Caracterização da População Seguida em Consultas de Oftalmologia na Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra

Autores

  • Rosa Lomelino Pinheiro Centro de Responsabilidade Integrado de Oftalmologia, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal
  • Liliana Cortez Centro de Responsabilidade Integrado de Oftalmologia, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal
  • Catarina Paiva Centro de Responsabilidade Integrado de Oftalmologia, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal; Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra, Portugal
  • Joaquim Neto Murta Centro de Responsabilidade Integrado de Oftalmologia, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal; Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, FMUC Centro Académico Clínico de Coimbra, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.48560/rspo.23784

Palavras-chave:

Paralisia Cerebral, Perturbações da Visão, Pessoas com Deficiência Visual

Resumo

Introdução: O nosso objetivo foi estudar a população de doentes que frequenta as consultas de oftalmologia na Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC). 

Métodos: Estudo observacional, retrospetivo e descritivo. Incluiu doentes consecutivos com o diagnóstico de paralisia cerebral que frequentaram as consultas de oftalmologia na APCC entre 2018 e 2019. Pretendeu-se conhecer os métodos de avaliação praticados nestas consultas, caracterizar a função visual, descrever a patologia oftalmológica, e as estratégias de intervenção. A etiologia da paralisia cerebral e a classificação do grau de afeção motora foram registadas. A acuidade visual, sensibilidade ao contraste, campos visuais e visão cromática foram avaliados. A caracterização da oculomotricidade incluiu o alinhamento ocular, nistagmo, movimentos sacádicos e de perseguição. Todas estas funções foram descritas tendo em conta um contexto de interação social.

Resultados: A população estudo foram 102 doentes com idades compreendidas entre os 10 meses e os 40 anos. Relativamente ao território motor afetado a tetraplegia foi a mais frequente, seguida da hemiplegia e diplegia. A prevalência de patologia oftalmológica nesta população foi 60,8%. Restrições no campo visual foram descritas em 29,3% dos doentes testados. A moda da sensibilidade ao contraste foi 1,25%. Os movimentos sacádicos foram dismétricos em 13,7% dos casos e 15,6% não tinham movimentos de perseguição. A coordenação olho-mão estava comprometida em 16,6% dos doentes.

Conclusão: O universo da patologia oftalmológica no contexto da  paralisia cerebral é pouco conhecido. A capacidade “inerente” da visão não o é, nestes doentes, e as estratégias para estimular o seu desenvolvimento são competências do oftalmologista.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Lew H, Lee HS, Lee JY, Song J, Min K, Kim M. Possible linkage between visual and motor development in children with cerebral palsy. Pediatr Neurol. 2015;52:338-343.e1. doi.org/10.1016/j.pediatrneurol.2014.11.009

Boyaci A, Aka A, Tutoglu A, Kandemir H, Koca I, Boyraz I, et al. Relationship among ocular diseases, developmental levels, and clinical characteristics of children with diplegic cerebral palsy. J Phys Ther Sci. 2014;26:1679–84.

Sewell MD, Eastwood DM, Wimalasundera N. Managing common symptoms of cerebral palsy in children. BMJ. 2014;349:g5474. doi: 10.1136/bmj.g5474.

Gulati S, Sondhi V. Cerebral Palsy: An Overview. Indian J Pediatr. 2018;85:1006-16. doi: 10.1007/s12098-017-2475-1.

Wimalasundera N, Stevenson VL. Cerebral palsy. Pract Neurol. 2016;16:184-94. doi: 10.1136/practneurol-2015-001184.

Saunders KJ, Mcclelland JF, Richardson PM, Stevenson M. Clinical judgement of near pupil responses provides a useful indicator of focusing ability in children with cerebral palsy. Dev Med Child Neurol. 2008;50:33–7.

Richards CL, Malouin F. Cerebral palsy: definition, assessment and rehabilitation. Handb Clin Neurol. 2013;111:183-95. doi: 10.1016/B978-0-444-52891-9.00018-X.

Ego A, Lidzba K, Brovedani P, Belmonti V, Gonzalez-Monge S, Boudia B, et al. Visual-perceptual impairment in children with cerebral palsy: A systematic review. Dev Med Child Neurol. 2015;57:46–51. doi: 10.1111/dmcn.12687.

Park MJ, Yoo YJ, Chung CY, Hwang JM. Ocular findings in patients with spastic type cerebral palsy. BMC Ophthalmol. 2016;16:1–6. doi:10.1186/s12886-016-0367-1

Saunders KJ, Little JA, Mcclelland JF, Jonathan Jackson A. Profile of refractive errors in cerebral palsy: Impact of severity of motor impairment (GMFCS) and CP subtype on refractive outcome. Investig Ophthalmol Vis Sci. 2010 51:2885–90.

Kozeis N, Panos GD, Zafeiriou DI, De Gottrau P, Gatzioufas Z. Comparative study of refractive errors, strabismus, microsaccades, and visual perception between preterm and full-term children with infantile cerebral palsy. J Child Neurol. 2015;30:972–5.

Lagunju I, Oluleye T. Ocular Abnormalities in Children With Cerebral Palsy. African J Med Heal Sci. 2007;36(1):71–5.

Sasmal N, Maiti P, Mandal R, Das D, Sarkar S, Sarkar P, et al. Ocular Manifestations in Children With Cerebral Palsy. J Indian Med Assoc. 2011;109:318-23.

Dufresne D, Dagenais L, Shevell MI. Spectrum of visual disorders in a population-based cerebral palsy cohort. Pediatr Neurol. 2014;50:324–8. doi.:10.1016/j.pediatrneurol.2013.11.022

Jacobson L, Rydberg A, Eliasson AC, Kits A, Flodmark O. Visual field function in school-aged children with spastic unilateral cerebral palsy related to different patterns of brain damage. Dev Med Child Neurol. 2010;52:2–5.

Jacobson L, Flodmark O, Martin L. Visual field defects in prematurely born patients with white matter damage of immaturity: A multiple-case study. Acta Ophthalmol Scand. 200684:357–62.

Mckillop E, Mbchb M, Dutton G. Impairment of vision in children due to damage to the brain:a practical approach. Br Ir Orthopt J. 2008;5:8-14.

Fonseca A. Neuroftalmologia Baseada na Evidência - “Neuropatias Ópticas Infecciosas.” . Lisboa: Sociedade Portuguesa de Oftalmologia; 2014.

Ego C, Orban de Xivry JJ, Nassogne MC, Yüksel D, Lefèvre P. Spontaneous improvement in oculomotor function of children with cerebral palsy. Res Dev Disabil. 2015;36:630–44.

Piña-Garza JE. Fenichel’s Clinical Pediatric Neurology.. 7th ed. Amsterdam: Elsevier; 2013.

Rafique SA, Northway N. Relationship of ocular accommodation and motor skills performance in developmental coordination disorder. Hum Mov Sci. 2015;42:1–14.

McClelland JF, Parkes J, Hill N, Jackson AJ, Saunders KJ. Accommodative dysfunction in children with cerebral palsy: A population-based study. Investig Ophthalmol Vis Sci. 2006;47:1824–30.

Avilés C, Páez JH, Rodríguez MT. Accommodation in children with cerebral palsy. J Am Assoc Pediatr Ophthalmol Strabismus. 2015;19:e35.

Pansell T, Hellgren K, Jacobson L, Brautaset R, Tedroff K. The accommodative process in children with cerebral palsy: Different strategies to obtain clear vision at short distance. Dev Med Child Neurol. 2014;56:171–7.

Ameri A, Mirmohammadsadeghi A, Makateb A, Bazvand F, Hosseini S. Clinical outcomes of botulinum toxin injection in patients with cerebral palsy and esotropia. Strabismus. 2015;23:8–13.

Jeon H, Jung JH, Yoon JA, Choi H. Strabismus Is Correlated with Gross Motor Function in Children with Spastic Cerebral Palsy. Curr Eye Res. 2019;44:1258–63.

Wainwright MS. Pediatric Neurologic Assessment and Monitoring. In: Zimmerman J, editor. Pediatric Critical Care. 5th ed. Amsterdam: Elsevier; 2011. p. 746–58.

Fazzi E, Signorini SG, La Piana R, Bertone C, Misefari W, Galli J, et al. Neuro-ophthalmological disorders in cerebral palsy: Ophthalmological, oculomotor, and visual aspects. Dev Med Child Neurol. 2012;54:730–6.

Ortibus EL, De Cock PP, Lagae LG. Visual perception in preterm children: What are we currently measuring? Pediatr Neurol; 2011;45:1–10.

Hellgren K, Jacobson L, Frumento P, Bolk J, Ådén U, Libertus ME, et al. Cerebral visual impairment captured with a structured history inventory in extremely preterm born children aged 6.5 years. J AAPOS. 2020 Feb 1;24(1):28.e1-28.e8.

Kozeis N, Anogeianaki A, Mitova DT, Anogianakis G, Mitov T, Klisarova A. Visual function and visual perception in cerebral palsied children. Ophthalmic Physiol Opt. 2007;27:44–53.

Duke R, Eyong K, Burton K, MacLeod D, Dutton GN, Gilbert C, et al. The effect of visual support strategies on the quality of life of children with cerebral palsy and cerebral visual impairment/perceptual visual dysfunction in Nigeria: Study protocol for a randomized controlled trial. Trials. 2019;20 :417. doi: 10.1186/s13063-019-3527-9.

Downloads

Publicado

2021-06-30

Como Citar

Pinheiro, R. L., Cortez, L., Paiva, C., & Neto Murta, J. (2021). Caracterização da População Seguida em Consultas de Oftalmologia na Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra. Revista Sociedade Portuguesa De Oftalmologia, 45(2), 71–77. https://doi.org/10.48560/rspo.23784

Edição

Secção

Artigos Originais