Efeitos Precoces do Switch para Brolucizumab na Degenerescência Macular Ligada à Idade: Experiência de um Hospital Terciário Português

Autores

  • Marta Correia Hospital de Egas Moniz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Lisboa, Portugal https://orcid.org/0000-0002-6322-8825
  • Margarida Baptista Hospital de Egas Moniz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Lisboa, Portugal https://orcid.org/0000-0001-8858-0043
  • Miguel Cordeiro Hospital de Egas Moniz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Lisboa, Portugal
  • Maria Picoto Hospital de Egas Moniz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Lisboa, Portugal
  • Fernanda Vaz Hospital de Egas Moniz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Lisboa, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.48560/rspo.28282

Palavras-chave:

Brolucizumab, Degenerescência Macular/tratamento farmacológico, Degenerescência Macular Exsudativa/tratamento farmacológico

Resumo

INTRODUÇÃO: A degenerescência macular ligada à idade (DMI) é a principal causa de cegueira nos países desenvolvidos. O uso de agentes anti-vascular endothelial growth factor (VEGF) revolucionou o tratamento da DMI exsudativa, apesar dos importantes encargos para os doentes e sistemas de saúde. O brolucizumab, um novo anti-VEGF, teve em dois ensaios clínicos comprovada a sua eficácia funcional e anatómica. Apesar de um perfil de segurança comparável ao aflibercept, a taxa de inflamação intraocular foi consideravelmente superior. Poucos estudos reportam os resultados do brolucizumab em doentes previamente tratados com outros agentes anti-VEGF e com fraca resposta a esta terapêutica. Neste estudo pretendemos avaliar os resultados clínicos, anatómicos e de segurança do uso de brolucizumab nestes doentes.
MÉTODOS: Estudo observacional e retrospectivo em doentes a receber tratamento com injeções intravítreas de anti-VEGF por DMI neovascular, sem resposta ao tratamento ou com presença persistente de fluído intra- e/ou subretiniano apesar de intervalos entre injeções de 6 semanas ou inferior. Estes doentes fizeram o switch para brolucizumab entre Janeiro e Agosto de 2022. A avaliação e comparação incluía dados funcionais (melhor acuidade visual corrigida [MAVC], pressão intraocular [PIO]) e estruturais (espessura foveal central [EFC], presença de fluído intra- e/ou subretiniano e/ou descolamento do epitélio pigmentar) basais e após 8 a 12 semanas da primeira injeção de brolucizumab. Foi reportada a presença de qualquer efeito adverso. A análise estatística foi realizada utilizando a versão 28 do SPSS. Valores de p < 0,05 foram considerados significativos.
RESULTADOS: Treze olhos de 12 doentes, com idade média de 77,4 ± 11,6 anos e 41,7% do sexo feminino, realizaram o switch para brolucizumab no período mencionado, recebendo uma média de 1,77 ± 0,8 injeções. Previamente, tinham sido seguidos por uma média de 43,1 ± 25,6 meses e tratados com uma mediana de 23 ± 31 injeções de outros anti-VEGF. Após a altera- ção para brolucizumab foi observada uma mudança significativa no intervalo de tratamento (p = 0,008). Observou-se uma melhoria significativa na MAVC de -0,17 ± 0,19 logMAR (95% IC: -0,278; -0,053; p = 0,007), assim como uma redução na EFC de -43,38 ± 57,70 μm (95% IC: -78,25; -8,52; p = 0,019). A redução de fluído subretiniano também demonstrou ser significativa (p = 0,031), mas não se registaram alterações no fluído intrarretiniano ou descolamento do epitélio pigmentar. Não se registaram efeitos adversos.
CONCLUSÃO: Os nossos resultados do uso de brolucizumab equiparam-se à literatura tanto em doentes previamente tratados como não. A melhoria nos resultados funcionais e estruturais, assim como a extensão do intervalo entre injeções demonstra que esta molécula é uma arma promissora no tratamento da DMI neovascular, permitindo reduzir o encargo de injeções intravítreas repetidas. Apesar de no nosso grupo não terem sido registados casos de inflamação intraocular é vital uma adequada seleção de doentes, o seu seguimento cuidadoso e educar os doentes para os seus principais sinais de alarme.

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Publicado

2023-12-29

Como Citar

Correia, M., Baptista, M., Cordeiro, M., Picoto, M., & Vaz, F. (2023). Efeitos Precoces do Switch para Brolucizumab na Degenerescência Macular Ligada à Idade: Experiência de um Hospital Terciário Português. Revista Sociedade Portuguesa De Oftalmologia, 47(4), 258–264. https://doi.org/10.48560/rspo.28282

Edição

Secção

Artigos Originais