O “arrastão” de Carcavelos como onda noticiosa
DOI:
https://doi.org/10.31447/AS00032573.2011198.05Palavras-chave:
ondas noticiosas, jornalismo, distorção, crime, mediaResumo
O crime fornece aos meios de comunicação uma matriz de desvio comportamental e gera uma fonte inesgotável de notícias. Em contextos muito particulares, o grau de unanimidade entre meios de comunicação, o consenso entre definidores primários, o volume da cobertura jornalística e o exagero ou distorção inerentes à catalogação de várias ocorrências numa categoria ressonante geram ondas noticiosas num curto intervalo temporal, um fenómeno que carece ainda de enquadramento sociológico. O artigo descreve como o “arrastão” de Carcavelos de 2005 acompanhou o modelo descrito por Peter Vasterman para as ondas noticiosas, sugerindo um elemento adicional: quando a onda noticiosa se forma perante um consenso alargado, é escassa a disponibilidade para incorporar na cobertura jornalística elementos que contradigam o enquadramento predominante.