Comparação entre Segmentação Automática do Disco Ótico por SD-OCT e Retinografia Stereo
DOI:
https://doi.org/10.48560/rspo.23334Palavras-chave:
Glaucoma, Retinoscopia, Tomografia de Coerência ÓticaResumo
INTRODUÇÃO : O rácio estimado entre os diâmetros verticais ou horizontais do disco com a escavação do mesmo (rácio escavação/disco – E/D), é uma das formas clássicas de presumir o dano neurológico glaucomatoso, sendo o hallmark histórico no diagnóstico e avaliação da progressão da doença. O objetivo deste estudo é comparar a avaliação automática dos parâmetros planimétricos do disco ótico por tomografia de coerência ótica de domínio espectral (SD-OCT), com a avaliação tradicional feita com recurso a retinografia por dois médicos com níveis de experiência diferentes.
MÉTODOS: Estudo observacional e transversal onde incluímos 64 olhos de doentes seguidos em consulta de glaucoma e suspeita de glaucoma (incluindo hipertensão ocular), e que realizaram retinografia estereoscópica e avaliação por SD-OCT no mesmo dia. Excluímos doentes com opacidades de meios que dificultassem a aquisição de imagens. Foi pedido a 2 avaliadores, 1 médico oftalmologista especialista em glaucoma (G1 – gold standard), e 1 médico interno de formação específica em Oftalmologia (G2), que classificassem, de forma cega, cada par stereo de retinografia em relação ao rácio E/D vertical e horizontal, entre outros parâmetros qualitativos do disco. Foi analisada a correlação entre ambos, e ainda com o OCT.
RESULTADOS: O avaliador G1 diferiu de G2 em média 0,05±0,09 (amplitude -0,19-0,22) (p=0,05) e 0,08±0,11 (amplitude -0,27-0,31) (p<0,01) na vertical e horizontal, respetivamente, resultando num coeficiente de correlação Bom (0,82 e 0,81). Já em relação ao OCT, G1 e G2 diferiram em média 0,07(±0,01)/0,13(±0,02)/ e 0,03(±0,02)/0,06(±0,02), sendo que todas estas diferenças são estatisticamente significativas (p<0,01), à exceção do rácio E/D na vertical entre G2 e OCT (p-value 0,06). Contudo, a correlação entre G1 e o OCT foi superior àquela registada entre G2 e o OCT (0,92 e 0,82 vs 0,79 e 0,77). Quando avaliada a correlação mista entre G1 e G2 com o OCT, esta foi Excelente (0,91) para o rácio vertical, e Boa (0,83) para o rácio horizontal. A diferença de classificação entre G1 e o OCT não se correlaciona nem com a área do disco (B=0,16, p=0,15, 95%IC[-0,09-0,01], nem com a atrofia peripapilar ((B=-0,02, p=0,31, 95%IC[-0,07-0,02].
CONCLUSÃO: No nosso estudo obtivemos uma boa correlação na análise do disco ótico entre um jovem oftalmologista e um médico com maior experiência, reafirmando a importância deste sinal clássico na prática clínica. O OCT obteve também uma boa reprodutibilidade, numa possível aplicabilidade crescente na telemedicina. Contudo, a avaliação humana mantém a sua relevância clínica, pois é mais sensível a discos anómalos e permite uma análise qualitativa do disco.
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