Experiência Clínica e Perfil de Segurança das Injeções Intravítreas num Hospital Terciário
DOI:
https://doi.org/10.48560/rspo.33167Palavras-chave:
Infeções Oculares, Injeções IntravítreasResumo
INTRODUÇÃO: O nosso objetivo foi avaliar a experiência real e o perfil de segurança das injeções intravítreas (IVI) de anti-vascular endothelial growth factor (anti-VEGF) e/ou corticosteroides para diferentes condições oftalmológicas.MÉTODOS: Estudo retrospetivo e observacional, que incluiu os olhos submetidos a IVI durante o primeiro semestre de 2022. As indicações clínicas, a classe de medicamento administrado e a taxa de adesão terapêutica foram avaliadas. Questões de segurança e complicações cirúrgicas foram analisadas durante o follow-up de janeiro a dezembro de 2022.
RESULTADOS: Foram avaliadas 3491 IVI realizadas em 1281 olhos (de 1024 pacientes). As indicações mais comuns foram neovascularização macular (NVM) (35,1%, n=450) e edema macular diabético (EMD) (34,6%, n=433), seguidos de oclusão venosa retiniana (OVR) (16,4%, n=208), retinopatia diabética proliferativa (7,3%, n=94) e edema inflamatório (4,8%, n=62). Obteve-se uma taxa de adesão terapêutica de 90,7% (n=3491 IVI realizadas): considerando as consultas perdidas, os pacientes com EMD contribuíram com 43,1% das consultas perdidas, seguidos de MNV (30,5%) e RVO (16,1%). O medicamento anti-VEGF mais frequentemente injetado foi aflibercept (39,1%, n=501), seguido de bevacizumab (25,8%, n=330), ranibizumab (21,8%, n=279) e brolucizumab (5,4%, n=69). Entre os corticosteroides, o implante de dexametasona (5,9%, n=76) foi o mais utilizado, seguido do acetonido de triancinolona (1,6%, n=21) e do implante de fluocinolona (0,4%, n=5). A frequência de switch foi de 9,8%. Em 40,5% dos casos de troca, o brolucizumab foi a escolha para tratamento subsequente, seguido pelo aflibercept (31,7%) e ranibizumab (10,3%). Durante o follow-up, ocorreram complicações em 100 olhos (taxa global de 2,86%): n=89 (taxa de 2,53%) hipertensão ocular necessitando de terapia adicional ou cirurgia; n=2 (taxa de 0,06%) uveíte após aflibercept; n=2 (taxa de 0,06%) descolamento de retina, n=2 (taxa de 0,06%) vasculite após brolucizumab e n=2 (taxa de 0,06%) catarata após IVI; n=1 (taxa de 0,03%) endoftalmite, n=1 (taxa de 0,03%) hemorragia vítrea e n=1 (taxa de 0,03%) implante de dexametasona na câmara anterior.
CONCLUSÃO: Os eventos adversos oculares associados às IVI foram relativamente baixos e refletem a segurança destes tratamentos. No agendamento da IVI, alguns fatores devem ser levados em consideração para garantir os melhores resultados possíveis e altas taxas de adesão terapêutica.
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