Achados Moleculares e de Imagiologia Multimodal numa Amostra Multicêntrica de Doentes Portugueses com Doença de Stargardt

Autores

  • Sara Geada Departamento de Oftalmologia, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, EPE, Coimbra, Portugal
  • Cristina Santos Instituto de Oftalmologia Dr. Gama Pinto, Lisboa, Portugal
  • Sara Vaz-Pereira Departamento de Oftalmologia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, EPE - Hospital de Santa Maria, Lisboa, Portugal; Departmento de Oftalmologia, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal
  • Ana Marta Departamento de Oftalmologia, Centro Hospitalar e Universitário do Porto, EPE, Porto, Portugal; Instituto Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), Porto, Portugal
  • Marta Correia Departamento de Oftalmologia, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, EPE, Lisboa, Portugal
  • Keissy Sousa Departamento de Oftalmologia, Hospital de Braga, Braga, Portugal
  • Mário Soares Departamento de Oftalmologia, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, EPE, Coimbra, Portugal
  • Ana Luísa Carvalho Departamento de Genética Médica, Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, EPE, Coimbra, Portugal; Universidade Clínica de Genética, Faculdade de Medicina,, Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal; Centro Académico Clínico de Coimbra, Coimbra, Portugal
  • Jorge Saraiva Departamento de Genética Médica, Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, EPE, Coimbra, Portugal; Universidade Clínica de Genética, Faculdade de Medicina,, Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal; Centro Académico Clínico de Coimbra, Coimbra, Portugal
  • Joaquim Murta Departamento de Oftalmologia, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, EPE, Coimbra, Portugal; Universidade Clínica de Oftalmologia, Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra (FMUC), Coimbra, Portugal; Centro Académico Clínico de Coimbra, Coimbra, Portugal
  • Rufino Silva Departamento de Oftalmologia, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, EPE, Coimbra, Portugal; Universidade Clínica de Oftalmologia, Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra (FMUC), Coimbra, Portugal; Centro Académico Clínico de Coimbra, Coimbra, Portugal
  • Luísa Coutinho Santos Instituto de Oftalmologia Dr. Gama Pinto, Lisboa, Portugal
  • João Pedro Marques Departamento de Oftalmologia, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, EPE, Coimbra, Portugal; Universidade Clínica de Oftalmologia, Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra (FMUC), Coimbra, Portugal; Centro Académico Clínico de Coimbra, Coimbra, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.48560/rspo.25968

Palavras-chave:

Distrofias da Retina, Doença de Stargardt, Estudo Genético, Genótipo, Fenótipo

Resumo

Introdução

O nosso objetivo foi caracterizar os achados moleculares e de imagiologia multimodal numa população portuguesa com doença de Stargardt (STGD1).

 

Métodos

Estudo transversal, multicêntrico que incluiu doentes consecutivos com diagnóstico clínico de STGD1, provenientes de seis centros nacionais. Todos os doentes foram submetidos a um exame oftalmológico completo complementado por imagiologia multimodal - retinografia, autofluorescência do fundo (FAF), tomografia de coerência ótica (SD-OCT) e, quando disponível, angiografia por OCT (OCTA). Indivíduos com confirmação molecular, definida pela presença de mutações bialélicas classe IV ou V, foram divididos em 3 grupos de acordo com a gravidade do respetivo genótipo.

 

Resultados

Foram incluídos 122 olhos de 61 doentes, 54 dos quais sem relação de parentesco. A idade média de início (AO) e a duração média da doença foram 16,64±12,87 e 20,04±15,21 anos, respetivamente. O diagnóstico molecular foi obtido para 26/38 famílias com estudo genético disponível (rendimento diagnóstico 68,42%), sendo a variante missense c.1804C> T (p.Arg602Trp) a mais prevalente (8/26). O grupo de genótipo menos grave (Grupo C) foi o mais frequente (14/26), com uma média de AO ligeiramente superior aos grupos A e B, embora não estatisticamente significativa. Na retinografia, o padrão mais frequente foi o de atrofia central com manchas amareladas maculares e/ou periféricas (56 olhos). Na FAF, 21,05% dos olhos apresentaram hipoAF central num fundo homogéneo (padrão 1), com os restantes distribuindo-se equitativamente pelos padrões 2 (focos de hipo/hiperAF e hipoAF central distribuídos por um fundo heterogéneo) e 3 (áreas múltiplas de hipoAF num fundo heterogéneo). Uma pior acuidade visual correlacionou-se com padrões avançados na retinografia e FAF (p<0,001 para ambos), espessura macular central reduzida (p=0,017), maior zona avascular da fóvea (p<0,001), menor densidade vascular do plexos capilares superficial (p<0,001) e profundo (p=0,017) e maior área de atrofia coriocapilar (p=0,007).

 

Conclusão

Este estudo descreve o espetro fenotípico e genotípico de uma coorte portuguesa multicêntrica com STGD1. As características qualitativas e quantitativas dos exames de imagem analisados apresentaram forte correlação com a acuidade visual e progressão da doença, podendo representar importantes meios de análise de resultados na avaliação de novos alvos terapêuticos. 

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Publicado

2022-04-10

Como Citar

Geada, S., Santos, C., Vaz-Pereira, S., Marta, A., Correia, M. ., Sousa, K., Soares, M., Carvalho, A. L., Saraiva, J., Murta, J., Silva, R., Coutinho Santos, L., & Marques, J. P. (2022). Achados Moleculares e de Imagiologia Multimodal numa Amostra Multicêntrica de Doentes Portugueses com Doença de Stargardt. Revista Sociedade Portuguesa De Oftalmologia, 46(1), 15–24. https://doi.org/10.48560/rspo.25968

Edição

Secção

Artigos Originais