Expondo a Grande Imitadora: Cinco Casos Consecutivos de Sífilis Ocular com Apresentações Clínicas Heterogéneas

Autores

  • Renato Correia Barbosa Hospital Pedro Hispano https://orcid.org/0000-0002-5780-0450
  • Susana Ramos Oliveira Serviço de Infecciologia, Hospital Pedro Hispano, Unidade Local de Saúde de Matosinhos, Matosinhos, Portugal https://orcid.org/
  • Maria João Gonçalves Serviço de Infecciologia, Hospital Pedro Hispano, Unidade Local de Saúde de Matosinhos, Matosinhos, Portugal
  • Ágata Mota Serviço de Oftalmologia, Hospital Pedro Hispano, Unidade Local de Saúde de Matosinhos, Matosinhos, Portugal
  • Rita Basto Serviço de Oftalmologia, Hospital Pedro Hispano, Unidade Local de Saúde de Matosinhos, Matosinhos, Portugal
  • Ana Rita Viana Serviço de Oftalmologia - Hospital Pedro Hispano - ULSM
  • Alexandre Silva Serviço de Oftalmologia, Hospital Pedro Hispano, Unidade Local de Saúde de Matosinhos, Matosinhos, Portugal
  • Rita Gonçalves Serviço de Oftalmologia, Hospital Pedro Hispano, Unidade Local de Saúde de Matosinhos, Matosinhos, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.48560/rspo.28783

Palavras-chave:

Infecções Oculares Bacterianas/diagnóstico, Sífilis/diagnóstico, Uveíte/diagnóstico

Resumo

INTRODUÇÃO: A sífilis ocular tem uma apresentação clínica altamente heterogénea, que se pode sobrepor à de muitas outras etiologias. O seu diagnóstico requer um alto índice de suspeição. As manifestações oftalmológicas podem afetar praticamente todas as regiões anatómicas do olho, tanto no segmento anterior como no posterior. A uveíte é a apresentação oftalmológica mais frequente, e o timing do aparecimento é variável e imprevisível. O objectivo deste trabalho foi descrever 5 casos consecutivos de inflamação ocular, com manifestações heterogéneas, eventualmente diagnosticados como sífilis ocular.
MÉTODOS: Série de casos consecutivos, incluindo 5 doentes diagnosticados com sífilis ocular e tratados no Hospital Pedro Hispano – Unidade Local de Saúde de Matosinhos, no ano de 2022. A abordagem dos doentes envolveu os Serviços de Oftalmologia e Infecciologia. Todos os doentes foram internados para cumprir o tratamento sistémico.
RESULTADOS: O caso 1 relata um homem de 29 anos com iridociclite bilateral não granulomatosa. O caso 2 corresponde a uma papilite bilateral assimétrica. O caso 3 consiste numa panuveíte unilateral com vitrite densa, num doente com co-infeção por VIH. O caso 4 descreve uma neurorretinite bilateral assimétrica. O caso 5 representa uma iridociclite granulomatosa numa doente com uma catarata brunescente, inicialmente diagnosticado como uma lens-induced uveitis.
CONCLUSÃO: A uveíte sifilítica pode surgir em qualquer fase da doença sistémica. É necessária uma elevada suspeita clínica, que deve levar a que este diagnóstico seja considerado em casos de inflamação ocular inexplicada. A co-infeção por VIH é comum, e resulta numa doença mais grave e com pior prognóstico. Acuidades visuais inicialmente baixas estão relacionadas com resultados visuais a longo prazo desfavoráveis. O tratamento sistémico deve ser iniciado prontamente quando há suspeita da infecção. Uma anamnese detalhada e um exame físico sistémico são ferramentas essenciais para guiar o diagnóstico.

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Publicado

2023-12-29

Como Citar

Barbosa, R. C., Ramos Oliveira, S., Gonçalves, M. J., Mota, Ágata, Basto, R., Viana, A. R., Silva, A., & Gonçalves, R. (2023). Expondo a Grande Imitadora: Cinco Casos Consecutivos de Sífilis Ocular com Apresentações Clínicas Heterogéneas. Revista Sociedade Portuguesa De Oftalmologia, 47(4), 285–293. https://doi.org/10.48560/rspo.28783

Edição

Secção

Casos Clínicos