Tratamento de Corpos Estranhos Intra-Oculares no Segmento Posterior: Análise de 10 Anos de Vida Real
DOI:
https://doi.org/10.48560/rspo.25270Palavras-chave:
Corpos Estranhos no Olho/complicações, Endoftalmite, Ferimentos Oculares Penetrantes/complicações, VitrectomiaResumo
INTRODUÇÃO: Os traumatismos com corpos estranhos intraoculares (CEIO) podem ter complicações graves, como descolamento de retina e endoftalmite, que podem afetar muito o prognóstico visual. A vitrectomia via pars plana (VPP) é a técnica mais utilizada para remover CEIO do segmento posterior. O objetivo deste estudo foi avaliar os resultados do tratamento dos CEIO no segmento posterior num centro terciário de oftalmologia.
MÉTODOS: Incluíram-se os doentes com traumatismo ocular penetrante associado a CEIO retido no segmento posterior que foram submetidos a VPP para extração do CEIO entre 2010 e 2020. Os dados foram colhidos dos processos clínicos dos doentes.
RESULTADOS: Foram incluídos 38 doentes com idade média de 48,68 anos, 86,8% eram do sexo masculino. Foram à urgência no dia do acidente 59,5%, mas 16,2% demoraram 3 dias ou mais recorrer ao hospital. As complicações mais comuns ao exame inicial foram catarata traumática (52,6%), lesões retinianas (34,2%) e hifema (23,7%). Além disso, antes da extração do CEIO, 42,1% dos doentes desenvolveram endoftalmite. Foi administrado antibiótico sistémico a 84,2% dos doentes e 71,1% receberam antibióticos intravítreo. Comparando os 15,8% dos olhos que acabaram por desenvolver phthisis bulbi com os restantes, a única diferença estatisticamente significativa (p <0,01) foi o tempo entre o primeiro contato oftalmológico e a VPP, que foi superior no grupo com phthisis bulbi. O desenvolvimento de endoftalmite não teve relação com maior tempo para VPP, nem com o uso ou não de antibióticos intravítreos ou sistémicos.
CONCLUSÃO: A maioria de nossos doentes teve traumatismos em contexto agrícola, que geralmente dão origem a feridas mais sujas e CEIO provavelmente contaminados. Isto pode justificar a nossa taxa elevada de 42% de endoftalmites (que está, no entanto, dentro do descrito na literatura). Apesar dos avanços nos sistemas de visualização, equipamentos e materiais para cirurgia vitreorretiniana, o traumatismo penetrante com CEIO ainda apresenta um prognóstico muito mau em termos de função visual.
Downloads
Referências
Essex RW, Yi Q, Charles PG, Allen PJ. Post-traumatic endophthalmitis. Ophthalmology. 2004 ;111:2015-22. doi: 10.1016/j. ophtha.2003.09.041
Waheed NK, Young LH. Intraocular foreign body related endophthalmitis. Int Ophthalmol Clin. 2007;47:165-71. doi: 10.1097/IIO.0b013e31803778d2
Loporchio D, Mukkamala L, Gorukanti K, Zarbin M, Langer P, Bhagat N. Intraocular foreign bodies: A review. Surv Ophthalmol. 2016;61:582-96. doi: 10.1016/j.survophthal.2016.03.005
Fekih O, Touati M, Zgolli HM, Mabrouk S, Said OH, Zeghal I,et al. Corps étranger intraoculaire et endophtalmie: facteurs de risque et prise en charge. Pan Afr Med J. 2019;33:258. doi: 10.11604/pamj.2019.33.258.18554
Mester V, Kuhn F. Intraocular foreign bodies. Ophthalmol Clin North Am. 2002;15:235-42. doi: 10.1016/s0896-1549(02)00013-5
Yang CS, Hsieh MH, Hou TY. Predictive factors of visual outcome in posterior segment intraocular foreign body. J Chin Med Assoc. 2019;82:239-44. doi: 10.1097/JCMA.0000000000000021
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2022 Revista Sociedade Portuguesa de Oftalmologia
Este trabalho encontra-se publicado com a Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0.
Não se esqueça de fazer o download do ficheiro da Declaração de Responsabilidade Autoral e Autorização para Publicação e de Conflito de Interesses
O artigo apenas poderá ser submetido com esse dois documentos.
Para obter o ficheiro da Declaração de Responsabilidade Autoral, clique aqui
Para obter o ficheiro de Conflito de Interesses, clique aqui