Recusa Escolar em Adolescentes: Caracterização e Situação 27 a 60 Meses Após a Admissão em Hospital de Dia

Autores

  • Dora Leal Serviço de Pedopsiquiatria do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, E.P.E.
  • João Marques Clínica da Juventude. Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E.
  • Paula Vaz Clínica da Juventude. Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E.
  • Susana Pereira Clínica da Juventude. Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E.
  • António Matos Clínica da Juventude. Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E.

DOI:

https://doi.org/10.25752/psi.7086

Palavras-chave:

Recusa Escolar, Perturbações Afectivas, Follow-up.

Resumo

Introdução: A recusa escolar, definida como ausência escolar por causas emocionais, é o motivo de encaminhamento mais frequente para o Hospital de Dia de Adolescentes da Clínica da Juventude.

Objectivos: Este estudo pretendeu caracterizar os jovens admitidos por recusa escolar e avaliar a sua situação 27 a 60 meses após a sua admissão no Hospital de Dia da Clínica da Juventude.

Métodos: Consulta dos processos clínicos de todos os doentes admitidos entre 01 de Janeiro de 2010 e 31 de Julho de 2012, de modo a avaliar as variáveis: motivo de admissão, sexo, idade, retenções escolares prévias, diagnóstico, presença de psicopatologia parental, duração do seguimento e número de sessões efectivadas. Foi, ainda, realizado um questionário
por via telefónica a todos os doentes que tinham sido admitidos por recusa escolar, 27 a 60 meses após a admissão, de modo a apurar a situação escolar/laboral actual, manutenção de seguimento psiquiátrico e
sintomatologia emocional e comportamental actual.

Resultados: A maioria dos jovens com recusa escolar apresentou diagnóstico de perturbação afectiva – perturbação de humor e de ansiedade, e um grande número de perturbação de comportame nto. Os jovens com recusa escolar necessitaram de uma intervenção mais longa e de um maior número de sessões. Neste estudo, 27 a 60 meses após a admissão em hospital de dia, os doentes com menos de 25 sessões apresentaram mais alterações emocionais e comportamentais e maior necessidade de seguimento psiquiátrico do que os doentes com mais de 100 sessões. Após 27 a 60 meses da admissão em hospital de dia, 15% não tinham ocupação laboral, 50% apresentavam sintomatologia emocional e comportamental significativa e 38,5% ainda necessitavam de seguimento psiquiátrico, sendo estes indicadores mais marcados nos jovens com diagnóstico de perturbações afectivas.

Conclusão: A recusa escolar tem um impacto muito significativo na vida dos adolescentes, quer a curto quer a médio prazo, pelo que necessita de uma intervenção abrangente e intensiva, nomeadamente nos doentes com perturbação afectiva.

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Publicado

2016-07-19

Edição

Secção

Artigos Originais