Eleições de segunda ordem em Portugal: o caso das europeias de 2004
DOI:
https://doi.org/10.31447/AS00032573.2005177.03Palavras-chave:
eleições de segunda ordem, eleições para o Parlamento Europeu, abstenção, performances eleitoraisResumo
Neste artigo, as eleições europeias de 2004 são analisadas à luz da teoria das eleições de segunda ordem. De acordo com este modelo, é expectável que este tipo de eleições seja marcado por taxas mais elevadas de abstenção e por melhores performances eleitorais por parte dos médios e pequenos partidos. De facto, as eleições europeias continuam a destacar-se pela baixa participação eleitoral. A performance dos pequenos partidos em eleições europeias é que parece estar a ser afectada pela progressiva bipartidarização registada nas restantes eleições. Confirmou-se igualmente que as eleições europeias funcionam como uma espécie de referendo ao governo. A meio do mandato, numa conjuntura desfavorável, os partidos que suportam o governo foram claramente penalizados. De resto, nas eleições europeias de 2004, o que mais condicionou os resultados, para além do autoposicionamento ideológico, foi a avaliação que os eleitores faziam da acção do governo e da situação económica. As clivagens sociais tradicionais ajudam pouco a perceber o sentido de voto nas europeias. A participação eleitoral, por seu turno, surge fortemente associada à idade e ao interesse pela política, não se podendo concluir que, nas eleições europeias, a abstenção esteja associada a atitudes negativas face à União Europeia ou à oferta partidária.