Prémio Análise Social 2018
O Prémio Análise Social 2018, no valor de 1500 Euros, destinado a galardoar o melhor artigo publicado na revista em 2018, foi atribuído ex-aequo a Sérgio Campos Matos (Centro de História, Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa), “Historiografia, historiadores e memória nacional na I República portuguesa”, Análise Social, 228, LIII (3.º), 2018, pp. 572-597.
Sumário: Durante a I República, a história teve lugar de relevo na argumentação política e doutrinária e na própria legitimação do novo regime. Nesses anos prosseguiu um esforço de nacionalização dos portugueses que se desenvolveu nos mais variados domínios. A memória histórica foi um deles. Quais os grandes temas de debate na historiografia portuguesa? Como se operou a republicanização da memória nacional? Entre outros tópicos (v. g. formação de Portugal, decadência), especial destaque é concedido à Restauração de 1640 para examinar em que medida os historiadores contribuíram para a construção da memória da nação – quando sabemos que muitos outros agentes sociais intervieram nesse processo.
Palavras-chave: historiografia; historiadores; memória nacional; nacionalização.
e a António Baptista (Centro de Ética, Política e Sociedade, ILCH, Universidade do Minho), “A liberdade em Polanyi”, Análise Social, 229, LIII (4.º), 2018, pp. 832-868.
Sumário: A Grande Transformação de Karl Polanyi é uma poderosa crítica da ideologia de mercado e dos seus pressupostos intrínsecos, que se baseia numa teoria política (implícita) da liberdade. Tenta-se aqui reconstruir e explicitar o conceito de Polanyi da “liberdade numa sociedade complexa”, à luz do seu compromisso com uma forma sui generis de socialismo e da sua oposição de longa data ao tipo de argumentos que se podem encontrar n’O Caminho da Servidão de Friedrich Hayek.
Palavras-chave: Polanyi; liberdade; socialismo; democracia; planificação.
O Prémio Especial do Júri 2018, no valor de 1000 euros, destinado a galardoar o melhor artigo da autoria de um jovem investigador, foi atribuído a Ana Caetano (CIES, ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa), “O léxico das crises biográficas”, Análise Social, 226, LIII (1.º), 2018, pp.88-111.
Sumário: O objetivo central deste artigo é discutir e apresentar um modelo de análise sociológica de crises biográficas, ou seja, de fases de vida dos indivíduos marcadas pela quebra dos quadros habituais de ação e pensamento, com impactos substanciais nos seus percursos. Num primeiro momento são mapeados os principais contributos da sociologia para o estudo desta problemática, nomeadamente identificando o que na literatura pode ser enquadrado no conceito de crise. É nesta discussão que assenta, numa segunda parte, a identificação dos principais eixos analíticos que estruturam as dimensões de análise sociológica das crises biográficas.
Palavras-chave: crise biográfica; percurso de vida; rutura; imprevisibilidade.
O artigo de Diogo Andrade Cardoso (CHAM, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa) “A especialização profissional como fator de emigração para os territórios ultramarinos nos séculos XVI e XVII”, Análise Social, 226, LIII (1.º), 2018, pp. 162-185 foi distinguido com uma menção honrosa do júri.
Sumário: Este artigo analisa, para o período compreendido entre 1560 e 1651, a ligação existente entre a especialização profissional, a escolha de um destino ultramarino e de um momento adequado para emigrar. Usando a documentação notarial e paroquial de Vila do Conde, o artigo procura identificar as profissões dos emigrantes em articulação com as conjunturas económicas e sociais dos locais de destino da emigração, provando que estas eram determinantes para os que buscavam uma vida melhor, pois permitiam uma melhor adaptação às realidades económicas e sociais locais.
Palavras-chave: emigração; profissões; territórios ultramarinos; séculos XVI e XVII.
Os prémios foram atribuídos pelo seguinte júri: José Manuel Sobral (ICS, Universidade de Lisboa, presidente), Pedro Tavares de Almeida (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa), Nélia Dias (CRIA, ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa), Rita Almeida de Carvalho (ICS, Universidade de Lisboa), Ana Delicado (ICS, Universidade de Lisboa), Ana Nunes de Almeida (ICS, Universidade de Lisboa), Nuno Gonçalo Monteiro (ICS, Universidade de Lisboa).