Prémio Análise Social 2013

Prémio Análise Social-FLAD 2013, no valor de 750 Euros, destinado a galardoar o melhor artigo publicado na revista em 2012, foi atribuído ex-aequo a João Carlos Graça (ISEG, UTL), “Acerca da instabilidade da condição da sociologia económica”Análise Social, 202, XLVII (1.º), 2012, pp. 4-27.

Sumário: O mapeamento conceptual e académico da sociologia e da ciência económica, incluindo a identificação de um lugar para a sociologia económica, constituiu um problema relevante para vários autores do século XIX, os quais produziram teorizações que foram submetidas a uma severa crítica por Parsons, nos anos 30 do século xx. Parsons reformulou mais tarde várias das suas ideias quanto a estes assuntos, nunca tendo chegado a uma solução satisfatória. Este problema é mais ampliado do que resolvido, considerando autores dos finais do século XX, como os do “individualismo metodológico” e da “nova sociologia económica”. As flutuações conceptuais e a incoerência teórica são ainda mais aprofundadas se tomarmos em consideração também o problema das fronteiras daquelas disciplinas com a história.
Palavras-chave: sociologia económica; história; fronteiras académicas; incoerência teórica.

e a Renato Lessa (Universidade Federal Fluminense), “Modos de inventar uma República: demiurgia e invenção institucional na tradição republicana brasileira”Análise Social, 204, XLVII (3.º), 2012, 508-531.

Sumário: O artigo sugere uma interpretação da República brasileira como processo de invenção dependente de duas ordens de ficções. A primeira delas, formulada entre outros ensaístas brasileiros, por Francisco José de Oliveira Vianna, sustenta a vigência, no processo de constituição da sociedade e do Estado no Brasil desde o período colonial, de um padrão de sociabilidade fragmentado e carente de laços sociais e cívicos permanentes. A segunda ordem de ficções é corolário da primeira: a ausência de nexos sociais acabou compensada pela presença e pela força do direito público e da elaboração constitucional. O artigo analisa dois momentos cruciais de (re)invenção da República brasileira, ambos marcados pelo predomínio do direito público e da invenção constitucional (1932 e 1988). Ao fim, a experiência política brasileira é apresentada como tentativa continuada de criação de uma comunidade cívica e política “contra os factos”.
Palavras-chave: invenção; República; direito público; constituições.

O artigo de Mark Turin (Universidade de Yale e Universidade de Cambridge) “Voices of vanishing worlds: Endangered languages, orality and cognition”Análise Social, 205, XLVII (4.º), 2012, 846-869 foi distinguido com uma menção honrosa do júri.

Abstract: Up to half of the world’s 6,500 languages spoken today may be extinct by the end of this century. Most of these endangered languages are oral speech forms, with little if any traditional written literature. If undocumented, these tongues—each representing a unique insight into human cognition and its most powerful defining feature, language—risk disappearing without trace. In this article, I discuss the unique spatial and temporal worlds occupied by communities whose languages are still principally oral. Drawing on examples from the Himalayas, I show how technology is effecting global linguistic diversity and the voices of these vanishing worlds.
Keywords: endangered languages; orality; human cognition; Himalayas.

Os prémios foram atribuídos pelo seguinte júri: José Luís Garcia (ICS, Universidade de Lisboa, presidente), Ana Cristina Nogueira da Silva (Faculdade de Direito, Universidade Nova de Lisboa) e Carlos Jalali (Universidade de Aveiro).