas

Autores

  • Marta Inês Silva Centro Hospitalar de São João

DOI:

https://doi.org/10.48560/rspo.13615

Palavras-chave:

Análogos das prostaglandinas, atrofia da gordura periorbitária, aprofundamento do sulco da pálpebra superior, perda das bolsas de gordura inferior, involução de dermatocalásia

Resumo

Introdução

As alterações dos tecidos moles orbitários em doentes em tratamento com análogos de prostaglandinas (APGs) tópicos têm sido amplamente descritas e são na globalidade designadas como “periorbitopatia associada às prostaglandinas”. Esta entidade, descrita pela primeira vez em 2004, inclui a atrofia da gordura periorbitária, o aprofundamento do sulco da pálpebra superior, a ptose, a enoftalmia e a involução de dermatocalásia e está relacionada com o efeito inibitório da PGF2α na diferenciação dos adipócitos. Ainda se desconhece a prevalência e a percentagem de doentes que desenvolvem periorbitopatia. Com este trabalho pretende-se descrever as alterações periorbitárias encontradas em doentes que se encontram medicados com APGs.

Material e métodos

Foram incluídos doentes em seguimento em consulta de glaucoma de 3 especialistas, que se encontravam em tratamento com APGs tópicos em apenas um dos olhos. As regiões periorbitárias dos doentes foram fotografadas numa consulta e posteriormente 3 oftalmologistas, de forma independente, avaliaram a presença de atrofia da gordura periorbitária (AGP), de aprofundamento do sulco da pálpebra superior (ASPS), perda das bolsas de gordura inferior (PBI) e involução de dermatocalásia (ID). Estas alterações foram graduadas de 0 a 3 (0 correspondendo a ausência de diferença entre ambas as periórbitas, 1 ligeira, 2 moderada e 3 diferença significativa), comparando-se ambas as regiões periorbitárias de cada doente. Um score foi posteriormente atribuído para cada alteração através da média dos scores atribuídos. A análise estatística foi feita usando o software SPSS versão 23.

Resultados

Dos 49 doentes incluídos no estudo, 19 (39%) encontravam-se em tratamento com latanoprost, 18 (37%) com travoprost, 10 (20%) com bimatoprost e 2 (4%) com tafluprost, durante uma mediana de 34.5 [19; 54.8] meses. A mediana de idade dos doentes era de 75.5 [65.6; 82.3] e 71.4% eram homens. O ASPS, assim como a ID, foram as alterações periorbitárias mais frequentemente encontradas (75.5% dos doentes), seguindo-se a AGP (65.3%) e a PBI (42.9%). O teste de qui quadrado mostrou diferença na presença de PBI que foi significativamente menor com o latanoprost e bimatoprost vs. tafluprost e travoprost. Relativamente à média de scores, o ASPS e a ID foram aqueles que obtiveram um maior score, com score médio de 1.0, seguindo-se o AGP (score médio de 0.7) e da PBI (score médio de 0.3). O latanoprost mostrou induzir menos ASPS e ID quando comparado com os outros APGs e o tafluprost foi o APGs com maior tendência para induzir ID mais grave.

Conclusão

Neste trabalho descrevem-se algumas das alterações periorbitárias induzidas pela aplicação tópica de APGs, sendo que o ASPS e a ID foram as alterações mais frequentemente observadas em doentes a aplicar APGs unilateralmente. O tafluprost e o travoprost mostraram induzir mais frequentemente PBI do que o latanoprost e bimatoprost. Quanto à gravidade das alterações induzidas, o ASPS e a ID foram as alterações mais grave, sendo que o latanoprost mostrou induzir menos ASPS e ID em comparação com os outros APGs e o tafluprost foi o APG que mostrou maior tendência para induzir uma ID mais grave, contudo a amostra de doentes a fazer tratamento com tafluprost era muito pequena.

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Publicado

2018-08-26

Como Citar

Silva, M. I. (2018). Periorbitopatia associada às Prostagladinas. Revista Sociedade Portuguesa De Oftalmologia, 42(1). https://doi.org/10.48560/rspo.13615

Edição

Secção

Artigos Originais