Efeito do fogo na qualidade dos solos de florestas de Quercus suber: uma avaliação a longo prazo
DOI:
https://doi.org/10.19084/rca.28641Resumo
Os incêndios, embora devastadores, são parte essencial na formação da paisagem mediterrânica e de alguns processos ecológicos que aí ocorrem. Dependendo das características do fogo, as propriedades do solo podem alterar-se significativamente. Os efeitos do fogo a longo prazo ainda não são bem compreendidos, principalmente na região mediterrânica e em particular em sistemas florestais de sobreiro. Este estudo teve como objetivo avaliar, a longo prazo e a diferentes profundidades, as características químicas dos solos de sobreirais 16 anos após um incêndio, bem como a sua resiliência a esta perturbação. Este estudo realizou-se na Serra do Caldeirão (Sul de Portugal, Algarve). A amostragem de solos decorreu em 2020 e realizou-se principalmente em Leptossolos e em duas profundidades (0-5cm e 5cm – máxima profundidade) em parcelas ardidas em 2004 (n=25) e não queimadas (n=12). As amostras de solos foram caracterizadas quimicamente. Para a maioria dos parâmetros (excepto P extraível e C orgânico) não se verificaram diferenças significativas entre os dois cenários. As concentrações de P extraível (apenas para a camada superficial) e C orgânico (ambas profundidades) foram significativamente maiores nas parcelas queimadas. Os resultados evidenciam a recuperação natural das características químicas dos solos após o fogo e, consequentemente, uma considerável resiliência desses solos, bem como o papel da vegetação na dinâmica de recuperação do solo.