Prémio Análise Social 2022

Prémio Análise Social 2022, no valor de 1000 Euros, destinado a galardoar o melhor artigo publicado na revista em 2021, foi atribuído ex-aequo a Luísa Schmidt, Ana Delicado e Luís Junqueira (ICS, ULisboa), pelo artigo “Políticas de alterações climáticas em Portugal: posicionamentos e redes de relações dos atores institucionais”Análise Social, 240, LVI (3.º), 2021, pp. 470-497.

 

Este artigo incide sobre as políticas para as alterações climáticas em Portugal, procurando compreender os posicionamentos institucionais e traçar os laços que se tecem entre instituições em matéria de influência sobre as políticas, fontes de informação científica, colaborações e aconselhamento. Tem por base um inquérito por questionário aos principais atores institucionais envolvidos. Este estudo conclui que há consenso entre os atores institucionais sobre as alterações climáticas e apoio a medidas de mitigação. A análise de redes revela a centralidade dos atores governamentais e algum fechamento dos setores em si próprios, funcionando tendencialmente em “silo”, registando-se assim uma fraca interação institucional no período analisado.

e a Marília de Azambuja Ribeiro Machel (U. Federal de Pernambuco), pelo artigo “A corte portuguesa e a campanha pela publicação da Clavis Prophetarum do Padre António Vieira (séculos XVII-XVIII)”Análise Social, 239, LVI (2.º), 2021, pp. 264-283.

Este artigo trata da campanha pela publicação da Clavis Prophetarum do Padre António Vieira, que teve lugar em Portugal entre o final do século XVII e a primeira metade do século XVIII. Dentre os diversos promotores dessa campanha destacam-se alguns personagens ligados à corte portuguesa, como o arcebispo de Cangranor D. Diogo Justiniano, o Inquisidor-mor do reino Nuno da Cunha e Ataíde e um grupo de homens de letras ligados ao 4.º Conde da Ericeira, D. Francisco Xavier de Meneses, e à Academia Real da História, criada por D. João V em 1720.

 

Prémio Especial do Júri 2022, no valor de 500 euros, destinado a galardoar o melhor artigo da autoria de um jovem investigador, foi atribuído ex-aequo a João Felipe Pereira Brito (ICS, ULisboa), pelo artigo “Um bairro negro para a estratégia olímpica do Rio de Janeiro – empreendedorismo urbano, essencialismo e conflitos sociopolíticos no Brasil contemporâneo Análise Social”Análise Social, 240, LVI (3.º), 2021 pp. 520-546.

 

Durante o seu ciclo olímpico (2009-2016), num momento histórico em que governos e agentes privados de todo o mundo buscavam superar os efeitos de uma grave crise económica evidenciada justamente na relação entre capitais financeiros e a urbanização, a cidade do Rio de Janeiro recebeu avultados investimentos para políticas urbanas. O bairro Madureira, representado pelas suas tradições afro-brasileiras, foi um lugar privilegiado para esses investimentos e fundamental para a compreensão da eficácia de curto prazo desse projeto de cidade e dos seus conflitos e reviravoltas políticas decorrentes. O objetivo deste artigo é apresentar razões, ações e omissões para a implementação desse projeto de cidade, com as suas potencialidades, contradições e os seus efeitos imediatos.

e a Anderson Luís do Espírito Santo e Douglas Josiel Voks (U. Federal de Mato Grosso do Sul), pelo artigo “Configuração de uma experiência pública: o caso das feiras na fronteira Brasil-Bolívia”Análise Social, 241, LVI (4.º), 2021, pp. 668-691.

Tendo a sociologia contemporânea dos problemas públicos como fundamento, apresentamos uma reflexão sobre a importância da experiência pública nas cidades. Descrevemos, em especial, a dinâmica conflituosa referente à comercialização de diferentes produtos e à participação dos bolivianos nas feiras em Corumbá, na fronteira Brasil-Bolívia. Resgatando as contribuições pragmatistas, em especial as de John Dewey e Daniel Cefaï, foi possível compreender o processo de associação, discussão e procrastinação do problema. Neste caso, a experiência de não apenas atravessar as fronteiras, mas também de viver nas fronteiras, onde as controvérsias fazem os atores agir em diferentes ações coletivas, cada qual justificando a sua problematização.

 

 


O artigo de Maria Rosa Borges, Luis Domingos Cá, Manuel Pacheco Coelho e Isabel Mendes (ISEG, Universidade de Lisboa) “ITQs, Common Fisheries Policy, and stakeholders’ perceptions”Análise Social, 238, LVI (1.º), 2021, pp. 56-82 e o artigo de Marusa Bocafoli da Silva e Rodrigo Anido Lirafoi (Universidade Candido Mendes/Campos dos Goytacazes) “O uniforme branco como marca da desigualdade: um estudo sobre as babás do Leblon”Análise Social, 239, LVI (2.º), 2021, pp. 242-262 foram distinguidos com uma menção honrosa do júri.

 

Os prémios foram atribuídos pelo seguinte júri: Doutora Sofia Aboim (ICS, Universidade de Lisboa, presidente), Doutor António Firmino da Costa (Iscte-IUL), Doutora Alina Pereira Esteves (IGOT-Universidade de Lisboa), Doutora Irlys Barreira (U. Federal do Ceará) e Doutor Francisco Bethencourt (King’s College, University of London).