Associações Genéticas e Genetic Risk Score na Degenerescência Macular da Idade no Estudo Epidemiológico de Coimbra
DOI:
https://doi.org/10.48560/rspo.25959Palavras-chave:
Degenerescência Macular/epidemiologia, Degenerescência Macular/genética, Polimorfismo de Nucleotídeo ÚnicoResumo
Introdução: Vários single nucleotide polymorphisms (SNPs) foram já identificados em associação à degenerescência macular da idade (DMI). Variações no pool genético afetam a prevalência, incidência e risco de progressão da doença em diferentes populações. Este estudo tem como objetivo caracterizar as associações genéticas na DMI numa população portuguesa do estudo epidemiológico Coimbra Eye Study (CES,NCT01298674,NCT02748824) e determinar o genetic risk score (GRS).
Métodos: Os participantes foram submetidos a exame oftalmológico e imagiologia na visita inicial do CES e na dos 6,5 anos de seguimento. O estadiamento da DMI foi realizado num centro de leitura centralizado. Procedemos a duas análises genéticas: uma de caso-controlo e uma longitudinal de progressão para DMI. O DNA genómico foi isolado de amostras de sangue e o sequenciamento genético foi realizado usando o EYERISK-assay do European Eye Epidemiology Consortium (E3). Sessenta e nove SNPs foram genotipados e testados para associação com presença/ausência de DMI na coorte da visita final, e com progressores/não-progressores na análise longitudinal. Usámos regressão logística para avaliar a odds ratio alélica com IC a 95% para cada variante, ajustada ao sexo e idade. Os GRS foram calculados para casos/controlos e progressores/não-progressores.
Resultados: Na análise caso-controlo foram incluídas amostras de 237 doentes e 640 controlos. Os SNPs associados a risco aumentado de DMI foram: ARMS2 rs10490924,ARMS2/HTRA1 rs3750846,CFH rs35292876,SLC16A8 rs8135665,TGFBR1 rs1626340. Os SNPs com efeito protetor foram: CFH rs10922109,CFH rs1410996,C2 / CFB / SKIV2L rs429608,CETP rs5817082,CNN2 rs10422209,CFB rs641153 e RDBP_CFB rs760070. Na análise de progressão para DMI (630 não-progressores e 137 progressores), as variantes de risco identificadas foram: ARMS2 rs10490924,ARMS2/HTRA1 rs3750846,CFH rs35292876; e as variantes protetoras foram C2_CFB_SKIV2L rs429608,CFH rs10922109,CFH rs1410996,CNN2 rs10422209,CFHR5 rs10922153,SYN3/TIMP3 rs5754227, COL10A1 rs3812111. O GRS de casos e controlos foi 1,12±1,19 e 0,65±1,12 (p <0,001), e de progressores e não-progressores foi 1,19±1,18 and 0.67±1.14(p <0,001).
Conclusão: Este é o primeiro estudo genético na DMI numa população portuguesa. Vários SNPs foram identificados, sendo semelhantes aqueles associados à presença e à progressão para DMI, enquanto outros têm um efeito protetor. O GRS foi significativamente superior nos casos de DMI demonstrando o seu potencial na avaliação de risco. É importante caracterizar geneticamente diferentes populações para melhor compreensão da fisiopatologia da DMI.
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