Transferência inversa de tecnologia: conceito e características principais

Resumo

A problemática do êxodo de competências não é nova. Todavia, é na década de 60, início dos anos 70, que o fenómeno atinge uma dimensão mais significativa e preocupante. Foi esta dimensão que justificou o aparecimento na última década de um vector de investigação que analisa este êxodo com um processo de transferência de capacidades e de recursos dos países em desenvolvimento para os países desenvolvidos. Ou seja um fluxo inverso ao da ajuda e cooperação fornecidas por estes países. Daí a sua designação corrente de transferência inversa de tecnologia. De vários pontos de vista, assume assim um inegável interesse a caracterização e avaliação deste fluxo migratório de pessoal altamente qualificado, que, até ao presente, se tem dirigido essencialmente para os EUA, Reino Unido e Canadá. O presente artigo insere-se no quadro de uma investigação mais ampla sobre o desenvolvimento a que o autor vem procedendo. Engloba, em primeiro lugar, uma delimitação de conceitos e uma abordagem das principais questões metodológicas. Em seguida analisam-se as características deste tipo de fluxo migratório, apresentando-se uma estimativa de fluxo total, sua evolução e perspectivas, características profissionais e origens e destinos principais. Os países de emigração de competências localizam-se principalmente na Ásia (índia, Paquistão e Filipinas) e América Latina. As profissões com maior propensão à emigração têm sido «médicos e cirurgiões» e «engenheiros e cientistas». Num segundo artigo proceder-se-á à avaliação, em termos de capital, desta transferência inversa de tecnologia ou de recursos.