O Público Não Quer a Verdade, Mas a Mentira que Mais Lhe Agrade

Fatores de Vulnerabilidade da Sociedade Portuguesa à Desinformação

Autores

  • Inês Narciso Doutoranda em Sociologia no ISCTE-IUL
  • Ana Costa Universidade de Edimburgo.

Palavras-chave:

Desinformação, Público, Mentira, Políticas Públicas, Fake news

Resumo

A complexidade da desinformação exige uma análise e uma resposta multidisciplinar, sustentada na identificação de fatores de risco e na sua mitigação. Para além dos contextos económico-sociais que permeiam a recetividade das populações à desinformação, como acontece atualmente em contexto de pandemia, identificaram-se três áreas de atuação preferencial onde as políticas públicas poderão ter um impacto direto e positivo: 1) no âmbito das caraterísticas da população, promovendo a literacia digital, sobretudo entre grupos mais vulneráveis; 2) nos índices de confiança destes grupos na comunicação social e nas instituições oficiais; 3) nas ações diretas destas instituições que visem conhecer o fenómeno para o regular de forma sustentada. Em Portugal, assiste-se a um desfasamento entre, por um lado, o desenvolvimento tecnológico das instituições e o uso cada vez mais frequente da Internet e, por outro lado, o conhecimento real dos utilizadores sobre os riscos e as vulnerabilidades da navegação online e particularmente nas redes sociais, nomeadamente sobre a desinformação. Apesar de os índices de confiança na comunicação social e nas instituições ligadas à ciência permanecerem elevados, apresenta-se como forte vulnerabilidade os baixos níveis relativamente às instituições governamentais. Por fim, reconhecendo esforços realizados no sentido de acompanhar algumas iniciativas europeias, em Portugal falta legislação e investimento em investigação sobre a desinformação e os projetos promovidos não têm ainda resultados práticos que façam face às vulnerabilidades detetadas. Perspetivar a evolução e agir para minimizar o potencial impacto desta ameaça contribuirão para proteger os portugueses e as instituições, salvaguardando competências e acesso a informação de qualidade que são condição necessária para uma democracia saudável.

Biografias Autor

Inês Narciso, Doutoranda em Sociologia no ISCTE-IUL

Mestre em Criminologia pela Universidade de Leicester e doutoranda em Sociologia no ISCTE-IUL. Colaboradora do MediaLab do ISCTE-IUL.

Ana Costa, Universidade de Edimburgo.

Licenciada em Criminologia pela Universidade do Porto e Mestre em Crime Global pela Universidade de
Edimburgo.

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Publicado

2023-03-28