Reabilitação Cardíaca no doente coronário isquémico: determinação da capacidade para o exercício
DOI:
https://doi.org/10.33194/rper.2025.40863Palavras-chave:
Doença das coronárias, Reabilitação cardíaca, Teste de caminhada, Capacidade Funcional e SaúdeResumo
Introdução: A doença coronária isquémica apresenta uma alta taxa de mortalidade e incapacidade associada. A determinação da capacidade para o exercício é um passo fundamental na planificação do treino de exercício ao longo do programa de reabilitação cardíaca, permitindo assim reduzir o impacto negativo desta doença. O objetivo deste estudo é determinar a capacidade para o exercício após evento isquémico agudo e perceber se a mesma se encontra significativamente alterada face aos valores de referência.
Metodologia: Estudo transversal retrospetivo, com amostragem não probabilística de conveniência, recorrendo à avaliação da Prova de 6 minutos de marcha após síndrome coronário agudo com e sem supradesnivelamento do segmento ST, para caracterização da capacidade para o exercício em doentes após evento agudo. Comparou-se a distância percorrida com a distância teórica prevista com base na equação de Enright, sendo verificado se a diferença resultante destes dois parâmetros é diferente para os grupos de doentes com e sem supradesnivelamento do segmento ST.
Resultados: Foram incluídos 315 doentes no estudo, 76.2% do sexo masculino (n=240), com idade média de 62 anos (dp=11.6). Verificou-se uma diminuição da distância percorrida face à distância preditiva em ambos os grupos (com e sem supradesnivelamento ST), sendo esta mais acentuada no grupo com supradesnivelamento ST (p=0.039).
Discussão: A diferença decorrente das avaliações pressupõe uma perda funcional, provavelmente decorrente do internamento pelo evento agudo. Deste modo, uma determinação real do nível funcional irá permitir uma planificação mais ajustada do plano de treino de exercício atendendo ao evento que levou ao internamento. A utilização dos valores de referência com base nas equações existentes não parece estar ajustada à realidade e às necessidades dos doentes.
Conclusão: As equações preditivas existentes sobrestimam a capacidade para o exercício de doentes após evento coronário isquémico agudo. Sugere-se a determinação de uma nova equação que permita estimar a real capacidade para o exercício para esta tipologia de doentes.
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