Melanoma da Úvea em Portugal: Tendências de Incidência e Análise Geográfica
DOI:
https://doi.org/10.48560/rspo.33228Palavras-chave:
Incidência, Melanoma/epidemiologia, Neoplasias da Úvea/epidemiologia, PortugalResumo
INTRODUÇÃO: O melanoma da úvea (MU) é a malignidade intraocular mais comum nos adultos. Apesar do sucesso nos tratamentos locais, a sobrevida a longo prazo continua a ser um desafio e o diagnóstico precoce crucial. A compreensão das disparidades geográficas pode influenciar a vigilância da doença e o prognóstico. Este estudo tem como objetivo reportar as tendências nacionais e geográficas de incidência do MU em Portugal.MÉTODOS: Estudo prospetivo, observacional, realizado no Centro de Referência Nacional de MU entre Julho 2013 e Dezembro 2022. Taxas brutas de incidência e padronizadas para a idade foram calculadas, bem como a sobrevivência global (OS) e a sobrevida livre de doença (DSS). A análise COX avaliou o impacto das características tumorais e demográficas na sobrevivência.
RESULTADOS: Um total de 316 doentes foram incluídos. A idade média ao diagnóstico foi de 61,8±14,2 anos. A Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo foi a maior responsável pela referenciação (n=119, 37,7%). A taxa de incidência ajustada para a idade em Portugal foi de 2.4 casos por milhão de pessoas (95% CI: 2,1-2,8). As taxas brutas de incidência foram mais elevadas nos distritos litorais do centro (5,4 por milhão em Aveiro (95% CI: 3,3-7,5)) comparativamente aos distritos do sul (1,0 por milhão em Faro (95% CI: 0,2-1,7)). A análise geográfica demonstrou incidência mais elevada na ARS do Centro (4,0 por milhão). A sobrevivência cumulativa aos 5 anos foi de 84,6% (95% CI: 78,7-91,1). Não houve diferença estatística na OS (p=0,74) ou DSS (p=0,83) entre ARS. A análise de Cox revelou que a dimensão basal do tumor está significativamente associada a menor sobrevida (HR=1,33, p<0,001).
CONCLUSÃO: Este é o primeiro estudo a reportar a incidência nacional e geográfica de MU em Portugal. A incidência padronizada para a idade não revelou predileção de sexo e foi inferior comparativamente aos países da Europa do Norte. As taxas brutas de incidência foram superiores na costa central de Portugal, mas não houve diferença significativa na OS ou DSS entre ARS ou distritos. O diâmetro basal tumoral foi o único preditor da sobrevivência de MU para a população desta análise.
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