Vulcanismo de Lama, Hidratos de Metano e Potenciais Ocorrências de Hidrocarbonetos na Margem Sul Portuguesa Profunda

Autores

  • Luís Menezes Pinheiro Dep. Geologia Marinha, Instituto Geológico e Mineiro
  • Vítor Hugo Magalhães Dep. Geologia Marinha, Instituto Geológico e Mineiro
  • José Hipólito Monteiro Dep. Geociências, Universidade de Aveiro

Resumo

Em 1999 foram descobertos os primeiros vulcões de lama no Golfo de Cádiz (sector marroquino). Desde então foram realizados 8 cruzeiros científicos nesta área, sempre com participação/coordenação nacional, tendo sido demonstrada a existência de numerosas estruturas geológicas associadas com o escape de fluidos ricos em hidrocarbonetos, incluindo 29 vulcões de lama, confirmados por amostragem directa. Estes vulcões de lama, 6 dos quais se localizam na área sob jurisdição nacional, situam-se a profundidades de água que variam entre cerca dos 400 e os 3200 metros. Foram recuperados hidratos de metano de 3 dos vulcões de lama investigados: Bonjardim, na margem portuguesa, Capt. Arutyunov, no sector espanhol e Ginsburg, na margem marroquina. A composição do gás dos hidratos revela uma origem termogénica, o que sugere a ocorrência de hidrocarbonetos em profundidade. Para além dos vulcões de lama, foram também descobertas, na zona norte do Golfo de Cádiz, tanto na parte portuguesa como na parte espanhola, várias estruturas de colapso (pockmarks) e campos de chaminés carbona- tadas associados ao escape de fluidos ricos em metano. A investigação da ocorrência de hidratos de metano na nossa margem é importante por se tratar de um provável recurso energético do futuro e pelos riscos naturais que lhe estão potencialmente associados. A sua destabilização, provocada por flutuações do nível do mar ou por actividade sísmica, pode causar instabilidades importantes na vertente continental, com implicações potencialmente nefastas em construções submarinas e cablagem, podendo mesmo provocar a libertação de quantidades consideráveis de metano para a atmosfera, com impacto nas mudanças climáticas globais

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Publicado

2024-12-02

Edição

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Artigos