“Entre predadores”: o lugar dos humanos, do lince ibérico e de outros carnívoros selvagens

Autores

  • Margarida Lopes Fernandes Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), Divisão de Conservação da Biodiversidade; Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA); NOVA Faculdade de Ciências Sociais e Humanas; Lisboa, Portugal, margaridalopesfernandes@fcsh.unl.pt
  • Clara Espírito-Santo Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA); NOVA Faculdade de Ciências Sociais e Humanas; Human Dimensions Consultant, independent researcher; Leiria, Portugal, cesanto@hotmail.com
  • Amélia Frazão-Moreira Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA); NOVA Faculdade de Ciências Sociais e Humanas; Lisboa, Portugal, amoreira@fcsh.unl.pt

Resumo

Seguindo uma abordagem etnoecológica, estudámos as perceções e classificações empíricas e práticas sobre os predadores selvagens em áreas protegidas portuguesas. Em 131 entrevistas semiestruturadas analisámos os processos de classificação, os critérios usados por atores-chave e a compreensão de uma perspetiva émica sobre a diferenciação do mundo natural. Uma análise de conteúdo e dados de observação indicam um conhecimento ecológico local associado às características biológicas dos carnívoros. Memórias sobre a coexistência com lobo e lince no Baixo Alentejo são descritas. Os humanos são reconhecidos como um entre os predadores numa perspetiva complexa e aparentemente dualista dos domínios doméstico e selvagem. O lince ibérico, espécie ameaçada, suscita particular interesse localmente à medida que a sua reintrodução se processa e passa de “intruso” a objeto de turistificação. Este estudo de caso caracteriza o cenário “entre predadores” num contexto rural europeu em que a conservação da natureza encara desafios e a Antropologia oferece uma oportunidade de aplicabilidade interdisciplinar.

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Publicado

2023-07-18

Edição

Secção

Interdisciplinaridades