O turismo e a invenção de uma política: escalas, territórios e governança (Portugal, 1906-1936)
Mots-clés :
turismo, ação pública, Estado, identidade local, PortugalRésumé
Este artigo propõe um quadro geral de interpretação do contexto histórico de produção de um discurso político sobre o “turismo” em Portugal durante as primeiras décadas do século xx. Ao longo deste período, e na ausência de políticas institucionais estáveis, uma rede mais ou menos informal de atores sociais ocupa um lugar central na definição da ação pública no domínio do turismo. As condições práticas de elaboração, partilha e difusão de uma linguagem comum tiveram uma grande relevância no processo de formação deste “mundo do turismo”. De uma forma mais específica, pretendo aqui frisar a importância que o turismo teve na reflexão sobre o modo de articulação entre ações políticas locais e nacionais, e os limites da ação do Estado. O meu argumento é baseado na análise dos debates em torno da definição do quadro administrativo mais adaptado à implementação de uma política turística que fosse ao mesmo tempo coerente à escala nacional e eficiente à escala local. Este debate atinge o apogeu durante o I Congresso Nacional de Turismo, organizado em Lisboa, em janeiro de 1936.