Relações entre Portugal e África de língua portuguesa: comércio, investimento e dívida (1973-1994)
DOI:
https://doi.org/10.31447/AS00032573.1994129.02Palavras-chave:
relacionamento económico entre Portugal e os PALOP, independência dos PALOP, investimento português, relações económicas bilateraisResumo
A análise das principais características do actual relacionamento económico entre Portugal e África de língua portuguesa (PALOP) não pode deixar de tomar em consideração, a par de factores de ordem conjuntural, a influência de dois marcos estruturais: por um lado, a independência deste último conjunto de países (1975), com a consequente quebra de vínculos preferenciais bilaterais e a procura de novos parceiros e aliados, por outro, a adesão de Portugal à CEE (1986). O período que decorre desde a independência daqueles países até 1994 mostra que, ao nível das exportações portuguesas, aqueles mercados continuam a ser o destino da maior parte das exportações para o continente africano, ao invés do que ocorre pelo lado das importações portuguesas daí oriundas. Quanto ao investimento português, é nítida a queda do mesmo em consequência da adesão à CEE. Mas este artigo efectua, igualmente, a comparação do actual relacionamento bilateral com o verificado em 1973, constatando-se, em termos relativos, uma abrupta diminuição da importância do comércio externo e do investimento. Na presença de um elevado número de factores internos que têm contribuído para a diminuição da performance económica dos PALOP, grande parte da estrutura do comércio externo português reflecte as carências de oferta interna desses países (nomeadamente Angola e Moçambique) e condiciona, por outro lado, a potenciação das relações económicas bilaterais. O elevado risco-país tem sido, por outro lado, um factor de inibição ao investimento português. A elevada dívida externa desses países para com Portugal não é, assim, mais do que um reflexo daquela situação.
