Autogestão e cultura política: o impacto da reforma agrária no Alentejo vinte anos depois
DOI:
https://doi.org/10.31447/AS00032573.1998148.03Palavras-chave:
efeitos políticos e culturais da autogestão, UCP e cooperativas do Alentejo, relação entre autogestão e participação políticaResumo
No presente artigo são investigadas três hipóteses quanto aos efeitos políticos e culturais da autogestão. Concretamente, procura-se averiguar se a participação nas UCP e cooperativas do Alentejo teve efeitos na cultura política dos intervenientes a longo prazo. Os resultados baseiam-se numa comparação entre dados recolhidos em 1980 e num inquérito realizado em 1994 com 240 residentes no mesmo concelho. Estes resultados sugerem que a relação entre a autogestão e a participação política, a radicalização, a consciência de classe e os sentimentos de eficácia política não pode ser entendida como linear, estando essencialmente dependente das especificidades do contexto local. Em termos mais rigorosos, os resultados apontam para a presença de uma cultura política substancialmente diferente da que é descrita noutros estudos sobre a reforma agrária.