Memória Colectiva e Tempo Histórico
DOI:
https://doi.org/10.48487/pdh.2016.n2.23296Palavras-chave:
Memória colectiva, historicismo, memória orgânica, Marcel Proust, Maurice Halbwachs, finitude humanaResumo
Nas últimas décadas, o fenómeno da memória colectiva tem exercido uma influência crescente enquanto preocupação pública e intelectual. Com vista a enquadrar a preocupação contemporânea com esse fenómeno, este artigo centra-se na emergência do dis- curso da “memória colectiva” nos anos a seguir à Primeira Guerra Mundial. De acordo com a tese central do artigo, o discurso da “memória colectiva” foi provocado pelo declínio de interpretações mais tradicionais relativamente às origens da coesão sociopolítica no contexto uma experiência cada vez mais radical, ao longo do séc. XX, de deslocalização e descontinuidade nas condições de existência sociopolítica. Esta reorientação do quadro de análise da coesão sociopolítica apela à elaboração de uma filosofia de perspectivas de grupos finitos, incluindo – tal como ilustram os escritos de Maurice Halbwachs e de Marcel Proust – a demarcação cuidadosa entre o horizonte de memória colectiva partilhado por gerações vivas e o passado histórico que o extravasa.