O Daesh no Médio Oriente e Magrebe

Derrotado, mas ainda uma Ameaça

Autores

  • Ana Santos Pinto Professora auxiliar do Departamento de Estudos Políticos da NOVA FCSH. Investigadora integrada do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI-NOVA) e Investigadora associada do Instituto da Defesa Nacional (IDN).
  • Bruno Cardoso Reis Professor auxiliar do Departamento de História e subdiretor do Centro de Estudos Internacionais, ISCTE-IUL. Investigador associado do Instituto da Defesa Nacional (IDN).

Resumo

Este artigo analisa o impacto e evolução da ameaça jihadista takfiri no Médio Oriente e Magrebe, tendo em conta a perda pelo autoproclamado Califado do Daesh do seu proto-estado territorial. Tendo em conta as dinâmicas observadas, argumenta-se que apesar da estratégia de territorialização desenvolvida pelo Daesh ter falhado, em resultado da derrota militar sofrida nos territórios do Iraque e da Síria, persistem fatores que explicam a resiliência do movimento, designadamente: a fragilidade dos Estados na sua eficácia e legitimidade; a existência de “vazios de poder” decorrentes de ambientes de conflitualidade; e a marginalização de setores das comunidades muçulmanas, em particular os mais jovens. Perante uma derrota territorial, o Daesh parece procurar evoluir na estrutura organizacional e estratégia operacional, reorientando-se para uma ação violenta descentralizada em detrimento do controlo de território. Esta transformação poderá resultar num agravamento da competição entre grupos de matriz jihadista takfiri e até originar novos movimentos, em resultado de cisões, ou a reorganização dos já existentes, sem que isso signifique necessariamente o desaparecimento desta ameaça violenta.

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Publicado

2024-10-02