Retinopatia da prematuridade - revisão de critérios de rastreio
DOI:
https://doi.org/10.48560/rspo.13331Palavras-chave:
retinopatia, prematuridade, rastreio, recém-nascidoResumo
Introdução: A retinopatia da prematuridade (ROP) é uma doença retiniana vascular proliferativa do recém-nascido (RN) prematuro. A etiologia da doença é multifatorial sendo o primeiro fator a considerar a prematuridade. Os grupos de risco com critérios para exame oftalmológico são: RN com idade gestacional (IG) <32 semanas ou peso ao nascer (PN) ≤1500 g; PN <2000 g com necessidade prolongada de oxigenoterapia; RN gravemente doente. No entanto, esta estratégia pode ser exaustiva e a restrição dos critérios tem sido questionada por vários estudos.
Objetivo: O objetivo deste estudo é investigar se a restrição dos critérios de ROP para <31 semanas e <1300g seria adequado para identificar de forma eficaz e segura os casos de ROP de maior gravidade e com indicação terapêutica.
Métodos: Foi efetuado um estudo retrospetivo de RN pré-termo com critérios para rastreio de ROP entre janeiro de 2014 e dezembro de 2016. Dados relativamente a sexo, IG, PN, complicações na gestação e no parto, tipo de parto, duração de oxigenoterapia, episódios hipotensivos e de hemorragia digestiva alta, transfusão sanguínea, presença de ROP, estadio, zona, doença Plus, tratamento da ROP evolução na consulta de follow-up foram colhidos. A variável IG foi subdividida em grupos de IG ≤29 semanas, 29 - 31 semanas, 31 - 32 semanas e >32 semanas. A variável PN foi subdividida em grupos de PN ≤1000g, 1000-1300g, 1300-1500g e >1500. O exame oftalmológico foi realizado pelo mesmo oftalmologista com recurso a RetCam®.
Resultados: Foram incluídos neste estudo 91 doentes, 45 do sexo feminino e 46 do sexo masculino, com uma IG média de 30 semanas + 3 dias e um PN médio de 1280g.
Identificou-se ROP em 41 (45,1%) dos doentes, 2 (2,2%) apresentavam doença Plus e 8 (8,8%) foram eleitos para tratamento por fotocoagulação.
Nos grupos com IG acima das 31 semanas (n= 42), 11 (26,2%) casos apresentavam ROP: 6 (54,5%) em estadio I, 5 (45,5%) em estadio II e nenhum caso em estadio III. Não se identificou nenhum caso de ROP em zona 1 nestes grupos gestacionais, 9 (81,8%) dos casos apresentavam ROP em zona 2 e 2 (18,2%) casos em zona 3. Nenhum dos casos de doença Plus se verificou nestes grupos de IG. Nenhum doente foi submetido a tratamento com fotocoagulação. As diferenças entre os grupos de IG estudados foram estatisticamente significativas (p<0,05) no que diz respeito à presença de ROP, estadio e zona.
Relativamente aos RN com PN >1300g (n=45), identificou-se ROP em 10 (22,2%) doentes, 4 (40%) em estadio I, 6 (60%) em estadio II e nenhum em estadio III; apenas 1 (10%) caso teria afeção da zona 1, 6 (60%) casos da zona 2 e 3 (30%) casos da zona 3. Um (10%) caso nestes grupos de PN apresentou doença Plus concomitante, com ROP em zona 1, tendo sido submetido a tratamento, com sucesso do mesmo nas observações subsequentes. Este mesmo doente apresentava uma IG de 30 semanas. As diferenças entre os grupos de PN foram estatisticamente significativas (p<0,05) relativamente à presença de ROP, estadio e zona.
Conclusão: Com este estudo, conclui-se que com mudança de critérios de rastreio de ROP de IG <31 semanas e/ou PN < 1300g nenhum caso de ROP grave, com necessidade de tratamento, seria negligenciado.
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