Os usos do luxo: alguns exemplos das Cortes portuguesas entre 1480 e 1580
DOI:
https://doi.org/10.31447/AS00032573.2009192.06Palavras-chave:
cultura material, colecções, poder político, género, devoçãoResumo
O presente artigo explora a relação entre os bens materiais e as estratégias de poder dos seus possuidores no contexto do reforço dos poderes da Coroa entre cerca de 1480 e o fim da dinastia de Avis-Beja em 1580. Analisam-se, segundo uma perspectiva de género, seis figuras da casa real: os reis D. João II, D. Manuel I e D. João III; a duquesa de Beja, D. Beatriz, a rainha D. Leonor, sua filha, e ainda D. Catarina de Áustria. As suas escolhas em matéria de bens de luxo dependiam não apenas de circunstâncias pessoais, mas variavam também consoante o seu acesso à autoridade política. Enquanto as mulheres acumularam objectos em relação directa com a sua espiritualidade (com a excepção provável de D. Catarina), os homens favoreciam a posse de objectos religiosos como uma estratégia de reforço de autoridade e poder político.