Reflexões sobre o Campo de Batalha no Século XXI
Resumo
A luta contra as novas ameaças veio colocar as democracias liberais perante questões de difícil resolução, não só quanto à legitimidade do recurso à força, mas sobretudo quanto à legalidade do modus operandi. Num contexto muito marcado pela natureza errática da ameaça terrorista, pelas novíssimas tácticas “do fraco ao forte”, pela importância decisiva da guerra pela informação e pela hiper-sensibilidade das populações às baixas em combate, a resposta das democracias liberais tem de ser intimamente coordenada entre todas. Em primeiro lugar, é preciso que o conceito de vitória militar integre um conteúdo mais político e construtivo do que o actual. Em seguida, uma vez que o inimigo pode pôr em prática modalidades de actuação que tornam parcialmente ineficaz o uso da força militar nos moldes tradicionais, há que conceber modalidades de acção baseadas na utilização caso a caso dessa força e pôr ao seu serviço um novo instrumento militar. Depois, visto que a eficácia militar passou a ser avaliada mais pelas percepções que se formam na opinião pública do que por aquilo que efectivamente ocorre no terreno, é preciso vencer a “guerra das imagens”. Finalmente, tem de se encontrar uma saída coerente para o impasse gerado pela aversão às baixas em combate, um sentimento que afectará negativamente a operacionalidade das forças militares, ao mesmo tempo que robustecerá a determinação dos inimigos.
