Desenvolvimento ou Pós-Desenvolvimento? Des-Envolvimento e... Noflay!

Autores

  • Rogério Roque Amaro Departamento de Economia Política, ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, Av. das Forças Armadas,1649-026 Lisboa

Palavras-chave:

desenvolvimento, desenvolvimento comunitário, desenvolvimento sustentável, pós-desenvolvimento, buen vivir, noflay

Resumo

Pretende-se, neste artigo, contribuir para o debate e a reflexão sobre o sentido, a pertinência e a actualidade do conceito de desenvolvimento, tendo como provocação as críticas que lhe têm sido dirigidas pelos autores da corrente do “pós-desenvolvimento”. É ainda útil e pertinente falar e utilizar o conceito de desenvolvimento? Ou é uma palavra e um conceito definitivamente pervertido, desqualificado e irrecuperável, como defendem os “pós-desenvolvimentistas”? Assume-se neste artigo que a atitude mais interessante e enriquecedora é a que coloca alguns destes conceitos em diálogo e em interacção uns com os outros. Por isso, e simbolicamente, se termina propondo um diálogo inovador e desafiante entre o “des-envolvimento” (redescoberta semântica do sentido original dessa palavra) e o “noflay” (palavra que, em língua wolof, do Senegal, quer dizer “bem-estar” ou “estar bem”), como uma das propostas mais recentes para este debate a partir de um continente normalmente esquecido – a África.

Referências

AA.VV. (1968). La Carta de Argel. El Trimestre Económico, 35 (138)(2), 343-364.

AA.VV. (2009). La agonía de un mito: Como reformular el “desarrollo”? América Latina en Movimiento, 445 (número temático).

Acosta, A. (2010). El Buen Vivir en el camino del post-desarrollo: Una lectura desde la Constitución de Montecristi. Fundación Friedrich Ebert (online), Policy Paper 9, pp. 1-43. Disponível em: http://library.fes.de/​pdf-files/​bueros/​quito/​07671.pdf

Acosta, A. (2014). El Buen Vivir, más allá del desarrollo. In G. D. Ramos (Org.), Buena vida, buen vivir: Imaginarios alternativos para el bien común de la humanidad (pp. 2-60). México, UNAM: Centro de Investigaciones Interdisciplinarias en Ciencias y Humanidades (online). Disponível em: http://computo.ceiich.unam.mx/​webceiich/​docs/​libro/​Buena Vida%20BuenVivir.pdf

Alvares, C. (1994). Science, development and violence: The revolt against modernity. Oxford & Nova Deli: Oxford University Press.

Amaro, R. R. (1990). Desenvolvimento e injustiça estrutural. Communio, 5, pp. 449-459.

Amaro, R. R. (2003). Desenvolvimento - Um conceito ultrapassado ou em renovação? Da teoria à prática e da prática à teoria. Cadernos de Estudos Africanos, 4, pp. 40-60.

Amaro, R. R. (2009). Desenvolvimento local. In A. D. Cattani et al. (Coord.), Dicionário internacional da outra economia (pp. 108-113). Coimbra: Almedina & CES.

Amaro, R. R. (2016). A sustentabilidade das organizações de economia solidária - Proposta de conceptualização e de avaliação. Revista de Economia Solidária, 1, pp. 11-29.

Amin, S. (1973). Le développement inégal. Essai sur les formations sociales du capitalisme périphérique. Paris: Éditions de Minuit.

Amin, S. (1976). L’impérialisme et le développement inégal. Paris: Éditions de Minuit.

Amin, S. (1986). La déconnexion: Pour sortir du système mondial. Paris: La Découverte.

Arndt, H. W. (1987). Economic development: The history of an idea. Chicago: The University of Chicago Press.

Arrighi, G. (2002). The long twentieth century: Money, power and the origins of our times. Londres & Nova Iorque: Verso.

Bahro, R. (1984). From red to green. Londres: Verso.

Barsky, R. B., & Kilian, L. (2002). Do we really know that oil caused the great stagflation? A monetary alternative. NBER Macroeconomic Annual 2001, 16, pp. 137-197. Cambridge: MIT.

Boff, L. (2009). ¿Vivir mejor o el “buen vivir”? Agencia Latinoamericana de Información (online). Disponível em: http://www.alainet.org/​es/​active/​29839

Brenner, Y. S. (2013). “The Soviet theories”. Theories of economic development and growth (pp. 223-247). Nova Iorque: Praeger. (Obra original publicada em 1966)

Carmo, H. (1999). Desenvolvimento comunitário. Lisboa: Universidade Aberta.

Clarkson, S. (1978). The Soviet theory of development: India and the Third World in marxist-leninist scholarship. Toronto: University of Toronto Press.

Cypher, J. M., & Dietz, J. L. (1997). The process of economic development. Londres: Routledge.

Dávalos, P. (2014). Reflexiones sobre el Sumak Kawsay (el Buen Vivir) y las teorías del desarrollo. In A. Hidalgo-Capitán et al. (Orgs.), Sumak Kawsay Yuyay: Antología del pensamiento indigenista ecuatoriano sobre Sumak Kawsay (pp. 143-151). Huelva & Cuenca: FIUCUHU.

Diagne, M. (1999). Comment dit-on « Développement » en wolof ? Ethiopiques, 62, pp. 111-115.

Dos Santos, T. (1978). Imperialismo y dependencia. Cidade do México: Era.

Dos Santos, T. (2000). A teoria da dependência: Balanço e perspectivas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Escobar, A. (1995). Encountering development: The making and unmaking of the Third World. Princeton: Princeton University Press. (Obra original publicada em 1951)

Escobar, A. (1988). Power and visibility: Development and the invention and management of the Third World. Cultural Anthropology, 3(4), 428-443.

Esteva, G. (1992). Development. In W. Sachs (Org.), The development dictionary: A guide to knowledge as power (pp. 6-25). Londres & Nova Iorque: Zed Books.

Esteva, G. (2009). Más allá del desarrollo: La buena vida. América Latina en Movimiento, 445, pp. 1-5.

Faletto, E., & Cardoso, F. H. (1970). Dependência e desenvolvimento na América Latina: Ensaio de interpretação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar.

Feldman, G. A. (1964). On the theory of growth rates of national income. In N. Spulber (Ed.), Foundations of Soviet strategy for economic growth. Bloomington: Indiana University Press.

Fragoso, A. (2005a). Desenvolvimento participativo: Uma sugestão de reformulação conceptual. Revista Portuguesa de Educação, 18(1), 34-44.

Fragoso, A. (2005b). Contributos para o debate teórico sobre o desenvolvimento local: Um ensaio baseado em experiências investigativas. Revista Lusófona de Educação, 5, pp. 63-83.

Frank, A. G. (1966). The development of underdevelopment. Nova Iorque: Monthly Review Press.

Friedmann, J. (1996). Empowerment: Uma política de desenvolvimento alternativo. Oeiras: Celta.

Gonçalves, T. et al. (2014). Gross National Happiness: Um novo contributo ao conceito de Desenvolvimento. Economia Solidária, 6, pp. 180-225.

González, F. J. A. (2011). El Buen Vivir, un paradigma anticapitalista. Visiting Academic, University of Cambridge, Winter 2011, pp. 1-34.

Gudynas, E. (2011). Buen Vivir: Today’s tomorrow. Development, 54(4), 441-447.

Harvey, D. (2005). A brief history of neoliberalism. Oxford & Nova Iorque: Oxford University Press.

Hidalgo-Capitán, A. L. et al. (2014a). El pensamiento indigenista ecuatoriano sobre Sumak Kawsay. In A. L. Hidalgo-Capitán et al. (Orgs.), Sumak Kawsay Yuyay: Antología del pensamiento indigenista ecuatoriano sobre Sumak Kawsay (pp. 23-73). Huelva & Cuenca: FIUCUHU.

Hidalgo-Capitán, A. L. et al. (Orgs.) (2014b). Sumak Kawsay Yuyay: Antología del pensamiento indigenista ecuatoriano sobre Sumak Kawsay. Huelva & Cuenca: FIUCUHU.

Keyes, C. (2002). The mental health continuum: From languishing to flourishing in life. Journal of Health and Social Behavior, 43(2), 207-222.

Latouche, S. (1999). La « double imposture » du développement durable. Geographica Helvetica, 54(2), 90-96.

Latouche, S. (2009). Sobrevivir al desarrollo: De la descolonización del imaginario económico a la construcción de una sociedad alternativa (2ª ed.). Barcelona: Icaria.

Latouche, S. (2011). Vers une société d’abondance frugale: Contresens et controverses sur la décroissance. Paris: Mille et une nuits.

Lewis, W. A. (1955). The theory of economic growth. Londres: Allen e Unwin.

Mahalanobis, P. (1953). Some observations on the process of growth of national income. Sankhyā: The Indian Journal of Statistics, 12(4), 307-312.

Marcelino, A. (2016). O desenvolvimento local e o buen vivir como alternativas para um “outro” desenvolvimento. Tese de mestrado em Estudos de Desenvolvimento, ISCTE-IUL, Lisboa, Portugal.

Meadows, D. H. et al. (Orgs.) (1972). The limits to growth. Nova Iorque: Universe Books.

Meier, G. M., & Seers, D. (Eds.) (1984). Pioneers in development. Nova Iorque: Oxford University Press.

Murteira, M. (1990). Lições de Economia Política do Desenvolvimento. Lisboa: Presença.

Myrdal, G. (1957). Economic theory and under-developed regions. Londres: Duckworth.

Myrdal, G. (1968). Asian drama: An inquiry into the poverty of nations. Nova Iorque: Random House.

Nurkse, R. (1953). Problems of capital formation in underdeveloped countries. Oxford: Blackwell.

Paulo VI. (1989). Carta Encíclica “Populorum Progressio”. Lisboa: Edições Paulistas.

Perroux, F. (1962). L’économie des jeunes nations. Paris: Presses Universitaires de France.

Perroux, F. (1963). A ideia de progresso perante a ciência económica do nosso tempo. Análise Social, 1(2), 173-182.

Perroux, F. (1964). L’économie du XXe siècle (2ª ed.). Paris: Presses Universitaires de France.

Perroux, F. (1987). Ensaio sobre a filosofia do novo desenvolvimento. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

Pieterse, J. N. (1998). My paradigm or yours? Alternative development, post-development, reflexive development. Development and Change, 29(2), 343-373.

Pieterse, J. N. (2000). After post-development. Third World Quarterly, 21(2), 175-191.

Priesner, S. (1999). Gross National Happiness – Bhutan’s vision of development and its challenges. Gross National Happiness: Discussion Papers (online), 4, pp. 24-52. Disponível em: http://archiv.ub.uni-heidelberg.de/​savifadok/​320.

Rahnema, M. (1997a). Introduction. In M. Rahnema & V. Bawtree (Eds.), The post-development reader (pp. ix-xix). Londres: Zed Books.

Rahnema, M. (1997b). Towards post-development: Searching for signposts, a new language and new paradigms. In M. Rahnema & V. Bawtree (Eds.), The post- development reader (pp. 377-403). Londres: Zed Books.

Rahnema, M. & Bawtree, V. (Eds.) (1997). The post-development reader. Londres: Zed Books.

Ramos, G.D. (Org.) (2014). Buena vida, buen vivir: Imaginarios alternativos para el bien común de la humanidad. México, UNAM: Centro de Investigaciones Interdisciplinarias en Ciencias y Humanidades, (online). Disponível em: http://computo.ceiich.unam.mx/​webceiich/​docs/​libro/​BuenaVida%20BuenVivir.pdf

Rimalov, R. (1962). Economic cooperation between the USSR and underdeveloped countries. Moscovo: Foreign Languages.

Rist, G. et al. (1992). Le Nord perdu: Repères pour l’après-développement. Lausanne: Éditions d’en bas.

Rist, G. (2008). The history of development: From Western origins to global faith (Trad. P. Camiller, 3ª ed.). Londres & Nova Iorque: Zed Books.

Rodhain, F., & Llena, C. (2006). Le mythe du développement durable. Préventique Sécurité, 85, pp. 41-47.

Rostow, W. W. (1960). The stages of economic growth: A non-communist manifesto. Cambridge: Cambridge University Press.

Sachs, W. (Org.) (1992). The development dictionary: A guide to knowledge as power. Londres & Nova Iorque: Zed Books.

Santos, B. S. (1995). Toward a new common sense: Law, science and politics in the paradigmatic transition. Nova Iorque: Routledge.

Santos, B. S. (2010). Para além do pensamento abissal: Das linhas globais a uma ecologia dos saberes. In B. S. Santos & M. P. Meneses (Orgs.), Epistemologias do Sul (2ª ed.) (pp. 23-71). Coimbra: Almedina/CES.

Santos, B. S. (2014). Epistemologies of the South: Justice against epistemicide. Nova Iorque: Routledge.

Santos, B. S., & Meneses, M. P. (Orgs.) (2010). Epistemologias do Sul (2ª ed.). Coimbra: Edições Almedina/CES.

Sarr, F. (2016a). Afrotopia. Paris: Philippe Rey.

Sarr, F. (2016b). Développement: « Toute une terminologie à revoir ». Brennpunkt Drëtt Welt, 296, pp. 7-9.

Silva, M. M. (1963). Fases de um processo de desenvolvimento comunitário. Análise Social, 1(4), 538-558.

Silva, M. M. (1964). Oportunidade do desenvolvimento comunitário em Portugal. Análise Social, 2(7-8), 498-510.

So, A. Y. (1990). Social change and development: Modernization, dependency and world-systems theory. Londres: Sage.

Tortosa, J. M. (2009). Sumak Kawsay, Suma Qamaña, Buen Vivir. In Fundación Carolina, Nombres Propios, pp. 133-137. Madrid: Fundação Carolina. Disponível em: http://www.plataformabuenvivir.com/​wp- content/uploads/2012/07/TortosaSumakKawsay BuenVivir09.pdf

Tyagunenko, V. L. et al. (Eds.) (1973). Industrialisation of developing countries. Moscovo: Progress.

Unceta, K. (2014). Desarrollo, postcrecimiento y Buen Vivir: Debates e interrogantes. Quito: Abya Yala.

Ura, K. (2008). Felicidade Interna Bruta (online). Disponível em: http://www.visaofuturo.org.br/​pdfs2/​Felicidade%20Interna%20Bruta%20- %20Dasho%20Karma%20Ura.pdf

Wallerstein, I. (1974). The modern world-system, Vol. I: Capitalist agriculture and the origins of the European world-economy in the sixteenth century. Nova Iorque & Londres: Academic Press.

Wallerstein, I. (1980). The modern world-system, Vol. II: Mercantilism and the consolidation of the European world-economy, 1600-1750. Nova Iorque: Academic Press.

Wallerstein, I. (1989). The modern world-system, Vol. III: The second great expansion of the capitalist world-economy, 1730-1840’s. San Diego: Academic Press.

Wallerstein, I. et al. (1982). Dynamics of global crisis. Londres: Macmillan.

WCED - World Commission on Environment and Development (the Brundtland Report). (1987). O nosso futuro comum. Lisboa: Meribérica.

White, S. (2009a). Analysing wellbeing: A framework for development practice. WeD Working Paper 09/44.

White, S. (2009b). Bringing wellbeing into development practice. WeD Working Paper 09/50.

Ziai, A. (2014). Post-development concepts? Buen vivir, ubuntu and degrowth. Fourth International Conference on Degrowth for Ecological Sustainability and Social Equity, Leipzig (online). Disponível em: https://co-munity.net/​conference2014/​science/​content/​post-development-concepts-buen-vivir- ubuntu-and-degrowth

Ficheiros Adicionais

Publicado

2018-06-08