Incidência e Preditores de Retinopatia da Radiação Após Braquiterapia em Placa com I125 para o Tratamento do Melanoma da Coróide

Autores

  • Emmanuel Neves Department of Ophthalmology, Coimbra University and Hospital Centre, Coimbra, Portugal https://orcid.org/0000-0002-2988-3308
  • João Chaves Department of Ophthalmology, Coimbra University and Hospital Centre, Coimbra, Portugal
  • Cristina Fonseca Department of Ophthalmology, Coimbra University and Hospital Centre, Coimbra, Portugal; Ocular Oncology Unit, Coimbra University and Hospital Centre, Coimbra, Portugal; Faculty of Medicine of the University of Coimbra, Coimbra, Portugal https://orcid.org/0000-0001-8039-9418
  • Rui Proença Department of Ophthalmology, Coimbra University and Hospital Centre, Coimbra, Portugal; Ocular Oncology Unit, Coimbra University and Hospital Centre, Coimbra, Portugal; Faculty of Medicine of the University of Coimbra, Coimbra, Portugal https://orcid.org/0000-0003-3459-8664

DOI:

https://doi.org/10.48560/rspo.25970

Palavras-chave:

Braquiterapia/efeitos adversos, Neoplasias da Coroide/radioterapia, Melanoma/radioterapia, Radioisótopos do Iodo/efeitos adversos, Retina/efeitos da radiação

Resumo

INTRODUÇÃO: A braquiterapia episcleral é uma opção terapêutica estabelecida no tratamento de melanomas da coroideia. Uma complicação conhecida da braquiterapia, a retinopatia da radiação (RR) é parcialmente responsável pela perda de visão após o tratamento. O nosso objetivo é apresentar o primeiro relato da incidência e respetivos fatores preditores de RR após tratamento do melanoma da coroideia no Centro de Referência em Onco-Oftalmologia.

MÉTODOS: Série retrospetiva de casos de melanoma da coroideia submetidos a tratamen- to com braquiterapia episcleral com I125 no Centro de Referência de Onco-Oftalmologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), entre 2013-2021. Foram recolhidas variáveis demográficas, relativas ao tumor e ao protocolo de tratamento. Os desfechos primários foram definidos como a incidência cumulativa e taxa de incidência de RR. Os desfechos secundários foram definidos como os preditores de RR obtidos através de regressão logística multivariada. As variáveis selecionadas para a construção do modelo final multivariado foram selecionadas por via de regressão logística univariada, com base no seu potencial interesse clínico-patológico e/ou um valor de p<0,15. Com base nestas variáveis, foi construído um modelo multivariado stepwise, no qual foram incluídas variáveis com interesse clínico-patológico e/ou um valor de p<0,05.

RESULTADOS: Foram incluídos 150 olhos de 150 doentes, com idade média de 61,1±13,3 anos e um tempo mediano de seguimento de 33,5 meses (15-52). A taxa de incidência de RR foi 2,14/100 pessoas-ano e a incidência cumulativa de RR foi de 44,7% (67/150). O tempo mediano para o desenvolvimento de RR foi de 13 (7-18) meses. O modelo multivariado revelou uma maior probabilidade de RR na presença de maior espessura inicial do tumor (OR 1,9; 1,17-1,65; p<0,01) e menor probabilidade de RR com localização tumoral anterior ao equador (OR 0,32; 0,11-0,95; p=0,04). O mesmo modelo multivariado revelou uma tendência para menor probabilidade de RR com o aumento da idade do doente (OR 0,97; 0,95-1,00; p=0,07).

CONCLUSÃO: A incidência de RR na população deste estudo é concordante com os resul- tados de ensaios clínicos em braquiterapia episcleral. A maior espessura tumoral associou-se a maior probabilidade de RR, enquanto a localização anterior ao equador pareceu protetora quanto ao desenvolvimento de RR. Da mesma forma, a idade avançada do doente apresentou uma tendência, ainda que não significativa, para menor desenvolvimento de RR.

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Publicado

2023-03-28

Como Citar

Neves, E., Chaves, J. ., Fonseca, C., & Proença, R. (2023). Incidência e Preditores de Retinopatia da Radiação Após Braquiterapia em Placa com I125 para o Tratamento do Melanoma da Coróide. Revista Sociedade Portuguesa De Oftalmologia, 47(1), 49–55. https://doi.org/10.48560/rspo.25970

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Secção

Artigos Originais