Sedas Nunes, intérprete de Portugal, intérprete de si
DOI:
https://doi.org/10.31447/AS00032573.2017222.07Palavras-chave:
Adérito Sedas Nunes, corporativismo, ciências sociais, crítica, realismo, PortugalResumo
O ensaio pretende refletir a respeito do papel desempenhado por Adérito Sedas Nunes no processo de constituição das ciências sociais em Portugal, anterior a 1974. Tal papel foi instituído por meio de uma dupla ação interpretativa: ao mesmo tempo em que desenvolveu uma interpretação a respeito da sociedade portuguesa, Sedas Nunes fez-se intérprete de si mesmo, como autor e como ator. No primeiro desses processos – o do intérprete de Portugal –, estabelece-se uma linha de demarcação entre a perspetiva corporativista – como forma institucional e como valor – e a revelação do social – como instância fática e complexa, a ser desvendada. Tal passagem revela forte dissonância entre o espartilho corporativista e a dinâmica complexa da vida social portuguesa. O segundo processo – o do intérprete de si – revela a persona de um sujeito possuído pela vocação – pelo gosto intransitivo de estar a fazer ciência.