Eleições durante o pico da covid-19: os efeitos da perceção de risco e do desempenho do governo
DOI:
https://doi.org/10.31447/202155Palavras-chave:
Eleições presidenciais, covid-19, participação eleitoral, comportamento eleitoral, perceção de risco, desempenho do governo, PortugalResumo
As eleições presidenciais portuguesas de 2021 decorreram durante o pico da crise pandémica da covid-19. Previa-se uma reduzida afluência às urnas por causa do contexto epidemiológico inédito e porque o titular do cargo era visto, antecipadamente, como vencedor indiscutível das eleições. Se, por um lado, a afluência às urnas não foi tão dramaticamente baixa como se previa, por outro, Marcelo Rebelo de Sousa foi reeleito, sem surpresa, por uma larga margem. Dado o ambiente excecional em que estas eleições decorreram, a questão que colocamos é a seguinte: em que medida é que a crise pandémica afetou a afluência às urnas e o resultado das eleições? Argumentamos que terá afetado negativamente a afluência às urnas (devido ao receio dos eleitores de serem infetados) e que terá contribuído positivamente para a reeleição do titular do cargo (devido às avaliações positivas do seu desempenho face à crise). A nossa análise baseia-se num inquérito representativo dos eleitores portugueses, realizado logo após as eleições.