Fases portadoras do arsénio em solos da área mineira de São Domingos e em solos não contaminados do Pomarão e Serra do Caldeirão

Autores

  • M. M. Abreu
  • E. S. Santos
  • M. C.F. Magalhães
  • C. Nabais

DOI:

https://doi.org/10.19084/rca.15656

Resumo

A mina de São Domingos situa-se a SE de Portugal na Faixa Piritosa Ibérica. No tempo dos romanos foi feita a exploração intensiva de ouro, cobre e prata a partir do gossan e, nos tempos modernos fez-se também a exploração dos sulfuretos maciços de cobre com teores elevados de arsénio, zinco e chumbo.

Para avaliar a perigosidade que representa o arsénio para o meio determinou-se a sua distribuição pelas várias fases suporte nos solos desenvolvidos sobre as escombreiras de gossan, tendo como referência solos não contaminados do Pomarão (SE Portugal) e da Serra do Caldeirão (S Portugal). Os solos (fracção <2 mm) foram caracterizados através de metodologia clássica relativamente ao pH (H2O), granulometria, capacidade de troca catiónica, óxidos de Fe e Mn e mineralogia. Nos solos determinou-se o teor total de As, Cu, Fe, Mn, Pb e Zn por análise instrumental por activação de neutrões após digestão ácida e, o teor de As associado às várias fases suporte (complexo de troca, matéria orgânica, óxidos de Fe totais e não cristalinos e óxidos de Mn) através de espectrometria de absorção atómica com geração de hidretos após extracção química selectiva, com reagentes específicos, em modo paralelo.

Os solos da mina de São Domingos contêm teores totais elevados de As (1940-3030 mg kg -1) porém, a fracção disponível é muito baixa (< 0,02% do total) sendo inferior à mesma fracção nos solos do Pomarão e da Serra do Caldeirão, onde corresponde em média, respectivamente, a 0,13 e 1% do total. À fracção residual corresponde, nos solos da área mineira, a maior concentração em As (91-94% do total) porém, nos solos do Pomarão e da Serra do Caldeirão a fracção ligada aos óxidos de Fe cristalinos foi a mais significativa (respectivamente, 24 e 37% do total). Nos solos de São Domingos foram identificadas várias fases sólidas con-tendo arsenatos como: carminite (Fe2Pb(AsO4)2(OH)2), mimetite (Pb5(AsO4)3Cl), segnitite (Fe3Pb(AsO4) (HAsO4)(OH)6) e mais raramente kankite (FeAsO43.5H2O) que sendo muito insolúveis podem explicar a baixa disponibilidade do arsénio nestes meios. Apesar de o arsénio total nos solos da área mineira ser muito elevado este ocorre em formas que, nas condições físicoquímicas actuais, não representam perigosidade ambiental.

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Publicado

2018-11-21

Edição

Secção

Geral