Revista de Ciências Agrárias https://revistas.rcaap.pt/rca <p>A Revista de Ciências Agrárias edita artigos científicos ou técnicos e revisões bibliográficas, inéditos, no âmbito das Ciências Agrárias e afins, e aceita manuscritos de sócios e não sócios da Sociedade de Ciências Agrárias de Portugal (SCAP).</p> Sociedade de Ciências Agrárias de Portugal pt-PT Revista de Ciências Agrárias 0871-018X Avaliação da estabilidade temporal de zonas homogéneas de gestão (ZHG) em pastagens permanentes https://revistas.rcaap.pt/rca/article/view/34485 <p>A Agricultura de Precisão (AP) procura validar ferramentas tecnológicas que permitam captar a variabilidade espacial das culturas e do solo, o que constitui a base para o estabelecimento de zonas homogéneas de gestão (ZHG). Os sensores que medem a condutividade elétrica aparente do solo (CE<sub>a</sub>) são exemplo destas ferramentas no levantamento da variabilidade espacial das caraterísticas do solo. A estabilidade temporal dos padrões de variabilidade espacial da CE<sub>a</sub> é essencial para assegurar corretas decisões a médio e longo prazo. Neste estudo, foram usados dois sensores de CE<sub>a</sub>, um sensor de contacto (Veris 2000 XA) e um sensor de indução eletromagnética (EM-38), em quatro parcelas de pastagens permanentes de sequeiro no Alentejo. O levantamento com o sensor de contacto foi realizado em outubro de 2018 e o levantamento com o sensor de indução foi realizado em setembro de 2020. Este estudo teve como objetivo avaliar a estabilidade temporal dos padrões das ZHG resultantes de medições da CE<sub>a </sub>com diferentes sensores em diferentes datas. O processamento de dados incluiu a sincronização das coordenadas geográficas obtidas pelos dois sensores em cada parcela e o estabelecimento de ZHG a partir de análise geoestatística, tanto da CE<sub>a</sub> como da altimetria. Apesar das condições do solo serem diferentes, nomeadamente em termos de humidade, e dos sensores terem uma forma diferente de medição (de contacto versus não contacto), os valores da CE<sub>a</sub> mostraram correlações estatisticamente significativas em todos os campos experimentais, o que se refletiu na estabilidade dos padrões espaciais das ZHG obtidas. Estes resultados abrem boas perspetivas para futuros desenvolvimentos, os quais deverão ocorrer ao nível dos algoritmos que permitam a validação da variabilidade espacial e da estabilidade temporal da CE<sub>a</sub> através de amostragem inteligente do solo, conduzindo a recomendações sustentadas ao nível da fertilização ou da correção do solo.</p> João Serrano José Marques da Silva Luís Paniágua Francisco Moral Direitos de Autor (c) 2024 Revista de Ciências Agrárias 2024-07-18 2024-07-18 47 2 373 382 10.19084/rca.34485 Definição e validação de zonas homogéneas de gestão (ZHG) na vinha: Estudo de caso https://revistas.rcaap.pt/rca/article/view/34605 <p>No contexto atual, de subida dos custos dos fatores de produção, é essencial otimizar a gestão dos recursos disponíveis, o que pressupõe a incorporação de tecnologias que melhorem o conhecimento sobre as variáveis envolvidas no processo produtivo. Este estudo teve por objetivo demonstrar o interesse de definir e validar zonas homogéneas de gestão (ZHG) numa vinha. Para o efeito foram realizados dois levantamentos expeditos da parcela experimental, um realizado com um sensor de contacto (“Veris 2000 XA”) para medir a resistividade do solo e, a partir desta, a condutividade elétrica aparente do solo (CE<sub>a</sub>), e outro realizado com um recetor GNSS (Global Navigation Satellite System) de precisão (RTK) que permitiu o levantamento altimétrico. Os resultados foram submetidos a tratamentos geoestatísticos que permitiram a definição de três ZHG com diferente potencial produtivo (menor, intermédio e maior). A validação das ZHG foi realizada a partir de parâmetros do solo (textura, pH, matéria orgânica, humidade, fósforo, potássio, bases de troca e capacidade de troca catiónica) e de medições da compactação (índice de cone, IC), realizadas com um cone penetrómetro eletrónico. A análise estatística dos resultados mostrou que todos estes parâmetros validaram as ZHG definidas a partir dos mapas da CE<sub>a </sub>e da altimetria. Esta validação comprova o interesse de ferramentas tecnológicas expeditas para monitorizar a CE<sub>a</sub> como uma etapa fundamental para implementar processos agronómicos inteligentes de tomada de decisão.</p> João Serrano Luís Paixão José Marques da Silva Francisco Moral Direitos de Autor (c) 2024 Revista de Ciências Agrárias 2024-07-18 2024-07-18 47 2 383 393 10.19084/rca.34605 Métodos para superar a dormência das sementes e a propagação vegetativa de Marula – revisão https://revistas.rcaap.pt/rca/article/view/35139 <p><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;">A produção de marula em África tem uma importância social, econômica e medicinal significativa. </span></span></span></span></span></span></span><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;">A região semiárida de Minas Gerais, Brasil, apresenta grande potencial para o cultivo de marula, pois as condições edafoclimáticas se assemelham às de seu habitat nativo. </span></span></span></span></span></span></span><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;">Portanto, estudos relacionados à propagação desta espécie no semiárido são essenciais para avanços em diversas áreas relacionadas à produção de marula. </span></span></span></span></span></span></span><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;">As sementes de Marula apresentam uma dormência ainda indefinida e os métodos para superar esta dormência não estão bem estabelecidos. </span></span></span></span></span></span></span><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;">Além disso, não foi estabelecido um protocolo para propagação vegetativa. </span></span></span></span></span></span></span><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;">Consequentemente, existem obstáculos a serem superados para viabilizar a produção comercial de mudas de marula. </span></span></span></span></span></span></span><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;">Além disso, as pesquisas sobre essa cultura no Brasil são limitadas, apesar do potencial de estabelecimento do cultivo de marula no semiárido do país, proporcionando mais uma opção alimentar para a população brasileira, além de suas propriedades medicinais e do potencial de geração de recursos. </span></span></span></span></span></span></span><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;"><span style="vertical-align: inherit;">e geração de rendimento em zonas áridas, desempenhando assim um papel na redução da pobreza e no fortalecimento da agricultura na região semi-árida</span></span></span></span></span></span></span></span></p> João Rafael Prudêncio dos Santos Mirna Ariane Taveira de Sousa e Souza Bruno Soares da Silva Andreia Marcia Santos de Souza David Lucas Vinícius de Souza Cangussú Debora Cristina Santos Custodio Janaína Beatriz Borges Kennia Karoline Gonçalves Pereira Direitos de Autor (c) 2024 Revista de Ciências Agrárias 2024-07-18 2024-07-18 47 2 394 401 10.19084/rca.35139 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE SEMENTES DE Cajanus cajan (L.) Millsp PRODUZIDAS SOB SISTEMA DE IRRIGAÇÃO SUSTENTÁVEL https://revistas.rcaap.pt/rca/article/view/35489 <p>Para enfrentar o desafio das mudanças climáticas e da escassez de água, busca-se desenvolver sistemas de irrigação mais eficientes e acessíveis, como o uso de potes de argila e sua aplicação em sistemas agroflorestais. O estudo teve como objetivo avaliar a qualidade das sementes de feijão guandu (Cajanus cajan), provenientes de cultivo agroflorestal com e sem irrigação. O trabalho foi realizado na Fazenda Experimental da Universidade Federal do Oeste do Pará, em Santarém, estado do Pará, Brasil, avaliando variáveis relacionadas ao teste germinativo como percentual de germinação, tempo médio de germinação, índice de velocidade de germinação, coeficiente de velocidade de germinação e percentual de umidade. Os resultados indicaram que a irrigação subterrânea por meio de potes de argila influencia positivamente o vigor e a capacidade germinativa das sementes. Por outro lado, o tempo de armazenamento afetou negativamente a viabilidade das mesmas. Como conclusões, observa-se que embora a caracterização biométrica e a massa de mil sementes não tenham demonstrado variações significativas em função dos tratamentos aplicados, importantes diferenças foram observadas no vigor e na capacidade germinativa das sementes, influenciadas pelo método de irrigação no cultivo e pelo tempo de armazenamento. A constatação de que a irrigação subterrânea, via capilaridade por potes de argila, influencia o potencial germinativo, e que o tempo de armazenamento afeta negativamente a viabilidade das sementes, sublinha a necessidade de práticas agrícolas otimizadas e estratégias de conservação que prolonguem a vida útil das sementes, garantindo a sustentabilidade e eficiência da produção.</p> Gisele de Vasconcelos Freitas Anselmo Júnior Corrêa Araújo Daniela Pauletto Sabrina Emily Pedroso Vidal Lucieta Guerreiro Martorano Direitos de Autor (c) 2024 Revista de Ciências Agrárias 2024-07-18 2024-07-18 47 2 402 409 10.19084/rca.35489 Efeito da fertilização na produção, no crescimento e queda dos figos das cultivares ‘Preto de Torres Novas’ e ‘Pingo de Mel’ https://revistas.rcaap.pt/rca/article/view/30172 <p>A fertilização das figueiras é uma técnica cultural realizada por muitos produtores da região de Torres Novas de forma inadequada refletindo-se em baixas produções e baixa qualidade dos frutos. Atendendo a este problema, foi objetivo deste estudo avaliar a produção, o crescimento e a queda dos figos comparando a fertilização que é realizada com base na intuição do agricultor (tradicional) com a fertilização que é baseada na produção esperada, na análise de solos e de folhas do ano anterior e nos valores de referência (racional).</p> <p>Os resultados indicam que a fertilização racional teve uma significativa influência na produtividade das figueiras da variedade ‘Preto de Torres Novas’ e ainda no crescimento em diâmetro dos figos, induzindo a uma maior formação de frutos e reduzindo a queda dos mesmos.</p> <p>Já no caso da variedade ‘Pingo de Mel’, nenhuma das modalidades de fertilização mostrou um efeito considerável na produtividade e no crescimento em diâmetro dos frutos em ambos os anos. Não houve diferenças significativas na evolução do número de figos vindimos/ramo em 2021. Verificou-se, no entanto, uma redução da queda dos figos em ambos os anos nas figueiras que foram sujeitas a uma fertilização racional.</p> <p>Este estudo foi realizado no âmbito do projeto GoFigoProdução, iniciativa 321, financiado pelo Programa de Desenvolvimento Rural 2014-2020 que teve como objetivo melhorar a qualidade dos pomares de figueiras através da modernização das técnicas utilizadas e da eficiente utilização do solo.</p> João Vieira Catarina Lourenço Rui Sousa Cristina Oliveira Direitos de Autor (c) 2024 Revista de Ciências Agrárias 2024-07-18 2024-07-18 47 2 410 419 10.19084/rca.30172 Lixiviação de nitratos em diferentes tipos de solos e sistemas de produção agrícola na Zona Vulnerável a Nitratos de Esposende-Vila do Conde https://revistas.rcaap.pt/rca/article/view/32778 <p>Em 1997 através da Portaria nº 1037/1997 de 1 de outubro foi constituída a Zona Vulnerável n.º 1- Aquífero livre entre Esposende e Vila do Conde, que consta da lista de Zonas Vulneráveis a Nitratos (ZVN) como uma das nove atualmente existentes em Portugal Continental, sendo designada de Zonas Vulnerável Esposende-Vila do Conde.</p> <p>Neste sentido, desde 2007 que a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAP Norte) monitoriza esta ZVN com uma metodologia de acompanhamento que implica recolha de dados, análise, extensão rural e formação de técnicos e agricultores como um meio de apoiar a implementação do Programa de Ação para as Zonas Vulneráveis de Portugal Continental (Portaria n.º 259/2012, de 28 de agosto).</p> <p>Com base nessa metodologia, este trabalho teve como objetivo analisar e divulgar os resultados obtidos em 3.764 análises de água realizadas entre 2008-2022 em 12 pontos fixos onde é monitorizada com uma periodicidade quinzenal a quantidade de nitratos (NO<sub>3</sub><sup>-</sup>), tendo como principais fatores diferenciadores os tipos de solos e o sistema de produção agrícola onde estes se encontram.</p> <p>Os resultados obtidos apontam para uma tendência de redução das concentrações médias anuais, com oscilações anuais significativas (por tipo de solo, local e sistema de produção) e concentrações mais elevadas em arenossolos com horticultura intensiva.</p> Bruno Alexandre de Sousa Leitão Abel Nogueira Afonso Silva André Peixoto António Duarte José Lima Marta Teixeira Paulo Arezes Susana Saraiva Direitos de Autor (c) 2024 Revista de Ciências Agrárias 2024-07-18 2024-07-18 47 2 420 429 10.19084/rca.32778 Especies introducidas como síntoma de degradación https://revistas.rcaap.pt/rca/article/view/35923 <p>Las especies exóticas introducidas suelen considerarse a veces como oportunistas, llegadas a sus hábitats de acogidas por errores, o simplemente por casualidad. Sin embargo, la vulnerabilidad de un ecosistema puede ser evaluada en función de una serie de especies exóticas que puedan poseer. En este estudio se ha seleccionado una docena de especies exóticas invasoras de Canarias (“dirty dozen”, seleccionadas del Real Decreto 630/2013 y del Real Decreto 216/2019) y se ha realizado una prospección de carreteras de costa a cumbre (5), atravesando todas ellas los principales ecosistemas zonales de la isla. Se seleccionaron cinco carreteras que van desde los casi 0 metros a nivel del mar hasta los 2450 metros la que más altura tiene. Las especies más ampliamente distribuidas que hemos encontrado han sido Pennisetum setaceum, Nicotiana glauca y Agave americana, altamente relacionadas con la degradación del medio o agricultura. Aquellos ecosistemas más relacionados con la agricultura son los más vulnerables a la penetración de especies exóticas, y es un resultado que se mantiene para las zonas de barlovento y sotavento, coincidente con el termófilo, que es el sitio donde inicialmente se estableció la agricultura en Canarias. También se ha podido determinar cómo la altitud, sobre todo a partir de los 1700 metros, actúa como un filtro que impide la colonización por especies invasoras ya que las condiciones ambientales preferentes de dichas especies son las de medianías, que son las que coinciden con el establecimiento de la agricultura.</p> Cristina González-Montelongo Agustín Naranjo Cigala José Ramón Arévalo Direitos de Autor (c) 2024 Revista de Ciências Agrárias 2024-07-18 2024-07-18 47 2 430 434 10.19084/rca.35923