O salazarismo na recente investigação sobre o fascismo europeu – velhos problemas, velhas respostas?

Resumo

Este artigo pretende analisar as interpretações do Estado Novo de Salazar produzidas pela investigação internacional mais recente. Após uma breve introdução sobre os principais modelos adoptados, referem-se as posições das historiografias italiana, espanhola, francesa, austríaca e sobre a Europa de Leste. O balanço desta investigação permite concluir que, muito embora perante um progressivo conhecimento empírico do Estado Novo, a investigação internacional continuou a demarcar o regime de Salazar do fascismo europeu. O binómio autoritarismo/totalitarismo, ao nível da organização do sistema político e dos modelos de enquadramento da sociedade, foi o factor principal da escolha do paradigma «autoritário» para o caso português. Algumas «ausências», como a do partido fascista, de mobilização política intensiva, ou de uma ideologia expansionista, foram os elementos quase sempre apontados para demarcar o regime de Salazar.