Contributo para o conhecimento da agrodiversidade no concelho de Santa Cruz, Madeira
Agrodiversidade e a Agricultura na Madeira
DOI:
https://doi.org/10.19084/rca.16658Resumo
O concelho de Santa Cruz, costa sul da Madeira, com 81,5 km2, tem 4 patamares climáticos e diferentes condições agroecológicas. A evolução da agrodiversidade iniciou-se, com o povoamento, e sofreu alterações históricas e geográficas. Num primeiro período, a agrodiversidade biofísica, específica e intraespecífica aumentou e diversificou-se, devido à construção de agrossistemas, introdução de culturas, sucessão de ciclos agrícolas, adaptação às condições agroecológicas, pragas, doenças ou ação do homem. Neste período está documentada a introdução de um elevado número de espécies agrícolas e o aparecimento de variedades locais. Num período posterior, a agrodiversidade sofreu uma drástica redução, com a diminuição das áreas agrícolas, abandono das culturas, extinção de variedades locais ou espécies agrícolas. Os registos históricos indicam a utilização de 72 espécies “agrícolas”, no concelho. As referências documentais indicam como culturas mais importantes o trigo, vinha, cana-sacarina, cevada, centeio e sumagre. Várias outras culturas desempenharam, um papel importante na economia do concelho, sendo cultivadas para fins alimentares, comerciais, industriais, culturais ou religiosos. A distribuição e adaptação destas espécies aos agrossistemas e condições agroecológicas deu origem a um número indeterminado de variedades locais. Apesar das limitações dos registos históricos algumas variedades locais remontam a entre 500 a 140 anos, nomeadamente o trigo da serra, castas malvasia e tinta antiga de Gaula, pêra caniça, banana da terra, feijão corno de carneiro e couve de João Ferino, que podem ser relacionadas com a histórica do concelho. A análise desta agrodiversidade foi realizada, a fim de estabelecer as alterações históricas e geográficas ocorridas em 11 culturas representativas do concelho.