Mecanismos Cerebrais de Aprendizagem pelo Reforço na Perturbação Obsessivo-Compulsiva

Autores

  • Pedro Castro-Rodrigues Champalimaud Research and Clinical Centre, Champalimaud Centre for the Unknown, Lisboa; Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, Lisboa; NOVA Medical School | Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa
  • Bernardo Barahona-Corrêa Champalimaud Research and Clinical Centre, Champalimaud Centre for the Unknown, Lisboa; Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Lisboa; NOVA Medical School | Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa.
  • Albino Oliveira-Maia Champalimaud Research and Clinical Centre, Champalimaud Centre for the Unknown, Lisboa; Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Lisboa; NOVA Medical School | Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa.

DOI:

https://doi.org/10.25752/psi.14740

Palavras-chave:

Perturbação Obsessivo- -Compulsiva, Disfunção Cortico-Estriado- -Talâmico-Cortical, Cortex Orbitofrontal, Aprendizagem pelo Reforço

Resumo

Introdução: A Perturbação Obsessivo-Compulsiva (POC) é uma perturbação neuropsiquiátrica crónica cujo tratamento, farmacológico ou psicoterapêutico, é ineficaz numa percentagem significativa de casos, exigindo uma melhor compreensão da perturbação. Estudos realizados nestes doentes sugerem a existência de disfunção nos sistemas cerebrais responsáveis pela aprendizagem de novas acções, nomeadamente em circuitos cortico-estriados. No entanto, não há consenso sobre a forma como tal disfunção poderá estar relacionada com a sintomatologia obsessivo-compulsiva, nem sobre o potencial terapêutico de neuromodulação das áreas cerebrais envolvidas.

Objectivos: Rever os achados neuroimagiológicos e comportamentais relacionados com a aprendizagem de acções na POC bem como a sua eventual relevância terapêutica.

Métodos: Revisão não-sistemática da literatura, utilizando as palavras-chave “obsessive-compulsive disorder”, “neuroimaging”, “corticostriatothalamic dysfunction model”, “instrumental learning”, “reinforcement learning”, “deep brain stimulation” e “transcranial magnetic stimulation”.

Resultados: Em tarefas de aprendizagem pelo reforço, os doentes com POC apresentam dificuldade em desenvolver comportamentos intencionais ou baseados num modelo da tarefa, observando-se predominantemente comportamentos habituais. Por outro lado, os achados neuroimagiológicos mais consistentes na POC são a diminuição de volume e hiperactividade do córtex orbitofrontal (COF), assim como a hiperactividade do núcleo caudado, sendo que qualquer uma destas áreas tem envolvimento conhecido na aprendizagem pelo reforço. Na verdade, estudos em roedores permitiram demonstrar que o COF, em particular o COF lateral, desempenha um papel crucial no controlo da transição entre comportamentos habituais e comportamentos intencionais, sugerindo que este possa ser um défice nuclear na POC.

Conclusões: Apesar de todo o progresso nesta área, são necessárias novas tarefas de aprendizagem pelo reforço para caracterizar melhor o funcionamento do COF em doentes com POC, e para explorar os efeitos comportamentais da neuromodulação dessa região cerebral, com eventual potencial terapêutico.

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Publicado

2018-07-02

Edição

Secção

Actas