O Carnaval em Luanda
DOI:
https://doi.org/10.31447/AS00032573.1991111.06Palavras-chave:
festejos de rua, escolas de dança, Carnaval, LuandaResumo
A tradição de festejos de rua carnavalescos e de escolas de dança concorrentes parece vir de longe em Luanda. Em 1620, no final das mais graves guerras de escravos da história de Angola, a alegoria política e a mímica foram incluídas nos cortejos de rua que celebraram a canonização de São Francisco Xavier. No século XIX, a comunidade crioula adaptava regularmente os seus cerimoniais públicos ao clima político e religioso inconstante. Na época da colonização branca, durante as décadas de meados do século XX, as escolas de dança «nativas» foram oficialmente incentivadas até ser detectado o seu nacionalismo potencial. Depois da independência, o Governo tentou fazer renascer o Carnaval para os seus próprios fins e de acordo com o seu próprio calendário de cerimonial do Estado. A um nível, o Carnaval continuou a ser uma forma de exorcizar o medo da autoridade entre os impotentes. A um outro nível, a dimensão política foi eclipsada pela rivalidade entre comunidades locais em busca de identidade e prestígio. As estruturas continuaram a utilizar os velhos padrões rituais de chefia com reis, rainhas, comandantes e soldados. A influência económica continuou a ser exercida pelas grandes famílias de pescadores que investiram recursos consideráveis em vestuário vistoso e celebrações.