Uso de Antituberculostáticos em Doentes com Doenças Inflamatórias Oculares num Centro Terciário de Oftalmologia em Portugal

Autores

  • Catarina Xavier Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa, Portugal
  • Diogo Maleita Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa, Portugal
  • Miguel Boncquet Vieira Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa, Portugal
  • Rita Anjos Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa, Portugal
  • Fernando Pinto Ferreira Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa, Portugal
  • Rita Pinto Proença Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.48560/rspo.25651

Palavras-chave:

Antituberculosos, Testes de Liberação de Interferon-gama, Teste Tuberculínico, Tuberculose Latente, Tuberculose Ocular

Resumo

Introdução: A tuberculose ocular (TBO) é uma forma rara de tuberculose (TB) extrapulmonar. O diagnóstico é normalmente presuntivo, com base em fatores epidemiológicos locais, fenótipo ocular e testes imunológicos concordantes: teste cutâneo de tuberculina (Mantoux), IGRA ou ambos. O objetivo deste estudo foi analisar os doentes tratados com antibacilares por TBO ou infeção tuberculosa latente (ITBL) na consulta de uveítes de um hospital terciário de referência.

Material e Métodos: Foram incluídos neste estudo os doentes observados entre 2015 e 2021 na consulta de uveítes e que foram tratados com antibacilares. Foram divididos em 2 grupo: o grupo de TBO e o grupo de ITBL. Os dados colhidos foram analisados com o SPSS statistics®.

Resultados: Foram incluídos 38 doentes com TBO com uma média de 53,39 anos de idade dos quais 21,1% eram imigrantes e 2,6% eram HIV+. Encontrou-se um teste IGRA positivo e/ou teste de Mantoux≥15 mm em 97,38%. A forma mais prevalente de TBO foi a panuveíte (36,8%), seguida da uveíte posterior (21,1%), uveíte anterior (13,2%), uveíte intermédia (13,2%), vasculite retiniana (7,9%), esclerite (5,3%) e episclerite (2,6%). Em 81,6% dos casos usou-se rifampicina (RIF), isoniazida (INH), etambutol e pirazinamida durante os primeiros 2 meses, seguido de INH + RIF. A duração média total do tratamento foi de 8,7 meses. O grupo de ITBL incluiu 16 doentes dos quais 18,8% eram imigrantes e nenhum era HIV+. Em 93,75% dos casos o diagnóstico foi baseado num IGRA positivo e/ou teste de Mantoux ≥15 mm. A maioria (93,75%) foi testada e tratada profilaticamente antes do início de imunossupressão.

Conclusão: A incidência de TB em Portugal continua a ser uma das mais elevadas da União Europeia. Os imigrantes representaram 24,6% dos casos em 2019, o que é semelhante à prevalência encontrada no nosso estudo. Por outro lado, 9% dos doentes com TB em 2019 eram HIV+, o que é mais alto do que o encontrado neste estudo. Quase todos os doentes com uveíte seguidos no serviço são testados para TB e o limiar para início de antibacilares é baixo, mas a testagem e tratamento da TB só devem ser consideradas no contexto de uma forte suspeita clínica.

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Publicado

2021-12-31

Como Citar

Xavier, C., Maleita, D., Boncquet Vieira, M., Anjos, R., Pinto Ferreira, F., & Pinto Proença, R. (2021). Uso de Antituberculostáticos em Doentes com Doenças Inflamatórias Oculares num Centro Terciário de Oftalmologia em Portugal. Revista Sociedade Portuguesa De Oftalmologia, 45(4), 195–201. https://doi.org/10.48560/rspo.25651

Edição

Secção

Artigos Originais